Os dias foram passando,Krist tirou os pontos da testa,eu voltei a ter alguns pesadelos envolvendo a morte de minha mãe,Kurt e Izzy continuaram no amor,e infelizmente,nossa viagem estava chegando ao fim. Saímos da mansão de Enzo e visitamos muitos lugares de Barcelona,Sevilha e Madrid,mas,após turistar por todos esses lugares,voltamos para a mansão de Enzo em Ibiza para passar os últimos dias.
Aquela era nossa última noite na Europa. No dia seguinte pegaríamos o avião de volta para a nossa realidade,em Seattle. Como despedida,Enzo teve a ideia de fazer uma enorme festa em sua enorme casa. Tinham várias pessoas,amigos e conhecidos dele espalhados pela casa naquela linda noite de verão europeu. A lua estava brilhante no céu e o punk rock percorria cada canto da casa,envolvendo todos que estavam ali.
Todos os meus amigos e eu estávamos conversando próximo a piscina,cada um segurando sua latinha de cerveja.
- Então,gente! - Kurt chamou nossa atenção. - Sabiam que a Izzy toca baixo? - Perguntou,a abraçando por trás.
- É sério? - Nina perguntou,animada.
- Sim. - Izzy sorriu. - Eu não comentei porque é só um hobby,nada demais. - Deu de ombros.
- Cara,você podia ter tocado com a gente no show naquela boate. - Disse Dave,ande de tragar seu cigarro.
- Poderia... Mas sei que terei outras oportunidades. - Ela piscou.
- Bom,já que é o momento de revelação,aqui vou eu. - Nina deu um longo gole em sua cerveja antes de deixá-la nas mãos de Krist. - Eu toco bateria. Bom,não sei se posso dizer que toco porque tem muito tempo que eu não pego em baquetas mas... Eu sei!
- Puta que pariu,uma baterista! - Dave gritou,levando as mãos a cabeça. - Nina,eu te amo! - Correu para abraçá-la.
- Nina,você nunca me contou isso! - Me pronunciei.
- Bom,como eu disse,tem séculos que eu não toco,então com a correria do dia a dia acabei deixando para lá. - Respondeu assim que Dave a soltou.
- Tô achando que a Maria também tem uma revelação a fazer. - Krist me olhou com expectativas,fazendo todos ali me olharem ansiosos.
Sim,eu tinha um hobby,mas ele estava aposentado desde a morte de minha mãe. Acontece que minha mãe era filha de um cantor de blues e passou a maior parte de sua infância e adolescência cantando e tocando instrumentos. Infelizmente,ela não seguiu na carreira musical,mas passou seu amor e seu conhecimentos musicais para mim. Portanto,eu cantava. Minha mãe me dava aulas de canto e minha voz passou a desenvolver com o tempo. Nós duas costumávamos ficar o dia inteiro cantando juntas e eu amava aquilo,era o momento em que nossas almas se encontravam. Música era minha vida,mas desde a morte dela eu evitava soltar a voz.
- Bom,eu tenho uma revelação. - Soltei o ar do pulmão e mordi o lábio inferior. - Eu canto. - Sorri olhando para todos eles.
- Não brinca comigo. - Dave franziu o cenho,jogando seu cigarro no chão. - Não me mate do coração. - Colocou a mão do lado esquerdo do peito.
- Canta. Agora! - Kurt arqueou as sobrancelhas.
Eu não sabia o que sentiria,mas decidi cantar. E eu cantaria uma das músicas favoritas de minha mãe: "Livin' on a Prayer".
- Woah, we're half way there,woah, livin' on a prayer. Take my hand, we'll make it I swear,woah, livin' on a prayer. - Enquanto eu cantava cada palavra,fechava os olhos e tentava colocar o máximo possível de sentimentos ali. Assim que terminei de dar aquela palinha,abri os olhos e pude ver o cigarro caindo da boca de Nina,de tanto espanto. Todos ali estavam com aquela clássica expressão de surpresa.
- Caralho! - Kurt estava boquiaberto. - Tu tava cantando Bon Jovi,mas parece uma versão feminina do Chris Cornell,tu canta pra caralho!
- Puta! - Nina se aproximou. - Por que você nunca abriu a boca para nos abençoar? - Segurou minhas mãos.
- Gente,eu cantava com a minha mãe,mas vocês sabem...
- A morte dela te afetou tanto que você não conseguia cantar! - Izzy completou. - Nós entendemos.
- Isso. - Respirei fundo e olhei para Dave. Ele ainda estava no mesmo lugar,parado,me olhando. - Dave!
- Cara,você existe? - Ele se aproximou e segurou meu rosto com as mãos. - Sério,você não pode ser real! - Olhou em meus olhos,me fazendo sorrir.
- Eu sou real sim. - Dei uma risadinha.
- Cada dia que passa eu me surpreendo mais contigo! - Ele sorriu,antes de selar nossos lábios.
- Ô,casal melação! - Krist nos chamou. - Que tal essas louquinhas aí tocarem na festa? Kurt pode tocar guitarra. - Sugeriu,e Cobain assentiu.
- Eu vou falar com o Enzo agora! - Nina correu,indo em direção a casa.
30 minutos depois...
Enzo era um cara importante e em pouquíssimo tempo arrumou guitarras,baixos,bateria,microfones e tudo o que fosse preciso para nós fazermos um show. Ele,os meninos e alguns caras que estavam na festa montaram tudo nos arredores da piscina. Nina achou alguns pisca-piscas na casa e tratou de colocar ao redor dos instrumentos,deixando tudo mais brilhante e reluzente.
Nina sentou na bateria,Izzy segurou seu baixo,Krist e Kurt pegaram as guitarras,Dave e eu pegamos os microfones. Ele seria o backing vocal.
- Pessoal, - Dave gritou,fazendo as atenções se virarem para nós - hoje não estamos aqui como Nirvana,e sim como padrinhos dessas três mulheres maravilhosas,com talentos incríveis e que vão fazer a benção de cantar para nós.
As pessoas ali aplaudiram e todos nós fomos para perto da Nina.
- Que música? - Dave perguntou.
- Podemos começar com Crazy Train! - Sugeri.
- Claro! - Kurt concordou.
- Okay,vamos lá! - Nina bateu suas baquetas três vezes e aí a festa começou de verdade.
Não há palavras para descrever como foi ficar uma hora tocando com todos eles. Tinha sido incrível dividir o microfone com Dave,sentir a interação através da música com todos ali,eu tinha amado. Tocamos vários clássicos dos anos setenta e oitenta,jogamos muito nossos cabelos... Eu cantei como nunca tinha cantado em minha vida e aquilo tinha sido revigorante,eu estava muito feliz. E suada,mas não estava ligando para isso. Quando nosso show terminou,cada um saiu por um canto para pegar cervejas. Dave me arrastou para dentro de casa,mais especificamente para a cozinha.
- Caralho,foi foda demais tocar todo mundo junto. - Ele falou,animado,enquanto pegava duas cervejas na geladeira e a fechava com o pé.
- Nossa,foi foda mesmo! Eu nunca imaginei que seria assim. - Sorri,pegando uma das cervejas de sua mão.
- Você canta muito. - Ele escorou na enorme geladeira e deu um gole em sua cerveja,mas sem tirar os olhos de mim.
- Bom,eu canto. - Suspirei,satisfeita por ter mostrado meu talento.
- Todos os dias,antes de dormir,vou querer que você cante uma canção de ninar para fazer o bebê aqui dormir. - Apontou para si mesmo,tirando algumas gargalhadas de mim.
- Eu posso cantar de vez em quando só. - Respondi,enquanto afastava alguns fios de cabelo que estavam encostando em meu pescoço. - Se quiser todos os dias,vai ter que me pagar. - Sorri,dando um gole na cerveja.
- Eu posso te pagar de várias maneiras. - Sorriu malicioso,colocando sua mão livre em minha cintura,me puxando para perto.
- Você tá parecendo a Nina falando assim! - Coloquei minha mão em sua nuca,dando algumas risadas de meu próprio comentário. - Isso me lembrou como ela foi safada quando conheceu vocês,no dia que quebraram o retrovisor do carro dela.
- Ah,é verdade! - Ele arqueou as sobrancelhas. - Aquele dia foi engraçado. - Deu uma risadinha.
- Foi mesmo! Eu me lembro que fiquei pensando "Senhor,essa Nina é uma safada!". - Gargalhei.
- Ah,eu sei bem como ela é safada! - Dave falou alto,gargalhando em seguida. Por algum motivo aquele comentário pareceu estranho para mim.
- Como assim? - Separei bruscamente nossos corpos,confusa com aquele comentário.
- Ah... É, - ele começou a gaguejar,coçando a cabeça,parecendo muito nervoso - eu sei que ela já transou com um monte de famosos e já até conversei com alguns deles,tipo os caras do Alice,então sei! - Concluiu,olhando para os lados.
- Dave,isso tá muito estranho. - Franzi o cenho,eu estava com uma pulga atrás da orelha. Comecei a andar pela cozinha com a mão na testa,pensando sobre aquilo. - Com quem ela já transou? Que você saiba? - Parei em sua frente,com os braços cruzados.
- Ah, - ele olhou para os lados,evitando contato visual comigo - com alguns do Pearl Jam,Soundgarden,Alice In Chains... E o Krist.
Eu não estava convencida,eu estava desconfiando de algo e precisava tirar minhas dúvidas.
- David,você já transou com a Nina? - Olhei seu rosto seriamente,mas ele não me olhava. - Olha pra mim,porra! - Peguei seu rosto com força e o fiz olhar para mim. - David Grohl,você já transou com a Nina?
Nesse momento,o barulho alto das músicas foi silenciado,não podia ouvir nada a não ser a respiração descompassada de Dave.
- Sim. - Ele respondeu,olhando em meus olhos. - Mas foi no dia que nos conhece...
Não o deixei terminar,apenas dei as costas muito puta da vida e fui marchando até a escada.
- Mari,calma! - Dave segurou meu braço,me virando de frente para ele. - Isso foi na noite que nós todos nos conhece...
- Foda-se! - Dei um tapa em seu rosto,que o fez soltar meu braço. - Vocês são as duas pessoas mais importantes para mim,que eu confiava de olhos fechados e depois de meses eu descubro uma merda dessas! - Berrei. - E vocês não iam me contar! Você só falou porque já esta mamado e não pensou antes de falar! - Coloquei minhas mãos em seu peito e o empurrei. - Vai se foder,seu filho da puta!
Deixei Dave ali e corri para o segundo andar,atrás de Nina,eu ia certar as coisas com ela. Primeiro fui em meu quarto,mas nada dela,então eu corri para o quarto de Krist,lá com certeza ela estaria. Coloquei minha mão na maçaneta e respirei fundo. Meu coração batia forte no peito e eu tremia de tanta adrenalina percorrendo meu corpo. Abri a porta e pude ver ela e Krist se vestindo,não pensei duas vezes em voar em cima dela.
- Sua puta,falsa do caralho! - Gritei,agarrando seus cabelos e a derrubando no chão.
- Mariah,tá maluca? - Ela gritou,assustada,tentando segurar meus braços. - Para com isso,por favor...
- Você é uma piranha! - Berrei puxando seus cabelos com a maior força que eu tinha. - Eu confiava em você,sua desgraçada! - Nesse instante senti mãos enormes me pegando pela cintura.
- Mari,o que houve? - Krist me puxou de cima dela,totalmente perdido.
No mesmo instante Dave entrou correndo no quarto,dando de cara com uma Nina desolada no chão.
- Mariah,por que você tá fazendo isso? Vocês são melhores amigas! - Krist falou,me olhando se entender nada.
Olhei fixamente para Dave e Nina e depois fitei Krist.
- Krist,meu amor,você não sabe o que eu descobri hoje. - Comecei,sentindo meus olhos emanarem ódio. - David Grohl e Marina Barbieri já transaram e esconderam de nós esse tempo todo! - Gritei,sentindo vontade de rasgar a cara dos dois.
- Como? - Krist deu uma risadinha,claramente perdido. - Como assim,Mariah,do que você está falando? - Ele passou as mãos pelo rosto,fitando Nina e Dave que estavam com cara de puta arrependida.
- Anda! Falem! - Gritei,sentindo meus olhos lacrimejarem. - Conta para ele! Anda,David! Anda,Marina! Você não é mulher o suficiente para foder com quatro ao mesmo tempo e ainda dar o cu?! Por que não conta para o otário do Krist o que aconteceu!
Nina levantou do chão e limpou algumas lágrimas que escorriam de seu rosto.
- Nina, que historia é essa?! - Ele perguntou,começando a ficar vermelho.
- Krist... Krist... Eu posso explicar eu...- Nina gaguejou,me deixando com mais raiva dela.
- Você se deitou com o meu melhor amigo? E escondeu isso de mim nesse tempo todo?!
- Tudo aconteceu no dia em que nos conhecemos. - Ela suspirou,fitando o chão. - Quando eu vi você - olhou para Krist - o Dave e o Kurt eu me interessei. De imediato eu tentei transar contigo e não deu certo,então pensei que eu poderia tentar com o Dave e o Kurt outro dia. No carro eu vi a Mariah e o Kurt conversando,então pensei em tentar com o Dave. De madrugada,quando a Mariah estava dormindo na sala,eu achei o papel que tinha o número do Dave e liguei para ele. Eu fui para a casa dele,transamos,voltei e no dia seguinte eu saí contigo e depois fiquei com você também. - Suspirou e nos fitou. Dave estava se equilibrando nos calcanhares,passando as mão pelo rosto, nervoso. Krist estava boquiaberto.
- Não! - Ele passou as mãos pelo rosto. - Vocês são ótimos atores,mas isso não vai colar comigo. - Sorriu,balançando a cabeça exageradamente. Ele estava claramente perdido.
- Não é brincadeira,Krist! - Gritei. - Eles transaram e esconderam de nós! - Dei uma risada enquanto as lágrimas caíam.
Krist olhou para os dois e franziu o cenho,processando aquilo tudo.
- Seu filho da puta! - Virou-se para Dave e foi para cima dele,o jogando no chão. Ele estava pronto para deixar um soco no rosto dele,mas Kurt e Izzy passaram na hora,e entraram para separar.
- Hey,mas que porra é essa aqui? - Kurt gritou,impedindo que Krist batesse em Dave,com a ajuda de Izzy.
- Esses dois filhos da puta esconderam de nós que já transaram! - Krist apontou para os dois,com raiva.
- O que? - Izzy pareceu confusa,olhando para eles. - Como assim?
Nina começou a se debulhar em lágrimas.
- Porra,quando isso aconteceu eu não tinha nada com a Mari e você não tinha transado com a Nina ainda! - Dave finalmente se pronunciou.
- Foda-se,meu irmão! - Krist gritou,apontando o dedo para ele. - Você viu desde o inicio que eu tinha me interessado por ela! Vocês deviam ter contado por respeito a mim e a Mariah! Vocês são uns falsos!
- Krist,nós íamos contar um dia. - Nina choramingou.
- Um dia? - Ele riu irônico. - Um dia?! Vão se foder,seus filhos da puta! Dave era meu irmão e eu estava pensando em te pedir em namoro,mas já vi que eu estava sendo enganado. - Ele deu as costas e saiu do quarto.
- Merda! - Ela escondeu o rosto nas mãos,sentando no chão para chorar.
- Mariah,por favor... - Dave veio em minha direção,mas eu corri,saindo do quarto.
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