História Where Did You Sleep Last Night? - Reconciliação.

No dia seguinte acordei com risadas. Eram Kurt e Izzy entrando. Os dois estavam bem humorados e carregavam algumas sacolas plásticas. Me sentei no sofá e me espreguicei.

- Bom dia,menina descabelada! - Kurt cumprimentou,me fazendo passar as mãos pelos cabelos para arruma-los.

- Bom dia,Kurt. - Sorri.

- Como foi a noite? - Izzy perguntou,se aproximando.

- Foi tranquila. - Menti. A verdade é que eu quase não havia dormido,tinha ficado o tempo inteiro pensando sobre os meninos e sobre os meus problemas.

- Ah que bom. - Sorriu. - Vamos pra cozinha tomar café.

Me levantei e a segui para o cômodo. Kurt tirava as coisas de dentro da sacola e as colocava na mesa,organizando tudo. Eu fiquei sentada observando a felicidade com que ele e Izzy faziam as coisas,era realmente bom ver o amor entre os dois. Era de verdade.

Os dois se sentaram de frente para mim e começaram a comer,e eu fiz o mesmo.

- Como estão as coisas com Dave? - Kurt perguntou,de boca cheia.

- Ah,estão mal. - Suspirei tristemente. - Brigamos ontem.

- Por quê? - Izzy franziu o cenho.

- Porque ele descobriu que eu vou morar sozinha.

Nesse momento Kurt me olhou preocupado.

- Ah,você contou a ele?

- Não,Izzy. Foi a Nina que contou. - Respondi.

- Por que você vai morar sozinha? - Kurt me fitou.

- Eu preciso disso. Eu preciso ficar um tempo comigo mesma para resolver alguns problemas internos.

- Desculpa mas... Algo me diz que é perigoso. - Revirei os olhos ao ouvir aquilo. Ele não era o primeiro a dizer.

- Kurt,a Nina e o Dave disseram a mesma coisa. - Dei um gole no suco,frustrada.

- E eles estão certos! Eu sinto isso e eles também.

- Lá vem você com esse papo de sentir e blá blá blá.

- Eu estou falando sério. - Me olhou fixamente. - Mas se não quer ouvir,tudo bem. Só digo que você deve tomar cuidado.

Ficamos nos olhando e Izzy percebeu o clima pesado que se instalou ali.

- É,gente,vamos mudar de assunto. A Mari vai se mudar e vamos ajudar em tudo o que pudermos,não é,Kurt? - O fitou.

- É claro! - Ele sorriu,me fazendo levantar uma das sobrancelhas. Ele era estranho demais as vezes. - Quando vai?

- Hoje.

- Vamos te ajudar com a mudança.

- Eu só vou levar roupas. - Dei uma risadinha. - Não tenho nada mais que isso.

- Izzy,podemos contar a novidade para ela? - Kurt a observou com expectativa. Parecia uma criança louca para contar a novidade da escola.

Ela mordeu o lábio e sorriu,afirmando.

- Mariah,eu preciso contar a maior felicidade da minha vida para você. - Os olhos azuis de Kurt brilharam de um jeito que eu nunca tinha visto antes.

- Meu Deus,Kurt! Me conta logo! - Pedi,ansiosa.

- Eu vou ser papai! - Sorriu de orelha a orelha,explodindo de felicidade.

- Meu Deus! - Abri a boca,surpresa. - Parabéns para vocês! - Gritei. Nem sabia explicar a felicidade que eu estava sentindo por eles naquele momento. Era incrível.

Me levantei e abracei Izzy,depois Kurt,os parabenizando.

- Quando souberam? - Questionei,voltando a me sentar.

- Ontem. - Kurt respondeu. - A Izzy me falou que está passando mal há um tempo mas escondeu de todo mundo... Quando ela me contou isso,decidi comprar o teste na hora para descobrir. E bom,vamos montar uma família de verdade!

- Pois é. - Ela sorriu. - Agora eu só vou marcar a consulta com um médico para ter certeza. Se bem que,algo dentro de mim diz que sim,tem um mini ou uma mini Kurt aqui dentro. - Ela colocou suas mãos por cima da barriga e ele colocou suas mãos por cima das dela. Eles se olharam e sorriram,me contagiando. Era lindo ver que formariam uma família.

- Meu Deus,eu vou ser titia. - Coloquei as mãos no rosto. - Os nossos amigos já sabem?

- Ainda não. - Izzy falou. - Olha,o que acha de todos nós irmos para sua nova casa hoje e contarmos a novidade com todo mundo lá?

- Chamar o Krist,Dave e Nina para irem? Não sei se é uma boa ideia.

- Eu acho uma boa. - Kurt deu de ombros,acendendo um cigarro.

- Não sei... Pra começar,não sei se todos vão caber lá. - Dei uma risadinha. - E eu também não quero ouvir mais coisas que me desanimem sobre morar lá.

Kurt me fitou,preocupado.

- Jogue o foda-se! Ninguém tem nada com a sua vida. Só estamos preocupados,Mariah. Você e a mais nova do grupo,temos um cuidado mais maternal com você. Temos medo que algo ruim te aconteça.

Izzy assentiu e ele prosseguiu.

- Eu também acho que seja perigoso,mas se você acha que é melhor,vá! Só tome cuidado,é isso que pedimos.

Kurt parecia estar sendo sincero e por algum motivo,eu confiei em suas palavras.

- Obrigada,Kurt. - Sorri. - Você é um amor de pessoa! - Levantei e o abracei.

- Então... Acho que já está na hora de você se resolver com a Nina e com o Dave,né? Eles me ligam desesperados querendo saber de você.

- Não sei... Com a Nina as coisas estão mais fáceis para melhorar,mas com o Dave...

- Relaxa,vamos te ajudar,não é,Izzy?

- Sim. - Ela sorriu e se levantou,indo sentar no colo dele.

- Olha,Mari,eu sou o homem mais feliz do mundo,sabia? Tenho a esposa mais perfeita e agora vou ter um filho!

- Eu te amo,Kurt. - Ela segurou o rosto dele nas mãos e selou seus lábios.

...

Já de tarde,Izzy,Kurt e eu levamos minhas malas para a minha casa. Fomos até o apartamento de Nina buscar algumas coisas minhas que estavam lá e ela aproveitou para ir com a gente para minha casa.

Eram sete da noite e todos estavam lá. Estávamos no quarto e o clima estava pesado. Kurt,Izzy e Dave estavam em pé,já Nina,eu e Krist estávamos sentados no colchão. Eles não sabiam ao certo o motivo de irem até lá,mas foram.

- Então... - Kurt começou - chamei vocês aqui por dois motivos: Para conhecerem a grande casa da Mari e para saberem de uma novidade.

- Novidade?! - Nina perguntou,espantada.

- Sim. - Izzy sorriu.

- Vão finalmente anunciar que Kurt se assumiu gay?! - Krist brincou,tirando risadas de nós.

- Seu desejo não vai se realizar hoje,Krist. Sinto muito. - Cobain respondeu.

- Digam logo o que é! - Dave pediu.

- Bom,pessoal,hoje eu descobri que vou ser pai!

- Meu Deus! - Nina gritou,se levantando,indo abraçar Izzy. - Parabéns!

Assim que Kurt contou,Krist e Dave pularam em cima dele e deram um abraço em trio.

- Caralho,eu vou ser titio,porra! - Dave gritou.

- Sim,caralho! - Kurt comemorou.

- Nós vamos! - Disse Krist. - Finalmente um mascotinho pro Nirvana!

- Nós vamos ser os melhores tios,Krist! - Por um instante parecia que Dave e Krist nunca estiveram chateados um com o outro. Depois que a euforia passou,perceberam que estavam abraçados e se afastaram um pouco.

- Ei,parem de palhaçada! - Kurt resmungou. - Olhem,eu e Izzy vamos ter um bebe,nós estamos renascendo,sabe? Assim como todas as relações,nós já tivemos nossos problemas... Eu sei que vocês dois estão chateados,mas vocês são irmãos,se conhecem há muito tempo! O Dave é completamente louco pela Mari,o que aconteceu entre ele e a Nina ficou no passado,Krist. Que tal aproveitarmos esse momento de renascimento para fazer as pazes?

Dave e Krist se olharam um pouco acanhados. Eles pensaram um pouco sobre o que Kurt tinha dito e foram se aproximando.

- Seu viado do caralho,eu te amo,tá ouvindo? - Krist passou os braços pela cintura de Dave e o abraçou,o tirando do chão.

- Porra,eu te amo também! Desculpa,tá? Você é minha putinha para sempre!

Krist soltou Dave e os dois sorriram um para o outro,nos deixando satisfeitos pela reconciliação. Meus olhos estavam marejados naquele momento. Eu amava aqueles doidos com todo o amor que tinha em meu coração.

- Ainda faltam duas. - Izzy balançou a cabeça na direção de Nina. Olhei para ela e pude ver que seus olhos estavam brilhando,certamente ela queria chorar.

- Anda,vocês são como irmãs,façam as pazes! - Kurt nos deu um incentivo.

Olhei para ela e sorri. Levantei e fui me aproximando. Nos abraçamos e algumas lágrimas caíram em meu rosto.

- Me desculpa,por favor... - Nina pediu.

- Shh! Está tudo bem! Vamos esquecer isso,okay?

- Okay.

Permanecemos abraçadas por um instante enquanto todos comemoravam as pazes feitas.

- Devemos comprar cervejas para comemorar! - Dave deu a ideia. - Vamos fazer uma vaquinha e eu vou até o bar.

...

Nina Pov.

Mariah,Izzy,Kurt e Krist estavam na cozinha preparando algo para comermos e eu estava no quarto,vendo algumas fotos que Mari tinha trago com ela quando fugiu de casa. Ouvi alguns passos e levantei o olhar,vendo Krist se aproximar,sentando do meu lado.

- Oi,tá fazendo o que? - Puxou assunto.

- Vendo umas fotos da Mariah. - Mostrei para ele.

- Ela era linda,né? Ainda é,na verdade.

- Sim. - Sorri. - Dave é um cara de sorte!

- Com certeza. Fico feliz que eles tenham um ao outro.

- Eu também. No fundo todos nós sonhamos com o dia em que vamos ter alguém para amar. - Olhei em seus olhos,vendo um sorriso se formar em seus lábios.

- Nina,é sério aquele lance de parar de ser groupie?

- Sim. - Suspirei. - Eu era groupie por diversão,mas depois que conheci um certo cara e me apaixonei por ele,achei melhor parar e dar uma chance para nós dois.

- E esse cara é uma boa pessoa?

- Com certeza! Ele é um grande homem,literalmente. - Tirei algumas risadas dele,o que me fez sentir uma certa segurança,ele parecia não estar tão chateado como antes. - Krist,me desculpa. - Pedi,ficando séria.

- Eu te desculpo,Nina. Eu senti sua falta,mas eu precisava me afastar um pouco para pensar. Hoje eu vejo que o Dave e a Mariah são feitos um para o outro,assim como nós.

- Então você acha que somos perfeitos um para o outro? - Levantei uma das sobrancelhas.

- Sim.

- Por que? - Questionei,curiosa.

- Porque eu amo você.

Arregalei os olhos e abri a boca. Era sério aquilo? Krist me amava?

- Como assim,Krist? Que história é essa? - Perguntei,meio desnorteada.

- Nina,eu amo você. Eu gosto da pessoa que eu sou quando eu estou com você,gosto do seu jeito,de quem você é... Eu te amo,simplesmente. - Sorriu,passando sua mão levemente em meu rosto.

- Krist,eu também te amo! - Olhei em seus olhos. - Eu decidi parar de ser groupie porque eu não preciso mais disso. Eu tenho um amor agora,tenho você e quero fazer as coisas darem certo de verdade entre nós dois. Eu estou disposta! Acho que já me diverti muito,agora quero começar a focar nas coisas sérias.

- Então,já que você quer começar a focar nas coisas importantes,eu tenho uma pergunta para fazer a você.

- Diga!

- Namora comigo,formiguinha atômica?

Dei uma risadinha e selei nossos lábios lentamente.

- Aceito,caçador de nuvens.

- Dorme comigo hoje? Eu preciso ter você perto de mim!

- Quer transar,né,safado?

- Claro! Preciso recuperar as transas perdidas!

- Eu durmo com você. - Sorri.

Mariah Pov.

Enquanto eu cortava alguns tomates,Kurt e Izzy foram para o quarto,me deixando sozinha. Ouvi a porta da cozinha sendo aberta e olhei para trás,vendo Dave entrar com alguns engradados de cerveja. Ainda não estávamos nos falando,então virei para frente e continuei a cortar.

Ouvi alguns passos e meu coração bateu forte,mas ele acelerou exageradamente quando senti os braços de Dave passando por minha cintura e seu queixo apoiando em meu ombro. Respirei fundo e ele me puxou ainda mais para perto de seu corpo. Soltei a faca e me virei para ele,passando meus braços por seu pescoço,o fitando. Dave afundou seu rosto em meu pescoço e respirou fundo.

- Desculpa. - Sussurrou. - Me desculpa por tudo,por favor...

Respirei fundo e pensei um instante. Eu não estava mais com raiva,iria desculpa-lo. Coloquei as mãos em sua nuca e tentei faze-lo olhar para mim,mas ele não desgrudou seu rosto de meu pescoço. Tentei novamente,mas ele não me olhou.

- Dave,me olha. - Pedi,mas sem sucesso. Achei aquilo estranho e afastei nossos corpos,vendo ele se afastar e dar as costas para mim.

Confusa,fui até ele e segurei seus ombros,o obrigando a me olhar. Ele passou as pontas do dedo nos olhos.

- Tava chorando? - Franzi o cenho.

- Não. - Respondeu,engolindo em seco.

- Não mente... - Suspirei,olhando em seus olhos.

- Eu só estava com vontade.

- Por quê? - Coloquei minhas mãos em seu pescoço. - O que houve?

- Sabe o que houve? - Perguntou e o fitei,encorajando a continuar. - Acontece que eu fui injusto contigo. Eu te magoei e depois fui super grosseiro,sem pensar na situação que você vive.

- Dave,sobre o lance com a Nina,vamos esquecer. Não há mais o que ser feito em relação a isso.

- Sim,mas não é sobre isso que eu estou falando,e sim sobre eu ter sido injusto te julgando e dizendo todas aquelas palavras a você. - Passou suas mãos por minha cintura,me puxando para perto. - Eu nunca vou saber o que é ter dezoito anos,não ter pai,nem mãe,nem nenhum familiar. Eu nunca vou entender a dor de acordar toda manhã e saber que minha mãe não vai me ver casar,ter filhos ou conquistar meus objetivos. - Me olhou,mostrando a tristeza em seus olhar. - Crise de identidade é uma coisa complexa,mas sei que para você é muito mais difícil porque sua vida está toda bagunçada. - Algumas lágrimas começaram a escorrer em meu rosto. - Você não gosta de falar sobre isso mas eu devia insistir. Eu deveria sempre estar perguntando,tentando fazer você colocar sua tristeza,frustração e raiva para fora. Depois de pensar muito,eu entendi que você mais do que nunca precisa de alguém que te apoie,não que te coloque para baixo ou te deixe triste.

Abaixei minha cabeça e me permiti chorar. Ele tinha finalmente entendido exatamente como eu me sentia. E como se lesse minha mente,ele me abraçou com força. Era tudo o que eu precisava naquele momento.