História Where Did You Sleep Last Night? - Quando seu mundo desaba.

Assim que entrei no carro corri o máximo que pude. Fui seguindo os carros da policia através do barulho das sirenes e pude ver que os mesmos já estavam atrás do carro do padrasto de Mariah. Todos nós corríamos em alta velocidade,fazendo com que os outros carros se distanciassem de nós.

 Meu olhar estava cravado na perseguição. Eu não pensava em nada,a não ser em salvar minha garota das garras daquele maldito. De repente,observei Mariah colocando parte do corpo para fora do carro de Harper. Ela estava com uma mordaça na boca e balançava os cabelos exageradamente,provavelmente para nos mostrar que estava ali. Ele jogou o carro para o lado contrário,fazendo Mariah voltar para dentro do carro novamente. Os policiais continuavam insistentes,até que um deles conseguiu alcançar o carro de Harper,parando ao lado dele. O policial colocou a arma para fora e a apontou para o pneu,mas Harper não se intimidou e continuou a correr. Logo em seguida outro carro da policia alcançou Harper,logo ele estava com dois carros em seu lado direito e foi aí que ele fez algo inacreditável.

Estava chovendo forte,o céu estava escuro e a pista escorregadia. Harper,para "fugir" da policia,jogou,propositalmente,o carro no encostamento. O carro capotou com a Mariah dentro. O automóvel rodou,rodou,rodou,até que parou de cabeça para baixo. Os carros presentes ali pararam e os policiais correram até lá. Eu simplesmente parei o carro e fiquei ali dentro,olhando para aquilo tudo,tentando entender. Não podia ser real. Eu não queria que fosse real. Fiquei apenas observando a movimentação do lado de fora,em choque,sem piscar direito.

Quando minha ficha caiu,saí dali de dentro.

- MARIAH!! - Gritei,sentindo a dor rasgar minha garganta. Um grito seco,cheio de desespero. Corri até o acidente,mas um dos policiais me impediu de se aproximar.

- Senhor,você não pode se aproximar,é perigoso! - Ele segurou meus braços.

- É a Mariah! Vocês não podem deixa-la morrer,pelo amor,salvem ela! - Supliquei,sentindo meu peito apertar a cada segundo que aquele pesadelo se estendia.

- Senhor,já passaram rádio para o bombeiro,já estão chegando.

- Salvem ela. - Juntei as mãos,olhando nos olhos do policial. - Ela já sofreu tanto,não é justo... - Minha voz estava falha. Eu não tinha forças para lidar com aquilo.

- Nos faremos o impossível para salva-la. - Foi a ultima coisa que ele disse antes de se afastar.

Aquela altura a policia já tinha interditado o local. A cada vez que eu via o estado do carro,tinha vontade de acordar e ver que aquilo era um pesadelo. Mas não,era real. Eu já não tinha mais forças e senti o peso todo em minhas costas,me fazendo cair de joelho,sentindo a chuva fria bater contra meu corpo. Meu choro era sentido,compulsivo e dolorido. Ela era o amor de minha vida,era uma garota nova que já tinha apanhado da vida e tinha resistido. Ela não podia ir.

Minutos depois a ambulância chegou e o trabalho para retirar os dois do carro começou. Alguém mandou uma enfermeira vir até mim e me colocar dentro de uma das ambulâncias. Já la dentro,eu estava sentado enrolado em uma toalha,olhando para o chão,anestesiado de tanta dor. Nada me animaria naquele momento a não ser a presença da Mariah,bem ao meu lado.

...

Eu estava sentado na cadeira,com a cabeça encostada na parede,tremendo de frio. O hospital era frio,feio e assombroso. Senti um toque macio em meu rosto e abri os olhos,vendo Izzy,Kurt,Nina,Krist,Melinda,Mike e Sean ali.

- Olá. - Izzy sussurrou. Seus olhos brilhavam como de quem iria chorar a qualquer momento. Nina estava com o rosto acabado,nunca tinha a visto tão mal. Melinda e Mike também não estavam diferentes.

- Oi. - Sussurrei de volta.

- Nos diga o que houve,como aconteceu. - Melinda se aproximou,segurando o choro.

- O Harper jogou o carro no acostamento durante  a perseguição. Ele capotou,parou de cabeça para baixo. Eu não me importei em saber como ele estava,já a Mariah... - Senti o nó em minha gargante se formar. - Ela... Ela está em coma. - Fechei os olhos com força.

- Como? - Nina gritou. - Não! - Balançou a cabeça com força. - Não,não pode ser assim! - Bradou,exasperada. Krist percebendo seu desespero,a abraçou com força,abafando o choro sentido em sua camisa.

- Isso não pode ser real. - Melinda murmurou,sendo abraçado por Mike que derramava lágrimas.

- Mas o que aconteceu com ela? - Izzy questionou,limpando as lágrimas que desciam.

- Ela se feriu muito no acidente e teve um traumatismo craniano. 

Nesse momento foi possível ouvir os choros da sala. Todos ali estavam devastados. A vida estava sendo injusta.

- Quem aqui é familiar de Mariah Wood? - Um médico de meia idade entrou na sala de espera.

- Nós. - Mike se pronunciou.

- Seu nome por favor.

- Mike Starr.

- Senhor Mike,qual é o seu grau de parentesco com a paciente?

- Nós somos irmãos.

- Bom,a paciente sofreu um grave acidente como sabe,mas faremos de tudo para mante-la viva. Não sabemos por quanto tempo ela pode ficar em coma,mas sabemos que se ela responder aos estímulos daqui para frente,terá grandes chances de acordar.

- E as sequelas? - Ele engoliu,em seco,provavelmente com medo da resposta.

- Se tudo der certo ela sairá ilesa. - Suspirou. - Eu preciso que deem algumas informações sobre ela na recepção. 

- Tudo bem. - Starr assentiu.

- Deixa que eu resolvo isso. - Me levantei da cara e fui até a recepção. Dei todas as informações necessárias que precisavam e eu sabia. Alguns dados sobre o pai dela foram respondidos por Mike.

Decidi ir para o lado de fora,fumar. Chegando lá encontrei Kurt fazendo o mesmo. O clima estava horrível ali. A chuva tinha parado,mas estava frio e o céu estava escuro,meio arroxeado. Me aproximei de meu amigo e abaixei a cabeça,deixando novas lágrimas caírem silenciosamente.

- Ela vai sair dessa,ela é uma garota forte. - Disse,passando seu braço esquerdo por meus ombros.

- Cara,eu não quero que ela morra. - Choraminguei. Eu estava com medo. A ideia de acordar um dia sem Mariah na Terra me apavorava.

- Ela não vai morrer,Dave. Vocês vão ficar juntos,escuta o que estou te falando! 

Engoli em seco e levantei a cabeça,fitando Kurt. Abri os braços e o abracei forte,sendo retribuído da mesma forma. Ficamos ali por uns segundos até eu me acalmar,quando nos separamos tomei o cigarro de sua mão e o traguei,olhando para o céu.

- Eu a amo. Muito.

- Eu sei. - Kurt respondeu. - Eu sempre soube que o sentimento de vocês era forte assim.

- Será que eu posso ir no quarto?

- Tenta! Dizem que mesmo estando em coma as pessoas escutam o que as outras dizem. 

- Então eu vou lá. - Joguei o cigarro no chão e corri para dentro do hospital novamente.

Fui até a recepção e perguntei sobre o médico que estava encarregado do caso. Pedi a ele permissão para entrar na sala e ele me liberou. Estava com a mão na maçaneta,respirando fundo,tomando coragem para entrar e ver como ela estava. Abri a porta e decidi encarar o que estava acontecendo. Olhei para o chão e fechei a porta,caminhando até onde Mariah estava. Levantei os olhos e vi a cena mais dolorosa. Ela estava toda ferida,roxa,inchada e cheia de aparelhos. Não me segurei e desabei novamente. Segurei sua mão com cuidado e olhei para ela.

- Eu prometo,eu não vou te abandonar.