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História Yokai, terra do medo - Prólogo: Todos os Olhos em nós


Escrita por: hanbitna e yo_kai

Notas do Autor


Primeiramente eu queria agradecer a Dudinha (@chaelines) e a Lily (@latatue) por sempre me darem todo o apoio do mundo <3 Lilete que fez a capa pra mim, me aguentou chorando e surtando com a edição enquanto a Dudinha foi quem foi me convencendo aos poucos a voltar com Yokai, que é o xodó dela e é o meu xodó também. Sei que me excedi um pouco no prólogo, ficou gigante, mas eu realmente gostei dele e estou convertendo vocês a gostarem do Gaara viu! Os links essenciais estarão no comentário fixado, lá vocês encontrarão o menu, as reservas e a caixinha de dúvidas. Demais links como doação de plots, sugestões e playlist estarão linkados no menu da fanfic. Espero que gostem da volta e dos novos personagens, obrigada por todo carinho e apoio <3

Capítulo 1 - Prólogo: Todos os Olhos em nós


Fanfic / Fanfiction Yokai, terra do medo - Prólogo: Todos os Olhos em nós

RESIDÊNCIA DOS SHIOMI, 08H00

08 DE MARÇO

O barulho do despertador de seu celular tocava insistentemente e de forma irritante, murmurando barulhos desconexos em forma de resmungo a garota tateou o chão até sentir o celular e por dois segundos pensou seriamente em atirá-lo na parede do quarto, mas sabia que se arrependeria profundamente se fizesse isso e não queria atormentar seu namorado pedindo para lhe comprar um novo. Sentia a sua bochecha direita dolorida e gelada, percebendo que havia dormido no chão de seu quarto jogada de qualquer jeito. Se levantando calmamente e se espreguiçando sentindo as articulações doerem pela forma que dormiu, Shiomi Kaori caminhou diretamente para o grande espelho disposto ao lado de seu guarda-roupa. Sua situação realmente não estava boa, as olheiras se destacavam em sua pele pálida, os cabelos loiros emaranhados clamando por uma hidratação e diversas marcas roxas em seus braços. Soltando um suspiro cansada da vida que levava, caminhou para o banheiro enquanto desembaraçava seu cabelo com os próprios dedos, parando em frente a pia do ambiente e se olhando novamente no pequeno espelho à sua frente.

― Você realmente precisa sair disso. ― Suspirou enquanto encarava seu próprio reflexo, abrindo a torneira e retirando a mão rapidamente do jato de água por estar extremamente gelada. ― Você já enfrentou coisa pior do que uma água gelada Shiomi Kaori. ― Respirando fundo, dispôs suas mãos em formato de concha para que enchesse de água, as levando para seu rosto a fim de lavá-lo. ― Ótima maneira de acordar. ― Sorriu irônica ainda olhando para seu reflexo e em seguida andou preguiçosamente de volta para seu quarto, olhando com cansaço para o uniforme jogado de qualquer jeito em sua cama. Ao menos era seu último ano, sinceramente Kaori não aguentava mais a vida de estudante e não via a hora de jogar seu quepe para o alto e nunca mais pisar naquela escola novamente. Vestiu tudo o que precisava vestir, sentindo sua barriga doer cada vez que precisava se curvar. Ser um saco de pancadas quase que diariamente um dia ainda iria a matar, Kaori sabia disso, o que a garota não sabia era como poderia sair da vida que levava se sentia que não havia luz nenhuma no fim do túnel.

Se sentando em frente a pequena e simples penteadeira que possuía em seu quarto, começou a remexer suas gavetas em busca de algum corretivo que gostasse. Por mais que o móvel fosse pequeno, a garota possuía diversos itens de maquiagem espalhados por ali, Gaara a presenteava com mil e uma coisas desde o começo do namoro, e mesmo que Kaori odiasse se sentir dependente das outras pessoas, agradecia todos os mimos que ganhava. Achou o que sempre utilizava e dava um aspecto natural, afinal, era proibido utilizar maquiagem na escola, espalhando-o delicadamente onde precisava e sorrindo com o resultado. Mesmo que fosse proibido, Kaori não teria a mínima coragem de aparecer na frente de tantas pessoas com a aparência miserável e deprimente que tem quando acorda, então havia visto diversos tutoriais de maquiagem para aprender como passar da forma mais discreta e natural possível. Penteando seus cabelos agora de forma certa, se sentia bem melhor com sua imagem refletida. Levantando um pouco mais animada da cadeira e dedilhando os frascos de perfume colocados em cima de uma cômoda de seu quarto, olhava atentamente para cada um decidindo qual utilizaria. Possuía diversas opções: Chanel, Dior, Carolina Herrera, Lancôme, todos caros e de marca, obviamente presentes de Mizushima Gaara. Pegando o vidrinho de um perfume da Lancôme, riu irônica lendo o nome dele. La Vie Est Belle. Era cômico para ela possuir um perfume com tal nome tendo a vida que tem. Deu algumas borrifadas em pontos estratégicos, sorrindo minimamente com o cheiro inebriante que inundou o quarto.

O celular, que agora estava jogado de qualquer jeito na cama, emitia o som de seguidas notificações. Bufando irritada pelo barulho, xingava mentalmente quem quer que seja que estava mandando tantas mensagens. O nome “Draco Malfoy de Kamakura” surgiu na tela indicando uma chamada, revirando os olhos, Kaori sabia que seria pior se não atendesse a ligação.

― Eu já ia te responder! Você precisa ser menos ansioso, sabia? ― Suspirou irritada, começando a arrumar sua mochila enquanto esperava o garoto falar o que queria. 

― Você sabe que não tolero demoras assim, são 8h30 da manhã e com certeza você tem tempo livre essa hora para me atender! Enfim, eu queria avisar que eu irei passar aí no seu antro de pobre com meu motorista para irmos a escola juntos e você sabe que não aceito não como resposta. ― A voz do garoto soou birrenta nas primeiras frases e foi tomando um tom autoritário à medida que falava sobre a generosa carona. Shiomi sabia que não adiantaria negar e respirava aliviada ao saber que não precisaria caminhar até lá.

― E eu imagino que já esteja na esquina de casa. ― Assim que disse isso, Kaori recebeu um murmúrio de confirmação como resposta e ouviu o barulho de ligação finalizada. ― O filho da puta ainda desliga na minha cara, eu juro que um dia eu ainda dou um soco, só um, na cara linda dele. ― Resmungou, entrando no seu Kakaotalk para ver o que ele havia mandado.

[08h27] Draco Malfoy de Kamakura: Pobre de estimação, já acabou de se arrumar?

[08h28] Draco Malfoy de Kamakura: Porque que pobre demora tanto pra se arrumar? Por acaso a demora é pra tirar o fedor de pobreza?

[08h28] Draco Malfoy de Kamakura: Kaori me responde porque eu já estou pronto pra ligar pro SWAT pra invadir sua casa

[08h29] Draco Malfoy de Kamakura: Você já acordou?

[08h29] Draco Malfoy de Kamakura: Eu vou ter que te comprar a porra de um despertador agora? Você sabe que horas são?

Revirando os olhos com as notificações, saiu do chat do namorado para ver o que Renji havia mandado para ela. Ela torcia mentalmente para que ele tivesse feito doces para levar, precisava de ao menos uma coisa boa em seu dia.

[08h27] Beymax: Kaorizinha, pra sua sorte hoje eu fiz alguns docinhos que achei bonitinhos e vou levar pra você, mas por favor esconde do Gaara porque esse miserável não está merecendo

[08h27] Beymax: Ele teve a coragem de me acordar cinco da manhã pra perguntar qual cor de sapato usar hoje, eu juro que nunca mais durmo na casa dele

Rindo das mensagens do amigo, agradeceu ao mimo. Ainda que Renji era apenas primo de Gaara, a garota acha que sofre muito mais sendo namorada. Terminando de arrumar a mochila, cruzava os dedos para não dar de cara com seu pai logo pela manhã, andando tão apressada que acabou quase caindo na escadaria de sua casa, xingando baixinho e passando a andar de forma mais calma para evitar algum desastre. Sairia sem comer nada mesmo, Renji a levaria comida de qualquer forma e não é como se tivesse muita coisa em sua casa para comer, as opções eram geléia com pão ou pão com geléia.

O vento primaveril batia suavemente no rosto da garota, que fechou os olhos para inalar a fragrância das cerejeiras plantadas próximas de sua casa. Sentiu uma pétala batendo em sua bochecha e logo abriu os olhos para pegá-la, sorrindo com o tom rosado da flor e sentindo que aquele dia, por milagre, poderia ser diferente. Viu o carro de seu namorado chegando, cruzando os dedos para que realmente aquele dia fosse bom.

RESIDÊNCIA WANG, 08H00

08 DE MARÇO

Zian encarava a barata estraçalhada aos seus pés com desprezo, aquele inseto desgraçado havia o acordado de seu sono tão bom e profundo quando decidiu passear em seu braço. O chinês deu chineladas tão fortes que o bicho quase se desintegrou no chão de madeira da casa em que vivia. 

― Se existe algum Deus, com toda a certeza ele me odeia, justamente uma barata como despertador? ― Resmungou sozinho, enquanto pegava uma vassoura para varrer aquele bicho asqueroso para fora dali. Wang vivia em uma pequena casa localizada em um bairro relativamente pobre em Kamakura. A casa era tão pequena que seu quarto dividia espaço com a cozinha e a sala, tendo apenas um outro cômodo na casa que se tratava do banheiro, o qual vivia dando problemas com infiltração. Bom, ao menos, era um lugar muito melhor do que o que Zian vivia antes. 

Agora que já havia acordado, não havia muito o que fazer. Se espreguiçou vendo que daria tempo de fazer tudo com calma, já que suas aulas só começavam às 9h. Coçando a nuca, abriu a geladeira barulhenta esperando que magicamente brotasse alguma comida ali. Mas resmungou insatisfeito ao ver que ali tinha apenas água e uma bandeja de ovos, contudo, não havia nada que revertesse sua situação naquele exato momento. Pegando o ovo que lhe parecia o mais bonitinho dentre os outros seis restantes, Zian fez seu omelete calmamente enquanto colocava um vídeo qualquer de resenha de filmes de terror no celular. Sorriu satisfeito com a primeira garfada da comida assim que ficou pronto, não que fosse um super chef da cozinha, mas o chinês sabia muito bem se virar desde pequeno então fome ele só passaria se o dinheiro acabasse de vez. Vendo as contas jogadas na bancada próximo de si, Zian suspirou profundamente e expressou uma feição preocupada. Sabia que precisava pedir que Xiaoqing aumentasse o dinheiro que lhe dava, mas não queria incomodar a mulher com isso, afinal, ela já tinha os próprios problemas para se preocupar e mesmo que tivesse uma condição financeira razoável ele não queria abusar. 

― Eu queria poder ser como vocês, completamente livre e sem precisar me preocupar com contas. ― O garoto riu fraco enquanto ia para perto de um pequeno beija-flor que pousou em sua janela após ele terminar de comer. Não sabia o porquê, mas aparentemente ele atraia muitos pássaros para perto de si. Em qualquer lugar que estivesse, em alguma hora algum pássaro se aproximaria. ― Você só precisa se preocupar com a água com açúcar diária que eu coloco, não é mesmo? ― Riu novamente, achando uma graça o fato do pássaro ter pousado em seu ombro, o que não é nada comum vindo de um beija-flor, mas com Zian era assim, se sentia a própria Branca de Neve. Pegando o recipiente onde colocava a água açucarada para os bichinhos, caminhou enquanto assobiava uma cantiga de Jogos Vorazes, indo até a pia para trocar a água. Assim que fez tudo o que precisava, viu que já estava perto da hora de ir para a escola e correu para se trocar.

Zian era um dos alunos que agradecia muito todo aquele inferno estar acabando. Nem fazia tanto tempo que estava na cidade, mas mesmo assim conseguia odiar a escola com todas as forças, ele já não gostava quando vivia na China, ali apenas piorou mais. Odiava ter que ser obrigado a ter contato social, o chinês realmente detestava falar e ter gente o tempo todo o atormentando para isso conseguir consumir a paciência e calma que possuía. Sendo um dos mais introvertidos da sala, entrava calado e saia mudo da sala de aula, trocando apenas algumas poucas palavras com Abarai Renji e Chiziwa Akira, os únicos que conseguiram insistir o bastante para que Zian os aceitasse como amigos. E mesmo sendo calado, na dele, conseguia atrair olhares de garotas tremendamente atiçadas, afinal, Zian era sim um garoto muito bonito que se não fosse tão calado atrairia muito mais olhares, mas não é como se ele se importasse com isso, era muito difícil para ele conseguir gostar ou se interessar por alguém, relacionamento não era uma prioridade ou objetivo seu. Uma das que mais torrava sua paciência se tratava de Ozaki Sakura, a garota que estava no penúltimo ano e vivia tentando ter um pouco de atenção de Zian ou de Akira. Wang compara ela com uma sanguessuga, quanto mais você tenta tirar, mais ela gruda em sua pele e não tem o que você faça para se livrar, não entendia o que ele tinha que chamou tanto a atenção dela para correr atrás do garoto que apenas a encarava e saia sem dizer uma única palavra. Era de conhecimento de todos que Ozaki atuava quase que como uma stalker, já havia recebido até mesmo uma ordem de restrição e precisou encerrar sua obsessão insana por Fukuda Yasuo, o garoto falante da mesma sala de Wang. Ele entenderia se ela estivesse atrás de Renji, o amigo realmente era bonito e atraente para muitos dali, mas justamente atrás dele? Um chinês sem nenhuma moeda no bolso? Considerado o forasteiro dali, justamente ele? Era algo que de fato ele nunca entenderia a razão.

Chegando aos portões da escola depois de uma caminhada não muito longa, levou um pequeno susto ao sentir alguém passando a mão pelos seus ombros.

― E aí amigão, ontem eu estava experimentando umas receitas novas e decidi trazer uma espécie de marmitinha pra você com doces, também trouxe uma de comida porque…..não sei porque, vai que hoje você esqueceu sua comida, não é mesmo? ― O garoto alto falava animadamente. Renji, apesar da postura séria e a fama de pegador, era muito amoroso com seus amigos de verdade, Wang se encontrava nessa lista depois de Abarai passar cerca de uma semana sentando com ele na mesa do refeitório e dividindo sua comida já que o chinês dificilmente trazia marmita de casa.

― Renji quando vai me ensinar a fazer alguns dos seus doces? Eles realmente são muito bons. ― Aí estava as primeiras palavras de contato social de Zian no dia, ele se sentia estranhamente animado em plena segunda-feira e se dispôs a falar um pouco mais do que o normal, mas sabia que alguma hora ele ia cansar e falaria apenas por gestos.

― Olha só, Wang Zian falando mais do que duas palavras em plena manhã de uma segunda-feira que é o dia que você mais odeia. Estou surpreso, só por isso posso te ensinar a fazer algo hoje depois da aula. ― O japonês sorriu animado, gostava muito da companhia do amigo mesmo que isso se resumisse em um confortável silêncio.

― Pode deixar que eu vou sim, ainda não consegui arranjar um emprego aqui, aparentemente odeiam mesmo forasteiros. ― Suspirou frustrado, se já era difícil nos tempos atuais conseguir emprego, imagina sendo um estrangeiro em uma cidade pequena onde todos te olham feio por ser de fora? 

― Eu te prometo que se um dia eu abrir uma confeitaria ou algo do tipo vou te contratar e te colocar no cargo mais alto que eu conseguir inventar! ― Renji estendeu o mindinho para que Zian entrelaçasse, fazendo com qe isso fosse uma selagem de promessa. O japonês realmente queria conseguir ajudar o amigo e faria o possível e impossível para que Wang conseguisse sair do buraco em que vivia. Adentrando de fato a escola, os dois amigos seguiram agora em silêncio para a sala, mas Zian não deixou de reparar em um pequeno símbolo parecido com o olho desenhado delicadamente próximo de uma das janelas do corredor, deixando-o intrigado com o que seria aquilo. Talvez algum tipo de sinal, mas ele com certeza investigaria isso de alguma forma.

UM LUGAR QUALQUER, 08H40

08 DE MARÇO

― Kaori pelo amor de deus, eu te dei mil sapatos de grife, de gente com classe e você me vem com esses tênis imundos? ― A voz irritadiça de Mizushima Gaara fez a loira revirar os olhos assim que entrou no carro da namorada. Gaara não entendia, como que com tantos presentes a namorada ainda continuava usando suas coisas de pobre. Sabia que não ia adiantar continuar brigando, então apenas se encolheu um pouco mais perto da janela e encostou sua cabeça na janela olhando a paisagem quando o carro começou a andar. Mesmo que não faltasse tanto para o horário de início das aulas, havia pedido para que seu motorista passasse em uma cafeteria renomada do centro para pegar alguns cafés e um pedaço generoso de torta de limão, a preferida de Kaori.

 

Mizushima estava se afundando em mais uma mentira estando ali com a garota, o relacionamento dos dois era apenas uma mera fachada para que ele irritasse seu pai e acabava sendo um grande lucro para Kaori que ganhava vários mimos de presente, Gaara sabia que não era nada fácil ter que aguentar o seu mal humor diário e todas as palavras ásperas que saiam de sua boca. Então, era normal os dois não se aguentarem por muito tempo, por mais que tentassem e Renji fizesse de tudo para que tivessem uma convivência boa após vinte minutos estando perto um do outro. O único lugar em que se davam bem e brigas não existiam era na cama, Gaara não podia negar que a cada vez que transavam ele se sentia mais viciado no corpo da loira. Fazia cerca de cinco meses que namoravam, entre brigas, gritos e noites quentes Gaara começou a sentir uma estranha sensação confortável quando ficava ao lado de Kaori. Gostava de a irritar, odiava passar um dia todo sem a companhia dela e sentia um pouco de preocupação quando percebia que ela estava extremamente cansada, o garoto sabia que não era só do trabalho e que alguma coisa acontecia na vida dela. Mizushima também se sentia cansado, havia coisas que o dinheiro não podia comprar, como por exemplo a sensação de paz e tranquilidade. O japonês não fazia a mínima ideia do que era tal sensação, talvez nunca descobrisse, mas ansiava pelo dia que pudesse senti-la ao menos por dez minutos. Odiava ter que olhar para a cara de suas irmãs todo dia e ter de aguentar todo o inferno que faziam em sua vida, além de ter que aguentar o seu pai e todas as brigas rotineiras entre sua mãe e o senhor Mizushima. O namoro com Kaori inflou ainda mais os ânimos daquela casa, até hoje não entendeu a reação furiosa de seu pai ao vê-la sentada junto dele na espaçosa sala da mansão. Shiomi jurou que nunca havia visto o seu pai e que provavelmente ele estava a confundindo com alguém, foi naquele dia que Gaara afirmou que seu pai odiava qualquer coisa que ele escolhesse fazer e por isso mesmo continuaria namorando a garota ele querendo ou não.

Queria poder ter alguém para contar, se sentia muito sozinho mesmo rodeado de pessoas. Claro que confiava em Renji, seu primo que ele mais considerava um irmão, mas as coisas que passava em casa ele preferia esconder de todos e colocava um sorriso no rosto fingindo que estava tudo bem e apenas havia dormido mal. Não queria olhares de pena para cima dele, nem ele mesmo tinha pena de si, preferia que continuassem o odiando por seu jeito esnobe e mesquinho que veio como uma armadura para o proteger do mundo. 

Voltando o olhar para a namorada, suspirou soltando um sorriso mínimo ao vê-la admirando a paisagem assim como ele estava antes. Talvez ela realmente tenha conseguido conquistar o afeto do japonês ou era apenas uma ilusão dele de que alguma coisa poderia realmente dar certo.

― Hoje você vai passar o dia comigo, já liguei nos seus dois trabalhos avisando. Iremos fazer umas compras necessárias durante a tarde e à noite você irá dormir em casa. ― Disse de forma autoritária, rindo baixinho ao ver a feição furiosa de Kaori.

― Gaara! Você não pode fazer isso, você sabe que perder um dia de trabalho vai me fazer ter um salário menor no final do mês! ― Bufou irritada, o olhando de forma séria enquanto Mizushima apenas revirava os olhos pela reação da mesma. 

― Sim, eu posso. Eu obriguei seus dois patrões a te pagarem certinho depois, não se preocupe. E não é como se eu não pudesse te dar um dinheiro a mais também, mas você insiste em recusar. ― De fato, ele não entendia porque ela recusava tanto a ajuda financeira sendo que precisava tanto de dinheiro, mas deveria ser algo comum de pobre. ― Minha família vai em uma festa de negócios no sábado e eu quero que esteja exuberante, vamos às compras hoje, você querendo ou não. 

― Gaara… você realmente não tem jeito mesmo. ― Resmungou, cruzando os braços e se afundando no banco, mas sorrindo escondido por finalmente ter um dia menos cansativo. ― E porque você quer me levar nessa festa? Você nunca me levou nem em jantares da sua família porque seu pai me odeia sem motivo algum, pelo visto odiar pobre vem de família mesmo. ― O tom seco de Kaori se fez presente, ela se perguntava o que o namorado estava tramando com isso.

― Eu quero começar a te apresentar como minha namorada, já temos cinco meses de namoro e se até agora isso não foi arruinado, não tem pra que eu não te apresentar. Eu sei que festas de ricos são chatas, mas eu prometo que vou compensar depois de alguma forma. ― Kaori o olhou surpresa assim que ele terminou de falar, nem ele mesmo imaginava que ia a apresentar para todos que conheciam sua família, mas ela realmente já havia se tornado parte dele. Aproveitando que o carro estava parado em um sinaleiro, soltou seu cinto para se enfiar desengonçadamente no banco da frente para alcançar o porta-luvas do carro, sorrindo ao ver a caixinha que havia guardado ali e logo voltando para o seu lugar. A abrindo, pegou a delicada pulseira com um pingente de borboleta folhado de ouro, notando o olhar desconfiado da namorada, logo agarrou o pulso da mesma e subiu a manga direita de seu blazer escolar, se assustando com a reação da garota de puxar o braço de volta bruscamente.

― O que pensa que está fazendo? ― O olhou irritada, segurando seu braço em seu peito.

― Além de pobre é burra? Eu vou apenas colocar a pulseira que eu comprei pra você! Deixa de ser tão ingrata e deixa eu colocar ela sua pobre chata. ― Já estressado com a situação, puxou o braço dela de volta, mas claro que de forma delicada, ele jamais machucaria Kaori. Colocou a pulseira com todo cuidado, mas notou alguns roxos em seu braço, os encarando intrigando. Shiomi novamente puxou o braço de volta e o cobriu com a manga novamente, murmurando baixinho um “obrigada”. O casal seguiu em silêncio durante todo o caminho, pararam na cafeteria e aguardaram o motorista trazer os pedidos já previamente preparados e continuaram sem falar uma palavra enquanto comiam no caminho para a escola. Gaara se sentia intrigado, já havia reparado alguns roxos pelo corpo da namorada, contudo ela sempre afirmou que ele fez sem nenhum dos dois perceberem e não era para machucá-la, mas agora vendo em seu braço uma pulguinha surgiu em sua orelha, algo com certeza acontecia com a garota e ela não falaria até que Gaara conseguisse a convencer. Já havia conhecido o pai de Shiomi e ele não lhe pareceu uma pessoa muito agradável, se ele estivesse fazendo algo ruim com a filha, Mizushima com certeza sairia de si para protegê-la. 

Assim que ambos saíram do carro quando chegaram na escola, passaram a andar lado a lado enquanto Kaori ainda bebia seu café. Um barulho alto foi ouvido perto deles antes que adentrassem os portões e perceberam um homem de meia idade que havia derrubado suas compras.

― Que filhos da puta! Olha o que fizeram com o meu carro! Eu juro que se eu pego quem fez isso… ― Esbravejando furioso, o homem dava socos no ar depois de ver um grande olho pichado na lataria e nos vidros de seu carro com uma tinta vermelha. Gaara sabia que o fato de Kaori ter os cabelos tingidos de loiro, as pessoas certamente a tratariam como se ela fosse uma criminosa, tratando de a colocar do seu outro lado e passar seu braço pelos ombros da namorada para que o homem não fosse um maluco e achasse que ela teria algo a ver com aquilo, já que assim que colocou os olhos no casal ele lançou um olhar feio para Shiomi. O japonês sentiu uma sensação esquisita ao ver aquele símbolo, sentia que sabia o que estava acontecendo, mas não tinha certeza do que. Aquela segunda-feira não estava sendo muito rotineira e tudo parecia estar montando um luxuoso triplex na cabecinha de Gaara.

ESCOLA DE KAMAKURA, 09H00

08 DE MARÇO

O vento estava refrescante e a escola possuía diversas árvores frondosas com sombras chamativas para se tirar uma bela soneca. E era em uma delas mesmo que Higasa Akari se encontrava deitada com a cabeça encostada em sua mochila enquanto dormia profundamente. Sua noite havia sido cansativa, havia se enfiado em um clube de procedência duvidosa para se divertir mesmo sabendo que teria aula no dia seguinte e seria obrigada por seu pai a ir. Sua cabeça doía como se tivesse um elefante pisando insistentemente nela e sentia uma sensação de queimação em seu nariz, Akari sempre jurava que seria a última vez que fazia merda, mas nunca conseguia encerrar esse ciclo de autodestruição. Se espreguiçando assim que acordou de seu sono, não se importando com o atraso para entrar na aula, olhou de soslaio Shiomi Kaori e Mizushima Gaara passando por ali. Parecia ser um casal bonito de fato, os dois combinavam. Akari queria poder ter um relacionamento tão bonito quanto o deles aparentava ser, mas ela sabia muito bem os segredos que os dois ali escondiam um do outro e se ela contasse isso geraria um gigantesco caos na vida de ambos. Se fosse escolher uma palavra que definisse aquele casal seria “mentira”, e Akari aguardava o momento certo para fazer essa bomba explodir. 

Não sentia a mínima vontade de ir para a aula, andando como se estivesse sendo arrastada até chegar no longo corredor que levava à sala 26-B enquanto desembaraçava de qualquer jeito seus fios alaranjados. Revirou os olhos para o olhar irritado e reprovador da senhora Taguchi, a professora de biologia de sua turma, e se sentou em seu lugar no fundo ao lado de Kita Masako, uma das pessoas de seu grupinho da escola, que assim como ela tinha seus cabelos tingidos, mas em um tom aloirado como o de Kaori. Não iria prestar atenção na aula de qualquer forma, então começou a rabiscar um esboço de desenho em seu caderno, focando completamente no que estava fazendo. Os riscos começaram a formar um rosto agoniado e mesmo não gostando do resultado, Akari continuou desenhando até que ouviu um barulho alto em sua mesa, dando um pequeno pulo de susto. 

― Olha só, eu estou cansado de ter que te aturar na sala de detenção e monitoria todo santo dia porque você consegue irritar todos os professores com seu desprezo pelas aulas. É melhor você começar a tomar um jeito ou eu juro que sua punição vai ser limpar a escola inteira com uma escova de dentes. ― A voz de Chiziwa Akira soou ríspida mesmo ele tendo falado em um tom baixo para que ninguém além de Akari ouvisse. Ele havia jogado um livro de biologia em sua mesa, já que a senhora Taguchi havia passado uma atividade de pesquisa enquanto saia para resolver sabe se lá o que na diretoria. Era rotineiro Akari ficar depois das aulas na detenção e receber uma hora de uma aula extremamente tediosa e chata fornecida por Chiziwa Akira, um dos melhores alunos da classe junto de Wang Zian, junto dos outros alunos considerados baderneiros. 

― Não sei porque só pega no meu pé, a Kaori também não se importa com as aulas e só dorme, mas é só comigo que você implica não é mesmo? ― Resmungou enquanto olhava para a loira que estava dormindo jogada em sua carteira enquanto Renji, que era sua dupla de carteira na sala, fazia um confortável cafuné enquanto conversava com Gaara que estava na mesa ao lado. 

― Diferente de você, ela trabalha em dois empregos, então não tem o mínimo de tempo para ficar aqui depois da aula com os outros baderneiros. Eu não gosto dela também, mas pelo menos ela não me dá trabalho, diferente de você que não faz nada da vida. ― O sorriso debochado começou a tirar Akari do sério. Chiziwa parecia ser o aluno perfeito e o maior exemplo de educação, mas ninguém desconfiava que o garoto realmente odiava quase todos daquela escola e Akari estava nessa lista. Saindo dali deixando Higasa o fuzilando com os olhos, Akira voltou a se sentar em sua carteira que estava do lado da de Zian, o qual lia um livro do Stephen King pego da biblioteca da escola por já ter terminado sua atividade. Bufando irritada, começou a fingir que estava lendo aquelas palavras complicadas do livro de biologia aberto numa parte sobre mitose e meiose.

Por ela, estaria deitada dormindo em sua confortável cama enquanto Ravena, sua gata de estimação, subia em cima de sua barriga para dormir junto da dona, mas não, estava ali naquele pequeno inferno escolar porque seu pai estava insistindo para que ela não entrasse no mesmo caminho ruim que ele estava. Contudo, se era o mais fácil, porque não adentrar nisso? Morrer seria uma aventura de qualquer forma, ela só agilizaria o processo entrando no mundo do crime como seu pai, mas ele não entendia isso e apenas a forçava a estudar para que de acordo com ele tivesse um futuro. Para Akari isso era bobagem, preferia estar vadiando por aí do que na escola com pessoas tão insuportáveis.

Folheando aquelas páginas lotadas de textos e imagens do livro de biologia, seu olhar parou em um pequeno olho desenhado no rodapé da página sobre cadeia alimentar, o olhou curiosa e intrigada, procurando alguma outra coisa relacionada a isso ou algum outro desenho, mas nada que fosse parecido, havia apenas uns rabiscos falando sobre o quanto a senhora Taguchi era chata. Olhou um tanto intrigada para sua companheira de sala, mas notou que Masako também dormia e até mesmo babava sob seu caderno. Alguma coisa estava para acontecer e Akari esperava que fosse algo caótico para aumentar os ânimos daquela cidade.

ESCOLA DE KAMAKURA, 09H50

08 DE MARÇO

Renji encarava o relógio da sala ansiosamente, a próxima aula seria de educação física e ele estava doido para encher o saco do senhor Katayama para que jogassem basquete em sua aula, precisava demonstrar suas habilidades de capitão do time e de quebra arrancar suspiros de diversas garotas que ficavam o olhando da arquibancada. Kaori dormia num sono profundo ao seu lado, dava para ouvir sua respiração calma e feição de tranquilidade. Abarai sabia que a amiga não tinha muitos dias de tranquilidade então deixava ela dormir em paz e não deixava que chegassem perto para a acordar. Talvez seu pequeno ranço por Chiziwa Akira tenha aumentado no dia que o nerdola metido a besta veio caminhando ao encontro da carteira de Kaori para acordá-la, Renji ameaçou jogar o livro pesado de história na cabeça dele e disse que ninguém mexeria com sua jóia rara. Claro que depois teve que se explicar para Gaara que em um tom ciumento perguntou que história era aquela de jóia, mas entendeu o jeito carinhoso do primo e sabia que a loira havia conquistado um espacinho no grande coração de Renji. Ele tinha seus protegidos, o garoto de poucas palavras mais conhecido como Wang Zian também entrava em sua lista restrita, enquanto para os outros Renji não poupava as palavras brutas e o jeito convencido. Sabia que as condições de Wang e Shiomi não eram boas, então procurava ajudar da forma que conseguia, sabendo que sua situação estava decaindo cada dia mais também e continuaria não deixando que seu primo soubesse disso. 

O japonês sempre queria abraçar o mundo todo e proteger todos que amava, queria que isso fosse realmente possível, mas a cada dia que passava e tentava resolver problemas que não deveria estar se metendo ele se via cada vez mais incapaz disso. Distraia sua cabeça barulhenta quando jogava basquete ou quando cozinhava algo, eram as únicas coisas que o fazia se sentir longe de toda a confusão que andava acontecendo e não via a hora de conseguir resolver tudo.

― Renji…não está achando o dia de hoje estranho? ― A voz intrigada de Gaara o acordou de seus devaneios, o fazendo virar seu olhar para o primo.

― Como assim estranho? ― Indagou, arqueando uma das sobrancelhas.

― Sei lá, estranho, está com um clima estranho. Ou eu que estou enlouquecendo mesmo, consegui ser até menos bruto com essa chata aí. ― Apontou para Kaori. ― Picharam um olho em um carro próximo daqui, achei esquisito, nunca acontece nada nessa cidade entediante.

― Estranho mesmo, mas deve ser só mais algum baderneiro fazendo merda, não duvido nada que algo do tipo tenha vindo de Hagasa e sua turma. ― Riu ao imaginar a cena de Akari pichando algo, mas realmente poderia ter sido algo vindo dela, a garota era extremamente problemática e conseguia superar o medo que Kaori botava em todo mundo, ninguém se atrevia a ficar muito próximo da garota de fios alaranjados e sabiam que era um problemão na certa.

― É, pode ter sido. Ela é maluca, eu não gosto dessa fedorenta desde que minha pobre de estimação demonstrou não gostar da presença dela. Hagasa parece fazer de tudo para provocar a Kaori, não gosto disso, um dia ela ainda vai se ferrar muito. ― O tom desgostoso se fez presente, apesar de tudo Gaara odiava que ficassem mexendo com Kaori, sabia que a namorada explodiria a qualquer momento e ele não queria estar na pele da pessoa. 

― A que você vivia chamando de pobretona realmente te conquistou, não é mesmo? Mas também não gosto muito da Hagasa não, ela é muito problemática e foi essa desgraçada que saiu espalhando que eu como todo mundo, a única vantagem disso é que aparece muito mais gente me querendo. ― Soltou um sorriso galante. Renji de fato não saia transando com qualquer pessoa por aí, talvez Akari tenha pegado raiva dele por alguma rejeição ou algo do tipo e saiu espalhando por aí que ele fazia isso. O cômico é que ao invés de o prejudicar isso só o ajudou de certa forma, era a única coisa pela qual agradecia Hagasa em segredo.

― Para de falar besteira, essa pobretona fedorenta jamais me conquistaria. ― Disse Gaara emburrado, mas por dentro concordava com o que o primo disse. ― Quem diria que Hagasa faria a boa ação de trazer diversas garotas para ficarem correndo atrás de você. ― Riu, enquanto levantava e se espreguiçava. ― Agora sai daí, quero ficar perto da minha pobre. ― Deu alguns leves chutinhos no pé de Abarai, insinuando que o mais alto saísse de seu lugar alto. 

― Para sua sorte eu só vou sair porque já está para dar a hora da aula de educação física e estou pronto para derrotar os fracotes da turma se o senhor Katayama ouvir minhas súplicas e deixar que a gente jogue basquete. ― Esfregou as mãos uma na outra e sorriu animado imaginando o tombo que todos os seus adversários levariam na quadra se tentassem passar por ele.

― Argh, basquete? Pra pobres suados encostarem em mim no jogo? Fala sério Renji. ― Gaara revirou os olhos enquanto se sentava ao lado de Kaori, passando o braço pelo ombro da garota e sussurrando em seu ouvido para que acordasse.

― Qual foi Gaara? Vai perder a chance de dar um murrão no Chiziwa? Sério? ― Olhou sorrindo indicando que aprontaria algo. Gaara e Akira se odiavam, o Chiziwa sempre arranjava um motivo para implicar com Mizushima desde que o mesmo trombou com o principezinho nos corredores da escola e saiu sem falar nada. Que culpa Gaara tinha se estava atrasado para conversar com a diretora daquele muquifo? Por Akira odiar seu primo e cutucar a onça com vara curta, claro que Renji estava absolutamente pronto para bater se ele ousasse tentar algo contra seu quase irmão, ninguém mexia com Gaara, apenas se conseguisse passar por ele primeiro, o que era nitidamente impossível.

― Tudo bem, vou agradecer então se for basquete. ― Gaara sorriu cúmplice para o primo.

Assim que o horário da aula de biologia finalmente acabou, todos comemoraram por ser educação física e Renji com seu jeitinho teimoso conseguiu convencer o professor a deixar os meninos jogando basquete e as meninas no vôlei, além de ter conseguido convencer Katayama a deixar que o urso do time de basquete escolhesse os membros do seu time, obviamente fazendo com que Gaara jogasse junto dele. 

Enquanto o outro time era escolhido, olhou preocupado para Kaori que estava na grande arquibancada, ela parecia cansada demais para qualquer atividade física e sua mão estava em sua barriga, como se sentisse dor.

― A Kaori está bem? Ela parece estar sentindo alguma dor, desde quando chegou ela resmunga de dor na barriga. ― Sussurrou baixinho para Gaara que estava ao seu lado, voltando para olhar para a garota em seguida, a qual estava jogando algum jogo de puzzle em seu celular.

― Eu sinceramente não sei, sinto que tem algo acontecendo e ela não quer nos contar. Hoje vou ver se consigo descobrir algo e te dou atualizações, mas eu duvido muito, Kaori nunca diz nada que a atormenta. ― Gaara o respondeu preocupado também, matutando o que deveria fazer para que Shiomi falasse.

― Espero que descubra ou eu vou ser obrigado a ativar o meu modo Ozaki Sakura de ser. ― O japonês disse em tom de brincadeira, mas assim como Mizushima, faria de tudo para proteger a amiga do que quer que estivesse a machucando. 

Focando no jogo assim que o apito do professor soou naquela quadra gigantesca, Renji via os adversários como se fossem pinos de boliche, derrubaria todos que fossem preciso para garantir seus pontos na cesta desde que parecesse um mero esbarrão acidental. Estava tão focado que nem o barulho de gritaria e alguém caindo com tudo o fez parar de seguir seu caminho até a cesta.

― Quando você parar de ser um merdinha filha da puta que se acha pelo dinheiro quem sabe a gente converse Gaara. ― Foi só ao ouvir o nome do primo que Renji parou tudo o que estava fazendo e virou furioso para quem estava dizendo aquelas coisas, vendo a cena de Mizushima em pé respirando de forma rápida e aparentemente furioso e o meliante que havia o xingado no chão, rindo irônico da feição do mais alto. Realmente estava sendo uma segunda-feira agitada e Renji não iria deixar aquilo passar batido.

ESCOLA DE KAMAKURA, 09h50

08 DE MARÇO

 

Chiziwa Akira suspirou profundamente enquanto soltava o lápis desgastado em sua mesa, havia acabado os exercícios de biologia e massageava suas têmporas por a dor de cabeça estar começando a consumi-lo depois da pequena bronca que havia dado em Akari. Akira odiava os baderneiros e a japonesa estava nessa lista, eles sempre davam muito trabalho e aquela porcaria de escola colocava justamente Akira para cuidar da detenção e monitoria, já que os baderneiros sempre tiravam notas baixíssimas, por ele ser o representante de classe. Olhava curiosamente para o livro que Zian estava lendo ao seu lado, se tratava de Pet Sematary de Stephen King, o mestre do terror.

― Você não cansa de ler essas coisas de terror não? Não sei como consegue. ― Akira foi respondido com um aceno de cabeça negativo de Zian, que continuava atento ao seu livro e lançava olhares surpresos com o que lia. ― Sabe, você deveria falar mais, quase ninguém aqui sabe como é sua voz. ― Resmungou do jeito silencioso do amigo, que por sua vez apenas o olhou como se ele estivesse louco e mostrou seu dedo médio. ― Além de mudo agora é mal educado também! ― Resmungou novamente, ouvindo apenas uma risadinha vinda de Zian. Akira encheu tanto o saco do chinês tentando o conhecer e ser seu amigo que ele finalmente o aceitou e troca algumas palavras com o japonês, mas mesmo o considerando seu amigo, Akira se sente curioso quanto a vida de Zian que nunca diz nada relacionado a isso e lança olhares furiosos quando Chiziwa teima em perguntar algo. Porém, se o amigo não quer falar, claro que Akira não vai ser louco de ficar insistindo. Acha engraçado o jeito calado de Wang, isso com certeza deve o poupar de muitos problemas. 

Sentiu o clima começando a ficar pesado e quando levantou seu olhar novamente para a frente da sala viu Sakura vindo na direção deles, ouviu Zian bufando irritado por trás de seu livro e ele mesmo revirou os olhos com a presença da garota que simplesmente havia invadido a sala deles e caminhava com duas caixinhas de chocolate em mãos.

― Senpai, eu vim trazer chocolates para você! Eu trouxe uma caixinha para o Zian-kun também porque sei que o senpai gosta de doces, vive aceitando os do Renji-kun. ― A voz enjoada da garota fez Zian expressar uma feição de desprezo, preferia continuar lendo seu livro e não dar atenção para aquela maluca. 

― Não queremos, pode ir embora agora. ― O tom sério de Akira se juntou com o seu olhar também sério, se irritando com a expressão falsa de choro que Sakura esboçava. ― Nem vem com essa cara falsa de choro, todos aqui sabemos que você é uma stalker maluca e se você continuar perseguindo a gente eu vou te denunciar. ― A ameaça séria em tom baixo para que apenas ela ouvisse, fez com que a garota esboçasse uma feição de ódio enquanto saia a passos pesados da sala junto das caixas de chocolate. Já haviam se passado meses e Akira ainda não havia descoberto como se livrar daquela chatice e isso começava a incomodá-lo.

Caminhando lentamente para sua aula de educação física, ele realmente não estava disposto para atividades físicas, mas queria continuar sendo o aluno perfeito então mesmo que se irritasse jogando em meio a diversas pessoas suadas e fedorentas, gostava mais de sua nota do que da arquibancada que parecia muito confortável naquela aula. O jogo da vez seria basquete e ele já sabia que precisava ficar o mais longe possível de Abarai, afinal o garoto era como uma máquina de destruição na quadra. Não sabia como Zian conseguia ser amigo dele, o capitão do time parecia ser tão bruto e convencido, mas de acordo com Zian ele era muito legal. Talvez o chinês estivesse enlouquecendo de fato, mas Akira nunca saberia. O amigo costumava ser bem imparcial em discussões, nunca se meteu nas pequenas brigas diárias de Mizushima e Chiziwa, continuava sendo amigo do Abarai que sempre defendia o primo e seu amigo, apenas falando para ambos os lados que tudo aquilo era bem desnecessário.

Por não estar com a mínima vontade de jogar, ficava a maior parte do tempo zanzando pela quadra, o que não foi lá muito inteligente já que numa dessas zanzadas Gaara acabou esbarrando nele e caindo no chão.

― Você é burro? É cego? Pelo amor de deus garoto sai do meio da quadra, se não quer jogar vai na arquibancada, mas não fica atrapalhando os outros não seu nerdola. ― Mizushima exclamou irritado enquanto se levantava.

― Me desculpe se eu entrei no caminho de vossa majestade mas é que pelo que eu saiba a quadra ainda é propriedade de todos e posso ficar onde eu bem entender. ― Sorriu irônico, vendo que o rosto de Gaara foi tomando um tom mais avermelhado pela raiva que estava sentindo. ― Não quero ser um vagabundo igual a sua namoradinha ali que não está fazendo absolutamente nada, mas também não quero me empenhar nesse jogo então por favor Gaara me erra!

― Você chamou a Kaori do que? ― Akira nem ao menos viu o que tinha acontecido, quando percebeu estava no chão com Gaara furioso em pé após ter o empurrado com toda a força que podia. Toda a paciência que ele já não estava tendo naquele dia, se esvaiu completamente naquele exato momento.

― Quando você parar de ser um merdinha filha da puta que se acha pelo dinheiro quem sabe a gente converse Gaara. ― Soltou furioso, vendo Zian no fundo balançando a cabeça negativamente por saber o que aconteceria. Gaara o olhou com mais ódio ainda e bastou alguns segundos para que Renji logo brotasse na frente de Akira, que ainda estava no chão, como se quisesse o matar da forma mais cruel possível.

― Repete o que você disse seu arrombado, repete agora! ― Aumentando o tom de voz a cada palavra, Renji estava realmente furioso, era de conhecimento de todos que o japonês odiava quando xingavam um de seus protegidos, mas não é como se Akira se importasse com isso.

― Eu chamei ele de merdinha filha da puta, quer que eu repita de novo ou você é surdo? ― Retrucou rindo irônico, se sentindo o garoto mais corajoso do mundo naquele momento, sabe que só não apanhou porque os outros garotos vieram segurar Renji e o levar para longe. Cansado daquela merda de aula, apenas se deitou naquele chão e olhou para o teto da quadra, vendo um sutil olho pichado em vermelho. ― Como caralhos alguém subiu ali para pichar isso? ― Indagou arqueando uma sobrancelha enquanto olhava para o símbolo.

Nenhum deles havia percebido os sinais que começavam a chegar, mas Yokai estava ali e mais perto do que nunca com o seu clima caótico e sombrio, prometendo aterrorizar os mais corajosos que ousassem se inscrever no jogo. O olho que tudo vê estava por todos os cantos, os juízes vinham os observando fazia um bom tempo e prometiam fazer da edição desse ano a mais turbulenta possível. Agora era real e não tinha mais para onde fugir, seria você um campeão ou desistiria na primeira fase?


Notas Finais


Depois ajeito possíveis erros, espero que gostem!


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