soular

Acontece que quando a bactéria comedora de cérebro está no horário de almoço, Minji sente a necessidade de entupir-se de nicotina, sugar algumas palavras de desgosto, apreciar o sabor dócil da uva (ela gosta de acre-doce no palato) e soprar para longe o fato de que nunca será suficiente à olhos famintos de poder e medo. Resta gastar a vida sentindo o coração vibrar — mesmo que seja asma, quiçá — de paixão pela dócil atendente da locadora de filmes e a imortal regalia de ter 5,50 para mais um vinil consumador de almas.

Há o conformismo e o conformado, um beija todas as noites e o outro quer que beijos sejam extintos, pois o que vem depois do beijo é a pergunta, e o que vem depois da pergunta é a verdade, e o que vem depois da verdade é a liberdade, e é exatamente essa liberdade que eles não podem permitir. Eles, os itens mais caros e mais desejados por olhos fúteis. Bip!

Não há muito o que se esclarecer acerca de Minji, além de uma linha retinha duma frase só: ela pretende ser alguém melhor. 
Livrar-se de amarras passadas, virar uma figura devota à vida sem ao menos seguir um criador.
E se não conseguir, bem… 
Ela pode continuar saindo aos sábados logo depois do pôr do sol com sua guitarra platônica de família e tentar de novo, de novo e de novo. Ainda haveriam melodias inéditas para tentar a sorte por aí, um montão de saquinhos de bananas frita nas esquinas para forrar o estômago ultrajado dela; Hanni ainda a amaria.