Boladossaura

Há algo do outro lado do espelho, e não é seu próprio reflexo.
O fim de semana tinha tudo para ser memorável. Um grupo de universitários amontoado em uma kombi, animados por estar pagando barato para passar o feriado longe das responsabilidades e planejando fazer absolutamente nada de produtivo. Em uma viagem regada à muita bebida, música e flertes, nenhum deles podia imaginar o que estava por vir.
O espelho era grande, velho, inofensivo. Não fazia sentido estar tão bem escondido, espelhos não machucam ninguém. E de fato, o espelho em si não traz nenhum mal. Mas o que vem de dentro dele não promete o mesmo.
Durma de olhos abertos, se atente aos sinais e, principalmente, não confie nem nos mais próximos de você.
Porque um de vocês já foi pego.

Respire fundo.
Você não sabe o que aconteceu, todo o passado é um borrão escuro na memória. Tudo que você sabe é que um dia fechou os olhos, e quando os abriu, tudo estava errado. Você estava no Triângulo.
O nome é mais literal do que aparenta. Uma sala inteiramente branca de três paredes, que se unem no teto formando uma ponta. A luz forte lhe incomoda os olhos, sua cabeça lateja. Você não tem ideia de como chegou ali, mas isso não é o mais apavorante. Você também não tem ideia de quem é.
Sua história, sua família, toda e qualquer memória foi apagada. Sua mente é um lugar vazio, tão branco quanto a sala onde você acordou. O desespero toma conta de seu ser, mas você não está sozinho.
Existem cinco de vocês no Triângulo. Cinco mentes apagadas, cinco desconhecidos que acordaram no inferno. Para sair de lá, vocês terão que resolver uma charada. Ela dará a chave para sair da sala claustrofóbica, mas ainda não é o fim.
Porque depois do Triãngulo, existe o Labirinto.
Será que você é capaz? Será que conseguirá passar por um labirinto imenso; solucionando enigmas e enfrentando ameaças? Será que você conseguirá lembrar quem é e descobrir a origem desse jogo doentio?
Será que você fará tudo isso mantendo sua sanidade?
Só existe um jeito de saber.
Senhoras e senhores, bem vindos ao Triângulo. 

Na verdade, estranho seria se eu não me apaixonasse por Nando Reis.

Músicas para dividir um fone de ouvido com um alguém. Músicas para chorar quando esse alguém vai embora. Músicas para guardar o amor, para esperar respostas. Músicas que fazem um relicário.
Em homenagem ao homem que fez música para todos os momentos possíveis da minha vida, uma coleção de crônicas inspiradas em sua arte. Um jeito platônico de retribuir tantos corações construídos e reconstruídos.

"O mais forte que há na música, na arte, é a humanidade." - Nando Reis