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San tinha apenas dois objetivos: honrar Neela e se livrar de Gaderel. Se não poderia ser rei, teria poder escorrendo por suas mãos de uma forma ou de outra, mesmo que custasse sua própria paz e seu equilíbrio com a Deusa e o Deus. Contudo, seu caminho de pecados foi atravessado por um plano ruim e por um tritão de sorriso metido que parecia ter vindo ao mundo para lhe enfurecer, e San o queria morto.

“Enquanto houver vida, nós existiremos; enquanto nos caçarem, nós os mataremos. E enquanto ainda houver a ira, nós perseveraremos.”

Deuses sempre foram criaturas amadas na mesma medida que foram odiadas e temidas. Suas batalhas épicas foram contadas através dos tempos e suas histórias entrelaçadas e atemporais trouxeram seguidores e adoração, porém, seus atos de fúria — justificados ou não — se tornaram cada vez mais frequentes, até que toda a adoração se tornasse terror.
E isso foi refletido em suas vidas eternas: seus templos foram destruídos e soterrados, enquanto seus poderes aparentemente sem limites tornaram a humanidade ávida por encontrar algo que pudesse se equiparar a eles, para que pudessem se proteger e controlar os espíritos eternos que ameaçavam a vida de todos, ou assim eles pensavam.
No fim, na guerra entre humanos e deuses, a maioria armada venceu e os deuses se viram presos pelo que pareceu uma eternidade, escondidos e aparentemente esquecidos. Agora que seus nomes não são mais lembrados como outrora e a terra já é outra, eles foram libertados e estão buscando por glória novamente, nem que para isso precisem fazer com que a humanidade toda pereça.

“— É uma aposta simples, vocês sabem. — Kërdi soltou uma risada baixa, apreciando a apreensão alheia — A menos que estejam com medo de se apaixonarem pelos pedaços de carne.”

De tempos em tempos, os deuses se sentem entediados: há um limite para o que se pode aproveitar, uma vez que nada é extraordinário e tudo pode ser visto ou feito. Por isso, há certas ocasiões em que eles se sentem no direito de se inserirem entre os humanos e fazerem brincadeiras, mexerem nas coisas e mudarem certas linhas temporais que parecem certas no momento.
Portanto, não foi surpresa nenhuma quando, no ano de 1856, eles decidiram apimentar a temporada social britânica no auge da era vitoriana, com uma aposta amigável entre os familiares, para sua satisfação pessoal e por terem um desgosto pessoal pela hipocrisia vitoriana.
Disfarçados como uma grande família da nobreza com raízes em diversos países próximos, eles se instalaram na cidade com a falsa pretensão de encontrarem casamentos e talvez alianças valiosas, além de um motivo para permanecerem na Inglaterra por um tempo, visto que não possuem carinho pelo país. E isso certamente causou um alvoroço entre famílias mais abastadas e até mesmo as pessoas mais simples: quem roubará o coração dessa família tão exótica e encantadora?
Já do lado dos deuses, a aposta é simples: aquele que se apaixonar primeiro por um humano e dar a ele o direito ao pedido de vida e morte, terá cem anos de punição

Jeon Jungkook nunca viu graça no amor romântico. Para ele, toda aquela tradição de se unir a alguém para o resto da vida e ter filhos era uma bobagem que só. A Noite dos Laços parecia mais um castigo divino do que uma bênção. Tudo o que ele queria era explorar o mundo a sós e nunca ter que pensar em casamento.
Entretanto, os Deuses estavam entediados e isso nunca era um bom sinal.