História Anfitriões da noite - Jaime être autour de toi

Capítulo 14 - "Gosto de ficar perto de você."

Ao contrário do que pensava que aconteceria, naquela manhã de segunda-feira, Sakura levantou com bastante disposição e bom humor, apesar de ter passado a maior parte do dia anterior desempacotando suas coisas e arrumando-as no melhor quarto de hóspedes da casa de Tsunade. 

Ela levantou da cama sentindo o corpo inteiro doendo, porém estava bem animada para começar o dia. 

Acordou um pouco mais cedo do que o habitual, afinal, não estava mais na casa dos pais, então não teria café da manhã pronto nem nada do gênero. Então depois de se arrumar, ela desceu até a cozinha e pegou um iogurte da geladeira. 

Além de ter arrumado suas roupas no closet e tudo mais, também tinha ido ao supermercado fazer umas compras para abastecer a geladeira e os armários com comidas que nitidamente jamais entraria na casa dos seus pais — tipo o iogurte de chocolate. Sua mãe odiava chocolate porque dizia que engordava, então era um privilégio que Sakura só via quando saía para comer fora com os amigos ou algo assim, mas nunca foi algo presente em sua própria casa. 

Não que ela pretendesse só ficar comendo porcaria, afinal, comprou um monte de coisas saudáveis — das quais Naruto, que estava lhe acompanhando na hora das compras, ficou totalmente confuso ao ver que ela estava colocando no carrinho —, mas tinha umas besteirinhas no meio também. E talvez por isso estivesse tão animada, afinal, agora não tinha mais regras para seguir. 

E além de tê-la ajudado com as compras no supermercado, Naruto também a ajudara a lavar o carro de Sasuke, já que ela tinha que devolver naquela segunda e não queria dar motivos para ele ficar falando nada. E foi praticamente um favor que fizeram, já que o carro estava todo empoeirado e sujo mesmo.

De qualquer forma, ela estava de bom humor quando saiu de casa naquela manhã. Naruto tinha vindo lhe buscar com seu próprio carro, já que ela ainda não sabia onde era o ponto do ônibus da escola no bairro da tia. E como ele ofereceu carona, ela aceitou.

— Você tem trabalho voluntário hoje? — Naruto questionou enquanto dirigia em direção à escola, já na metade do caminho. 

Sakura parou de olhar suas redes sociais, ainda vendo as fotos que o pessoal que fora em sua festa postara, checando os comentários e vendo que só tinha coisas positivas. 

— Hoje não. — ela respondeu ao loiro com um sorriso bem humorado. 

— Tá a fim de sair com o pessoal? — ele indagou daquele jeito animado de sempre. — Vamos dar aquela saída costumeira depois do treino. Para aquela lanchonete lá perto da escola.

— Ah, mas eu não sou mais parte do time de torcida. — Sakura o relembrou disso. 

A tal saída costumeira a que ele se referia era de quando os meninos do time e as meninas da torcida terminavam de treinar depois da aula e iam todos comer alguma coisinha pra sair de galera.

— E daí? Ainda somos todos amigos, não? — Naruto riu. — Não é só porque você não fica pulando de mini-saia e pompons que não pode mais se juntar a nós.

— Tá bom então. — ela concordou dando de ombros. — Vou ficar na arquibancada esperando vocês terminarem e aí a gente vai.

— Beleza. — Naruto estava claramente feliz por ela ter aceitado. Talvez porque realmente fosse estranho a galera deles sair sem Sakura no meio, afinal, sempre andavam juntos. Praticamente o ensino médio inteiro fizeram isso, então não queriam perder o costume. 

Assim que os dois chegaram na escola, ninguém pareceu particularmente surpreso por ela estar saindo do carro de Naruto, afinal, quando eram namorados, ele sempre lhe dera carona — e também, a maioria das pessoas ali teorizava que eles ainda estavam juntos, embora não oficialmente.

E assim como imaginava que aconteceria, Sakura se viu cercada novamente por uma multidão de gente querendo falar consigo sobre a última festa. 

Tinha gente dizendo que a festa tinha sido incrível. Gente querendo saber se venderiam ingressos antes da próxima festa acontecer — porque não tinham conseguido entrar antes que lotasse. Gente querendo saber o próximo tema — e sugerindo possíveis temas. 

Resumindo: foi uma luta só ela ter conseguido entrar na escola sem ser esmagada. Naruto ainda tentou afastar as pessoas e abrir caminho, porém era difícil lutar contra metade dos estudantes da escola inteira.

Sakura nem ao menos conseguiu achar as amigas para jogar um pouco de conversa fora ou algo do tipo, porque ainda ficou cercada de gente até o momento do sinal bater, anunciando a primeira aula.

Pra variar, naquele dia tinha teste de matemática. E óbvio que ela não conseguiu estudar direito, mas nada do que já não fosse esperado, afinal, mesmo em suas condições normais, ela era péssima em matemática. 

— Acho que consigo tirar 40, pelo menos. — ela comentou com Ino mais tarde, já no horário de almoço, enquanto as duas comiam escondidas no vestiário feminino, que estava vazio naquele horário. 

— Nota 40 de 100? — Ino resmungou de volta. — Parece uma boa nota. 

— Considerando que eu não sabia nada do teste? — Sakura retrucou. — Vai ser sim uma boa nota.

— Se você tá dizendo…

— Ah, qual é? — Sakura suspirou. — Geralmente eu ainda consigo estudar para manter tudo acima da média, mas matemática é realmente meu ponto fraco. E dessa vez eu nem consegui estudar direito para ver se conseguia ao menos um 60.

— Amiga, relaxa. Foi só o primeiro teste. Você recupera nos próximos. E além disso, o professor sempre passa aquelas listas de exercícios no final do trimestre, pra ajudar a gente a recuperar nota. 

— Aquelas listas de 250 exercícios que são um saco? — Sakura debochou. — Ino, você sabe muito bem que na maioria das vezes, a gente sempre paga pra um dos nerds fazerem pra nós.

— Exatamente por isso que não estou preocupada. — a loira sorriu. — Descobri que Sai é muito bom em matemática. Se eu sair com ele de novo, certeza que ele faz a lista de graça pra mim.

— Nossa, já tá nesse nível? — Sakura riu. — O garoto já tá topando fazer as coisas de graça pra você?

— Acho que ele gosta mesmo de mim. — Ino respondeu dando de ombros e ficando pensativa. — Não acho que seja só um “nossa, eu fui numa festa acompanhado de uma líder de torcida. Zerei o ensino médio”. 

— E quanto a você?

— Ah, sei lá. — Ino deu de ombros. — Ele é meio estranho, mas é legal. Quer dizer, ele tem uns “papo cabeça” demais pra mim, mas é legal.

— Hm, interessante. — Sakura riu um pouco. 

— Mas e você e Sasuke Uchiha? — Ino mudou logo o assunto, curiosa. — Ainda se viram durante o fim de semana?

— Não. Eu pretendia falar para ele buscar o carro mais tarde lá na casa da minha tia, porém nem consegui achar ele, como você presenciou hoje. — Sakura indicou o fato delas estarem escondidas no vestiário. — Sinceramente, mesmo sendo popular, eu nunca achei que um dia teria que ficar me escondendo das pessoas para conseguir comer em paz. 

— É que você é acessível. — Ino respondeu rindo. — Se fosse igual aquelas patricinhas malvadas de filme e tratasse todo mundo como lixo, ninguém nem ia ousar te olhar andando pelos corredores.

— Verdade. — Sakura suspirou de novo. — Mas até que é legal ver todo mundo animado desse jeito. Eu achava que o último ano ia ser um porre, com todo mundo nervoso e na bad por causa da faculdade e tudo mais. 

— Amiga, você está sendo nossa salvação. Todas as nossas fichas estão na senhora.

Sakura riu de novo.

#

Assim que o último sinal bateu, Sasuke saiu da sala de espanhol e começou a procurar por Sakura pelos corredores da escola. Não tinha visto ela o dia inteiro, mas sabia que ela estava no colégio, afinal, não era do tipo de faltar sem motivo. 

A não ser que tivesse um motivo.

Será que acontecera alguma coisa entre ela e os pais depois que saiu da casa dele?

Mas Karin tinha lhe garantido que vira a garota num intervalo aleatório entre aulas, então provavelmente não fora nada de mais.

Depois de procurar bastante, ele a encontrou na área externa do colégio, sentada no meio das arquibancadas do campo externo. Lá embaixo, o time de torcida estava treinando seus saltos e pulos de sempre, enquanto o time estava jogando para treinar para os próximos jogos — jogos que valeriam de verdade, dessa vez.

Sakura estava com um caderno no colo e fones nos ouvidos, provavelmente fazendo seu dever de casa, quando ele se aproximou.

Assim que chegou perto o suficiente, parou de pé ao lado de onde ela estava sentada, e esperou que ela levantasse a cabeça e o olhasse. 

— Está fugindo de mim, rainha do baile? — ele indagou com divertimento. 

— Tenho motivos para fugir de você, por acaso? — ela retrucou enquanto tirava os fones. 

— Sei lá, talvez você queira ficar com meu carro e não queira me ver pra não devolver a chave. — ele sugeriu em ironia enquanto se sentava do lado dela e jogava a mochila no chão, se sentando daquele jeito esparramado e folgado de sempre. 

— Por que eu iria querer roubar aquela sua porcaria de picape? — Sakura rebateu com deboche. — Por favor, Sasuke.

— Ei, não fale do meu bebê. É tipo uma herança de família.

— Ah, tenho certeza que sim. — ela resmungou enquanto abria sua mochila e pegava a chave da picape dele do bolso menor. — Aqui. Ela tá lá na casa da minha tia. Você pode ir buscar de noite ou coisa assim. 

— Por que não posso ir buscar agora?

— Porque eu vou sair daqui a pouco com o pessoal. — ela indicou as meninas e meninos lá embaixo, treinando no campo. — Não tenho tempo agora pra ir lá e abrir o portão pra você.

— E vai ter tempo de noite?

— Considerando que agora eu moro lá… é, acho que vou ter tempo. 

Sasuke a olhou surpreso. 

— Você agora mora na casa da sua tia? — ele indagou descrente. 

— Fui expulsa de casa por estar saindo com você, esqueceu? — Sakura explicou com sarcasmo. — Mas por sorte, minha tia disse que posso ficar na casa dela o quanto eu quiser. 

Ao contrário do que pensou que aconteceria, Sasuke não fez piada. Nem mesmo sorriu ao saber disso. Parecia bem surpreso, e talvez até chateado em saber. 

— Sinto muito. — ele murmurou baixinho. 

— Pelo quê? — Sakura franziu o cenho, confusa. 

— Por isso. Eu não queria fazer você ser expulsa de casa. 

Sakura demorou uns segundos para entender que ele achava que era culpa de si mesmo por ela estar naquela situação. 

Ela só riu um pouco e voltou a escrever em seu caderno, tentando terminar seu dever de casa de História. 

— Não seja presunçoso, Sasuke Uchiha. — ela disse com divertimento. — Não foi só por sua causa que eu saí de casa. É um acúmulo de fatores. Você ter aparecido agora só causou o estopim que eu precisava. Mas de resto, estou mais do que satisfeita com isso. 

— Está satisfeita em ser expulsa de casa? — Sasuke estava incrédulo. 

— Claro que estou. — Sakura de novo abriu sua mochila e tirou de lá uma barra de chocolate amargo com coco, 40% cacau. — Agora pelo menos posso comer essas coisas, e sair com quem eu quiser. E não ser obrigada a ir em festas e jantares chatos na casa de gente esnobe e sem graça. E muitas outras coisas que você nem sabe.

Sasuke só ficou em silêncio, assimilando enquanto ela guardava o chocolate ainda intocado de volta na mochila e depois voltava a fazer seu dever de casa. 

— Bom, então está tudo certo entre nós? Não está com raiva de mim?

— Tenho raiva de você o tempo todo. — ela voltou a responder de bom humor. — Mas não por isso. 

— Menos mal. — ele respondeu no mesmo tom e pensou por um minuto antes de continuar. — E então? Quando vou poder ir na sua casa, visitar seu novo quarto?

Sakura riu um pouco, com uma pitada de sarcasmo. Estava demorando pra ele perguntar isso mesmo. 

— Acho que só os mais íntimos vão poder visitar meu novo quarto. — ela replicou. 

— Dois dias atrás, eu estava chupando a sua boceta com gosto na minha cozinha. Quer algo mais íntimo que isso?

— Será que você pode conversar comigo pelo menos uma vez sem ficar falando obscenidades? — ela se virou quase irritada pra ele, com o rosto vermelho.

Sasuke lhe lançou aquele sorriso de lado que mexia com as estruturas internas da garota.

— Por que quer eu pare se você gosta? — ele retrucou com o tom de voz malicioso.

Sakura não respondeu nada, só sentiu o rosto queimar ainda mais antes de voltar sua atenção para o dever de casa. Ou tentar. 

Instintivamente, ela fechou mais as pernas, apertando uma coxa contra a outra. 

Não queria mais olhar pra ele. Na verdade, queria que ele fosse embora dali agora. 

Porque só de saber que ele estava ali, sentado ao seu lado, já fazia seu corpo inteiro tremer de ansiedade, desejando o toque dele. 

Ou aquela voz rouca sussurrando ao pé de seu ouvido.

Como sempre, ela estava certa, e Ino estava errada.

Ter transado com ele não fizera seu desejo passar, só o fizera piorar e ficar mais forte. Agora estava ansiando mais do que nunca que Sasuke viesse pra cima dela

Ou até pior: que ele só ficasse ali do seu lado jogando conversa fora, só para ficar perto dela. 

Que droga, por que tinha que ser tão emocionada e se apaixonar tão facilmente desse jeito? O garoto literalmente só transou com ela uma vez e já estava pensando em sair por aí andando de mãos dadas com ele, comprando presentes pro aniversário dele ou outra dessas coisas meigas e melosas que gostava de fazer.

Sakura se sentia uma idiota, e seu rosto ficou mais vermelho ainda só de pensar nisso, o que não passou despercebido pelo rapaz. 

— Não me diz que está pensando em nós dois no seu novo quarto? — ele perguntou em tom provocativo, ainda sorrindo de lado. 

— Não. — Sakura resmungou baixinho, se segurando pra não mandar ele à merda aos gritos, pra não parecer uma maluca completa.

Lá embaixo, os garotos comemoram ao conseguirem realizar uma manobra difícil com bastante sucesso.

Sasuke olhou na direção deles com certo deboche. 

— Quer dizer que vai sair com seu ex daqui a pouco? — ele questionou. 

— Claro. Foi ele que me chamou pro rolê em grupo. — Sakura respondeu o óbvio.

— Hm. — Sasuke resmungou, tentando disfarçar seu mau humor em saber, se segurando pra não suspirar de frustração e raiva. Queria parecer indiferente ao máximo, pra não demonstrar sua intimidação por ela continuar saindo com Naruto Uzumaki, mesmo que em eventos em grupo com outras pessoas.

Que droga, por que ela gostava tanto do cara assim? O que ele tinha feito pra serem tão apegados assim mesmo depois do término do namoro?

— Nesse caso, posso pegar o carro amanhã. Ou qualquer outro dia, tanto faz. — Sasuke resmungou da forma menos irritada que conseguiu. 

— Tá. — Sakura continuava com a cabeça baixa, fingindo prestar atenção em seu dever de casa só pra não olhar pra ele.

Sasuke se levantou, pegou sua mochila e começou a descer as arquibancadas para ir embora. 

Sakura ergueu a cabeça e ficou fitando as costas dele enquanto se afastava, sentindo um misto de alívio, e ao mesmo tempo, frustração, por ele estar indo embora sem dizer mais nada.

#

— Eu não consigo entender o porquê dela gostar tanto daquele idiota. — ele reclamou mais tarde, sentado numa pista de skate com os amigos no bairro periférico onde Karin morava. 

Eles tinham ido ali porque era o único dia em que todos eles estavam de folga de seus trabalhos voluntários para conseguir mais pontos para a faculdade. E porque Karin e Juugo gostavam muito de skate, então sempre queriam ir ao menos uma vez por semana ali na pista, treinar um pouco.

Naquele momento, já estavam os quatro sentados no topo de uma das beiras de uma pista em formato de U. Karin e Juugo estavam descansando e bebendo água enquanto escutavam o amigo reclamar que Sakura Haruno continuava saindo com Naruto Uzumaki. 

— Talvez ela ainda goste dele. — Juugo sugeriu e Suigetsu e Karin rapidamente o olharem feio. — Que foi? Tô dando uma sugestão sincera. Vai me dizer que vocês não pensaram nisso?

— É óbvio que pensamos, mas dizer em voz alta só serve pra aumentar ainda mais as paranóias do Sasuke. — Karin respondeu o óbvio. 

— É, e quanto mais ele ficar paranoico, mais chato ele fica. — complementou Suigetsu. — Tem que ter sensibilidade, cara.

— Obrigado pela consideração de todos. — Sasuke respondeu com sarcasmo. 

— Não amigo, calma aí. — Karin tentou apaziguar os ânimos dele. Ou melhor, a falta deles. — Naruto e Sakura fazem parte da mesma galera, então é normal que eles continuem saindo juntos com frequência. Eles têm muitos amigos em comum.

— Essa é sua tentativa de me fazer sentir melhor? — Sasuke retrucou. 

— Tá, mas o que ela disse? — quis saber Juugo. 

— Quando?

— Depois do sábado. — ele retrucou. — Vocês dois transaram, daí ela saiu do seu trailer e disse o quê?

— Ela não disse nada, só pediu a picape emprestada. Aí hoje me disse que é porque está morando na casa da tia agora. Provavelmente queria um carro que desse pra carregar as coisas pra lá. 

— Mas não comentou nada a respeito de vocês dois?

— Não. — Sasuke respondeu isso quase se encolhendo de desconforto. 

Os outros três se olharem, sabendo que não era um bom sinal.

— Talvez… — começou Suigetsu com nervosismo. — Talvez eu tenha dito umas besteiras pra ela na festa, quando tava bêbado. 

Todo mundo olhou pra ele, e Sasuke já ficou irritado, sabendo que viria alguma merda por aí. 

— O que você disse? — ele perguntou de forma contida. — Quero as exatas palavras. 

— Na verdade, eu não me lembro bem. — Suigetsu estava com um sorriso amarelo no rosto. — Eu só lembro que ela e a amiga loira gostosona estavam me perguntando umas coisas sobre você. Acho que eu falei que você só fica com as pessoas que tá a fim de comer. Ou algo assim. 

Juugo e Karin olharam pro Uchiha, temendo a reação dele, principalmente agora que estava olhando para Suigetsu como se quisesse esquartejá-lo.

— Qual é o problema? — ele questionou já se tremendo de medo, porque não duvidava nada que Sasuke lhe empurraria dali de cima. E seria uma queda feia, já que a pista tinha três metros de altura. 

— Como assim “qual é o problema”? Você tem merda na cabeça? — Sasuke começou a berrar, furioso. — Você provavelmente fodeu qualquer chance que eu tinha com a Sakura depois disso. 

— Como assim chances, cara? Você já não transou com ela?

— A questão é que eu não quero só transar com ela. — Sasuke teria o empurrado se Karin e Juugo não voassem em cima dele naquele momento e o segurassem. O máximo que ele conseguiu foi acertar um chute forte no joelho de Suigetsu, que berrou de dor naquele momento, segurando o local atingido.

— Calma, cara. — Suigetsu gemeu. — Eu tava bêbado. O contexto pode ter sido diferente naquele momento. Eu nem lembro exatamente o que elas estavam me perguntando. Já estava meio alto na hora. 

— Em que contexto isso aí poderia ser bom pra mim? — Sasuke rugiu, ainda sendo segurado pelos amigos. — Qual é o seu problema? Parece ter algum prazer pessoal em acabar com a minha vida.

— Eu juro que não fiz por mal. 

— Você sabe que ele fala muito mais merda quando tá bêbado. — Karin tentou argumentar em favor de Suigetsu. — Além das que já fala quando tá sóbrio normalmente. 

— Puta merda. — Sasuke xingou, frustrado por saber disso. 

Será que era por isso que Sakura estava agindo daquele jeito estranho com ele? Como se já não estivesse mais tão interessada agora que já tinham transado?

Ela provavelmente pensava que ele iria parar com as provocações agora que já tinham transando, então queria cortar logo esse contato e voltar a ser estritamente profissional e fria com ele. 

Só que ele não queria a Sakura fria e estranha de antes. Queria a mesma Sakura que esteve em sua casa no sábado.

A mesma que deixou que ele arrancasse suas roupas e lhe tocasse sem pudor algum. E que depois sentou em sua mesa e ficou fazendo carinho em Meio Quilo enquanto desabafavam sobre seus pais.

— Porra, como é que eu conserto isso? — ele resmungou baixinho, já sem os amigos segurando seus braços.

— Desculpa. — Suigetsu murmurou mas Sasuke só o ignorou, já com a cabeça fervilhando em ideias para tentar se reaproximar de novo de Sakura.

— Por que isso é tão importante pra você? — Juugo quis saber, curioso a respeito, afinal, Sasuke nunca se importara antes, quando ficou a fim de outras pessoas, com a imagem de “pegador” que todos aparentavam ter dele.

— Porque eu sei que a Sakura não é do tipo que só fica com pessoas. 

— Ela te disse isso? — questionou Karin. 

— Não. Mas é só olhar o histórico dela. — o moreno explicou. — Diferente das outras líderes de torcida que fazem parte da galera dela, a gente sabe que não tem histórias pelo colégio que ela fica com um monte de caras. O único namorado dela foi o Naruto Uzumaki, e isso todo mundo sabe. 

— Inclusive, realmente tá rolando boatos de que eles vão reatar. — Suigetsu o lembrou disso, o que lhe rendeu outro olhar irritado de Sasuke em sua direção. — Todo mundo acha, cara. Tá com raiva de mim porque eu tô te dizendo? É o que todo mundo tá falando por aí. 

— Não se eu puder evitar. — Sasuke disse com convicção. 

#

Perto das nove da noite, Sakura já estava em casa. Sozinha na enorme sala de estar da tia, jogada no sofá enquanto tentava resolver seu dever de casa de física — outra matéria que ela tinha bastante dificuldade, mas que queria se cuidar para não pegar nota baixa, igual em matemática. O próximo teste de física seria apenas em duas semanas, mas ela já queria estar preparada pra pelo menos conseguir 60 pontos. 

Sua preocupação com as notas não tinha nada a ver com seus pais, e sim com o fato de que notas altas seriam cruciais para sua aceitação na Universidade de Toronto, então era óbvio que estava preocupada.

Mas sua ansiedade com isso foi logo reduzida ao escutar o celular vibrando em cima da mesinha de centro de vidro ali ao lado. Ela deixou o caderno de lado e o pegou, vendo que era uma mensagem de Sasuke.

Na verdade, ele mandara uma foto. 

Antes mesmo de abrir, ela já estava torcendo pra não ser um nude, porque com certeza ligaria pra ele pra fazer um barraco.

Mas não era. 

Na verdade, era uma foto de um pacote ainda fechado de balões neon coloridos.

Ela não entendeu de imediato, então mandou uma mensagem de volta. 

“?”

Sasuke não demorou muito e respondeu logo em seguida. 

“Você não queria que eu pensasse no tema da próxima festa? Que tal neon?”

Sakura pensou um pouco a respeito antes de responder. 

“Uma festa neon? Não sabia que você era fã de balada.”

“Depende do tipo de balada. As que eu frequento geralmente são em lugares abandonados ou debaixo de pontes.”

“Meu Deus, haha.”

Ela logo notou que estava sorrindo, e tratou de tentar desfazer isso do rosto.

“Por mim, tudo bem. Acha que a gente consegue aprontar tudo para sexta?”

“Você quer fazer uma festa por semana?”

“Você não? Eu acho 10 mil por semana um bom faturamento.”

“Não estou reclamando. Só quero saber se você dá conta do recado.”

“Me respeita, Sasuke.”

“Então a gente já tem que ir comprar as coisas amanhã depois do trabalho no museu.”

“Tá bom.”

“Só isso? Tá bom? Até pareceu que não é uma tarefa muito cansativa ficar perto de mim.”

“Não se iluda, Sasuke. Ainda acho você um saco.”

“Bom saber, assim não perdemos os bons costumes.”

De novo, Sakura percebeu que estava sorrindo, e tentou ficar séria de novo.

Sasuke mandou outra mensagem logo em seguida. 

“O que está fazendo?”

Ela tirou uma foto do caderno de física e mandou pra ele.

Sasuke demorou uns dois minutos para responder, o que a faz estranhar. E aí entendeu logo depois o motivo:

“Seu exercício 3 está errado.”

“Você estava corrigindo meus exercícios?”

“Não posso fazer nada se você errou.”

“Ah, tá bom.”

“Não entendi o deboche.”

“Nem pra aula de física você vai e quer dar palpite nos meus exercícios?”

“Eu vou sim.”

“Não vai não. Eu nunca te vi em nenhuma aula de física.”

“Porque eu sou da turma avançada.”

“Ah, tá bom.”

“De novo está sendo sarcástica, mas eu estou falando sério.”

Sakura ficou fitando o celular por um minuto, até perceber que ele realmente estava falando sério.

“Espera aí, desde quando você frequenta aulas avançadas?”

“Desde sempre.”

“Então os boatos de que você falta a maioria das aulas são todos falsos? Quer dizer que você fica sumido o dia inteiro porque frequenta aulas avançadas?”

“A maioria sim. Tem umas que eu faço turma normal mesmo.”

“É difícil de acreditar.”

“Difícil de acreditar que eu seja inteligente?”

“Difícil de acreditar que você frequente aulas, sim.”

“Se serve de consolo, eu gazeto algumas aulas de vez em quando. Quando não tô a fim mesmo.”

“Não, não consola.”

“Por que não?”

“Porque de repente me sinto meio burra.”

“Você não é burra, até onde eu saiba.”

“Como é que você sabe?”

“Porque eu sei.”

Sakura mordeu os lábios de forma ansiosa enquanto fitava essa última mensagem dele, sentindo o próprio peito doer um pouquinho. Ela suspirou.

“Ainda tá aí, rainha do baile?”

“Estou.”

“Se quiser reforço em física ou em outra matéria, eu posso te ajudar.”

“Não quero incomodar você e sua grande inteligência comigo.”

“Não vai ser incomodo nenhum. Eu gosto de ficar perto de você.”

Sakura paralisou por um instante com essa última mensagem dele. Ela engoliu em seco, sem saber o que responder. 

Na verdade, sabia exatamente o que queria responder. E aproveitou o fato de não estarem cara a cara, e nem de estar escutando aquela voz sexy dele, para falar o que jamais teria coragem em condições normais.

“Gosta mesmo?”

Sasuke também nem hesitou em responder.

“Você não faz ideia do quanto.”

De novo, Sakura se pegou sorrindo encarando as mensagens dele. 

“Tá bom. A gente vê qualquer dia aí pra você me ajudar.”

“Fechado.”

Sakura bloqueou o celular de novo e voltou a encarar o teto alto do cômodo, ainda sem conseguir parar de sorrir e se sentindo estranhamente feliz.

De novo, o celular vibrou com mais uma mensagem dele. 

“Até amanhã, princesa.”

“Até amanhã, Sasuke.”