História Anfitriões da noite - Fête ao néon - Partie 2

Capítulo 18 - "Festa Neon - Parte 2"

Se Sakura pensava que a festa anterior tinha sido bombada, ficou surpresa quando a festa neon começou. Em menos de cinco minutos, já havia cinquenta pessoas ali ao seu redor, daqueles que não conseguiram comprar um ingresso mais cedo e acamparam na fila do lado de fora. Assim que Sasuke liberou para que comprassem mais entradas e adentrassem, esses vieram logo pra cima. E obviamente essas pessoas vieram logo ao balcão para comprar bebida.

Mas a moça já tinha pensado em tudo. Já deixara vários dos drinks que ela sabia que as pessoas estariam loucas para pedir já meio prontos, justamente para não ficar enlouquecida tentando atender todo mundo ao mesmo tempo.

Além disso, ela também passara a noite anterior inteira pesquisando maneiras de fazer drinks que combinassem com a temática da festa. Tinha comprado canudos de papel neon, que brilhavam no escuro, e feito gelos de água tônica, justamente para eles ficarem brincando numa luz forte e azul dentro dos copos.

Aliás, a festa inteira estava brilhando na escuridão. As pessoas tinham levado a sério o lance de vir com roupas neon, principalmente depois de Ino e as meninas do time de torcida passarem a semana inteira dizendo que iriam assim. E quando as manda-chuvas fazem algo, todo mundo quer fazer igual.

Graças a isso, tinha gente usando roupas, acessórios, maquiagens, tudo em tons brilhantes pela festa inteira. 

Assim que teve um tempinho de um minuto, Sakura aproveitou e deu uma olhada no Instagram, só para constatar que já estava cheio de fotos das pessoas sobre a festa. É, a noite seria bem cheia mesmo.

Em apenas meia hora de festa, ela percebeu que já estava com quase oitocentos dólares ali, só de bebida que as pessoas tinham comprado até o momento, e ainda tinha a noite toda pela frente.

— Precisa de ajuda aí, anfitriã? — Ino finalmente tinha chegado, e estava toda produzida, como bem disse que viria.

— Mulher, o que estamos fazendo? — Sakura começou a rir. — Olha isso! — ela apontou ao redor. As duas gritavam para se ouvirem por cima da música alta.

— E pensar que há um mês atrás, você estava enlouquecendo achando que nunca ia trabalhar, hein? — Ino estava gargalhando. — Agora vai passar o resto do ano trabalhando assim todo fim de semana.

— Deus me livre! — Sakura já estava pensando em tirar umas férias quando chegasse dezembro.

— Quer ajuda aí? — Ino repetiu a pergunta, dessa vez sério.

— Hã… Você pode ir lá atrás pegar uns copos? — Sakura disse enquanto balançava um mixer nas mãos para fazer um drink de limão com energético e vodka. — Tá quase acabando e eu não queria sair daqui do balcão.

Ino fez o que ela pediu, entrando ali no espaço do bar e indo até a parte de trás, onde guardavam as coisas. Ela voltou trazendo dois pacotes de copos, e Sakura os abriu para continuar adiantando alguns drinks mais trabalhosos. Ino atendeu uns garotos que pediam umas cervejas, pra não atrapalhá-la nesse processo.

— Ei, a decoração da festa ficou bem legal. — ela comentou. — Você fez mais umas coisas sem mim, é?

— Na verdade, foi o Sasuke quem fez. — Sakura comentou com um pouco de divertimento.

— Sério? — a loira abriu um sorriso surpreso e divertido também. — Assim que eu gosto. Querendo mostrar serviço. — ela riu. — Sai também passou a semana inteira me pedindo um ingresso para a festa de hoje. Até se ofereceu para fazer todos os meus deveres de casa, só pra que eu desse um ingresso pra ele.

— E você deu?

— Eu já ia dar de qualquer jeito. — Ino deu de ombros e riu de novo. — Mas admito que quando ele ofereceu pra fazer meu dever de casa, fiquei bem empolgada. Porra, você viu os deveres de casa de física essa semana?

— Vi, também sofri pra porra. — Sakura concordou. — Mas e então? Cadê o Sai?

— Acho que está lá fora ainda. Eu dei o ingresso, mas ele disse que iria ver se os amigos nerds conseguiriam entrar também.

— Espero que o Sasuke não barre eles. — Sakura murmurou. — Ele parece ter algo contra pessoas que parecem muito nerds. Mesmo que, teoricamente, ele também seja um. Aliás, você sabia que ele está em quase todas as turmas avançadas?

— O quê? — Ino franziu o cenho, confusa. — Sério?

— Ele me disse que sim. — Sakura deu de ombros e atendeu umas garotas que queriam drinks de gim tônica com morangos. — E deve ser verdade, já que ele ficou palpitando no meu exercício de física. — ela disse enquanto pegava o dinheiro e já colocava ali embaixo, só esperando juntar dinheiro o suficiente para embolar tudo com uma liga e guardar no cofre.

— Menina, isso é chocante. — Ino ainda não estava acreditando. — Sasuke Uchiha faz parte das turmas avançadas? É a mesma coisa que dizer que Donald Trump já participou de uma manifestação pelos direitos LGBT. Não parece possível.

— Aí também é exagero. — Sakura resmungou sobre a comparação, fazendo uma careta de ranço.

Ino foi curtir um pouco a festa logo em seguida, deixando Sakura trabalhar sozinha por um tempo.

Com uma hora de festa, a Haruno percebeu que já tinham cerca de duzentas pessoas ali dentro. Ou seja, todos os ingressos foram vendidos e todo mundo já tinha entrado. E como que sentindo a mesma coisa, Sasuke apareceu por ali, olhando em volta, como se checando como andava o espaço. Se estava muito apertado ou não.

— Ei. — ele foi até o balcão, chamando a atenção dela. — Ainda tá dando pra andar aqui?

— O quê? — ela não entendeu o que ele quis dizer.

— Se ainda dá pra andar, então é porque ainda tem espaço pra caber mais gente. — ele disse com as sobrancelhas erguidas. — E tem gente lá fora disposta a pagar até quarenta pratas pra entrar. Sério, tem uns panacas chorando no meu ouvido há uns vinte minutos.

Sakura olhou em volta, observando o espaço. A maioria das pessoas já estava meio bêbada e dançavam animados a playlist de pop e eletrônica que Sasuke tinha feito para aquela noite.

— Como é que estão as coisas aqui? — ele disse se apoiando no balcão e pulando para espiar como andavam as coisas onde ela estava trabalhando. Se estava muito bagunçado ou caótico. — Não vou mandar mais gente pra dentro se isso te sobrecarregar demais.

— Não, eu tô dando conta de boas. — Sakura respondeu ainda pensativa. — Só estou com medo de superlotar esse lugar. E você sabe. Quanto mais gente, mais chances de acontecer alguma merda.

— Você decide. — o Uchiha ergueu as mãos pra cima enquanto aguardava pela resposta dela. 

Sakura estava com medo das pessoas começarem a destruir as coisas. Se alguém quebrasse a parede de vidro da tia, ela sabia que iria morrer ali mesmo, só de pensar em quantos milhares teria que gastar para restaurar o troço.

No entanto, se Sasuke estivesse certo, tinha mais gente lá fora surtando pra querer entrar. Seria mais faturamento pra eles.

— Tá bom. — ela concordou por fim e apontou um dedo pra ele. — Só mais cinquenta pessoas. 

— Fechado. — Sasuke sorriu de lado, parecendo se divertir com a preocupação dela. — Vou fazer tipo um leilão de vagas pra ver quem paga mais.

— Deixa de ser mercenário, Sasuke.

— Como se você não tivesse concordado só porque também quer a grana. — ele debochou de volta antes de se afastar.

Sakura revirou os olhos, embora estivesse sorrindo.

#

Ainda eram apenas nove horas e haviam duzentas e cinquenta pessoas na festa, se divertindo horrores enquanto dançavam ao redor da piscina e bebiam sem freio algum. Sakura notou — com um pouco de preocupação — que o carregamento de  bebidas já estava em menos da metade, e ainda tinham a noite toda pela frente.

Num momento em que o balcão finalmente ficou vazio, ela deu a volta e correu para a frente da casa. Sasuke estava no portão, terminando de dispensar o restante da fila, dizendo que já tinham esgotado todas as vagas da noite.

— Tem mais bebida na caminhonete? — ela perguntou alarmada. — Porque já está acabando quase tudo lá atrás.

— Sério? — o Uchiha pareceu surpreso por isso. — Merda.

Ele terminou de trancar o portão e pensou um pouco.

— Acha que o que tem aí dura mais quanto tempo? — ele questionou.

— Uma meia hora, talvez. — Sakura deu de ombros.

— Tá, não se preocupe com isso. Vou buscar mais. — ele disse e os dois retornaram para a festa, agora porque Sasuke ia catar Suigetsu em algum canto daquela muvuca toda, para irem até a casa dele pegar mais um carregamento de álcool puro.

Sakura retornou ao balcão, onde já tinha uma pequena fila de pessoas querendo cerveja.

Quanto mais gente brotava ali à sua frente pedindo bebida, mais nervosa ela ficava. Porque não queria chegar no momento em que teria que dizer que a bebida tinha acabado. 

Era apenas a segunda festa, ela queria que tudo continuasse sendo perfeito, para manter a reputação impecável que estavam construindo. Por isso, foram minutos bem angustiantes até que Sasuke e Suigetsu retornassem. Assim que ela ouviu o som do portão da tia se abrindo de novo enquanto a caminhonete chegava, já ligou o freezer no máximo e correu para ajudá-los a carregar tudo logo pra lá.

— Você dirigiu? — ela berrou assustada ao ver que Suigetsu que tinha pulado do banco do motorista, afinal, enquanto estava na festa, ele bebeu mais de três cervejas e dois drinks de mirtilo. 

— Ele dirige mais rápido que eu. — Sasuke respondeu enquanto eles iam carregando uma caixa cheia de latinhas de cerveja. 

— Ele está bêbado! — Sakura acusou.

— Exatamente. — ele retrucou. — Se já é doido sóbrio, imagine bêbado.

— Vocês são malucos, é? — ela chiou alarmada. — Podiam morrer numa dessas. E aliás, de onde diabos vocês sempre tiram tanta bebida assim?

Sasuke e Suigetsu só se entreolharam. Sasuke lançou um olhar ameaçador pra ele.

— Melhor não ficar sabendo, princesa. — o Hozuki respondeu com um sorriso amarelo. — Acredita em mim, é mais seguro.

— Sasuke. — Sakura disse entredentes pra ele.

— Relaxa, rainha do baile. — disse ele com um sorriso ladino. — Suas bebidas estão aqui e é isso que importa. 

Ela só revirou os olhos e retornou à atividade de antes, caprichando bastante na quantidade de gelo dos drinks, já que ainda demoraria uns minutos para que as bebidas gelassem, mesmo na potência máxima de drinks.

— Garotos são malucos. — ela comentou com Ino quanto a amiga veio de novo ao balcão pedir um drink de framboesa. — Acredita que Sasuke deixou o cara do spray dirigir pra ele?

— O quê? — Ino ficou assustada também. — Mas ele tá bebendo a noite toda ali perto da piscina. 

— Eu sei! — Sakura disse enquanto balançava o mixer com ainda mais vigor do que o normal, por causa da raiva. — Por que os homens parecem estar sempre tentando morrer? 

— Homens são imbecis. — Ino respondeu o óbvio. — Relaxa, amiga. Ele tá bem. E qualquer coisa, se você perder seu sócio, eu ocupo o lugar dele, como sempre.

Sakura conseguiu rir um pouco. Ela olhou em volta, até encontrar Sasuke pela festa. 

Agora que ele não estava mais como segurança de entrada, estava agindo como segurança da festa. A única pessoa — junto dela — que estava sóbria para continuar cuidando das coisas lá dentro. Agora ele estava verificando se as pessoas estavam jogando coisas na piscina, ou dançando perigosamente perto da parede de vidro de Tsunade, coisas assim.

De vez em quando, ele lançava olhares na direção dela, como se verificando se ela não estava atarefada demais ou algo do tipo. Sasuke sempre desviava os olhos nesses momentos, para que ele não percebesse que estava prestando atenção demais em sua pessoa.

Ela percebeu, depois de um tempo, que assim como estava de olho nele, Sasuke também parecia constantemente estar lhe encarando por boa parte da festa. Seus olhos se encontraram diversas vezes, e ele sempre abria aquele sorriso de canto que a fazia corar e ficar de mau humor ao notar.

Ele parecia estar quase lhe provocando mesmo. Por boa parte da noite.

#

Perto de uma da manhã, a festa estava no seu auge. As pessoas já estavam completamente bêbadas e dançando animadamente todas as músicas que tocavam em volume alto nas caixas de som espalhadas pelo espaço. Sakura estava começando a temer os vizinhos, já que já era tarde e a música e a barulheira da festa continuavam a mil.

Ou tia Tsunade tinha vizinhos muito bons, ou a polícia deveria estar ignorando os chamados de perturbação da ordem no bairro.

Sakura só rezou para que tudo continuasse bem, porque ela não queria problemas.

Ino e suas outras amigas do time de torcida estavam ali com ela no bar, conversando animadas, aproveitando que o movimento de vendas tinha diminuído um pouco.

De repente, Sakura percebeu que tinha começado a tocar uma de suas músicas favoritas.

— Ei, você não curte essa música? — Ino comentou surpresa.

— Curto sim. — Sakura ficou surpresa, já que era de uma banda não muito conhecida, mas ao que parecia, Sasuke conhecia, já que até colocara na playlist da noite.

Ela começou a procurá-lo, tentando ver onde estava na festa. Como não encontrou, continuou prestando atenção na letra da música, cantando baixinho, já que conhecia de cor.

De repente, os acordes mudaram, e outra letra começou a tocar. Dessa vez, outra das músicas favoritas de Sakura.

Ela estranhou, mas achou divertido. E animada também, já que nunca havia achado nenhum remix de suas músicas favoritas, quanto mais um em que duas delas tivessem sido juntadas daquela forma. E pior: o remix era bom, tinha sido bem feito. As pessoas podiam até não conhecer as músicas, mas estavam dançando animadas ao som do remix dela, curtindo a batida.

Aí o negócio começou a ficar ainda mais estranho quando o remix continuou e outra das músicas favoritas de Sakura foi tocada no processo. Ela parou, assustada, e ficou prestando atenção. 

Outra, outra e outra.

Parecia que alguém no mundo tinha feito um remix incrível só com dez das suas músicas favoritas no mundo. Mas como seria possível?

Não seria possível que algum DJ por aí tivesse exatamente o mesmo gosto que ela. Quais as chances de alguém por aí ter feito isso?

Ela continuou olhando em volta, pra todo mundo dançando animado na festa. Até suas amigas tinham se afastado de volta pra ali, pra irem dançar.

E foi quando lembrou de quando estivera no trailer de Sasuke. Ele tinha dito que queria estudar e trabalhar com música quando voltasse para Toronto.

Ah, não. Miserável.

— Ei. — ela chamou a atenção de Suigetsu quando ele veio comprar cerveja pra si mesmo e para Karin e Juugo. — Cadê o Sasuke?

— Ah, ele foi lá na frente fumar. — Suigetsu respondeu enquanto dava o dinheiro pra ela e Sakura lhe entregava as latinhas geladas.

A garota terminou de vender mais alguns drinks, e assim que o balcão ficou vazio de novo, ela deu a volta e se apressou para a parte da frente da casa da tia.

Tinha gente por ali fumando, conversando e bebendo também, talvez querendo ficar um pouco mais afastados da barulheira toda lá de trás.

Sakura procurou por Sasuke, percebendo que ele estava dentro da picape, estacionada ali no espaço da garagem. Ela foi até lá e abriu a porta do motorista, tendo que se esforçar pra conseguir subir e entrar.

Sasuke estava tranquilamente jogado no banco do carona, fumando com as janelas abertas.

— Precisa de alguma coisa? — ele questionou com os olhos fechados.

— Como você sabe quais são as minhas músicas favoritas? — Sakura foi direto ao ponto. — Eu nunca te disse.

— Não. — ele concordou e sorriu de lado, dando mais uma tragada no cigarro antes de abrir os olhos e virar o rosto na direção dela. — Mas não foi preciso muito. Afinal, acho que você é tão popularzinha e cheia de seguidores em todas as redes sociais que nem percebeu que eu te sigo no Spotify já há uns bons tempos.

Sakura ficou surpresa em saber disso.

— Você me stalkeia no Spotify? — ela indagou com as sobrancelhas erguidas.

— Prefere que eu te stalkeie em outros cantos? — ele retrucou em tom divertido.

— Você é maluco, Sasuke. — Sakura riu um pouco. — E desde quando sabe fazer remix tão bem assim?

— Sempre gostei de ficar fazendo esse tipo de coisas. — ele deu de ombros enquanto continuava fumando e observando as reações dela. — Quero seguir essa carreira um dia, afinal.

— Bom. — Sakura tentou se manter séria, não querendo demonstrar o quanto tinha ficado feliz com o mix que ele fizera pra ela. — Todo mundo na festa gostou. Estão dançando como loucos lá atrás.

— Mas e você? — ele alargou ainda mais o sorriso de canto. — Você gostou?

Ela mordeu os lábios por reflexo de nervosismo. Sasuke agora lhe encarava de forma carregada, aguardando pacientemente pela resposta.

— Não ficou nada mal. — ela murmurou quase sem voz, de tão baixo que falava.

Sasuke sorriu ainda mais, parecendo se divertir com a resistência dela em dar o braço a torcer.

— Se quiser que eu faça mais como esses, é só me dizer. Tenho vários outros guardados.

— Você fez outros mixs pra mim? — ela pareceu chocada.

— Alguns, sim. — ele a encarou firmemente. — Todo artista precisa de uma fonte de inspiração, não?

Sakura sentiu todo o rosto queimando, e ficou agradecida por estar escuro e sua maquiagem provavelmente estar brilhando e desviando o foco de sua pele das bochechas, senão ele teria percebido de primeira.

— Bom, melhor eu voltar. — ela disse já apressada para sair do carro, saltando de volta pro chão. — Bebidas não se vendem sozinhas.

Sasuke continuou ali dentro, agora sorrindo sozinho e de forma satisfeita enquanto terminava seu cigarro.

#

Foi só depois das três horas da manhã que as pessoas começaram a ir embora. Quando Sakura viu que o movimento já estava diminuindo, ela começou a arrumar algumas coisas, tentando adiantar o máximo de limpeza possível, porque já estava morta de cansaço depois de ter se preparado tanto a semana inteira. Além disso, ficar em pé trabalhando a noite inteira não era nada fácil, ainda mais de salto.

Ela estava louca para que acabasse logo. Então às seis, quando as últimas pessoas foram embora, ela deu graças a Deus e tirou os sapatos para começar a limpeza de fato.

Sasuke foi limpar a piscina com muito cuidado enquanto ela ia limpando toda a área do bar e guardava o restante de bebidas que sobraram. Depois os dois começaram a limpar o gramado, catando os lixos e varrendo tudo para ligar os irrigadores e deixar que fizessem o resto.

Sakura ainda fez questão de passar um pano por toda a parede da tia, para tirar qualquer marca que houvessem feito no vidro pela parte externa. Sasuke foi recolhendo toda a parte da decoração para guardar. Os vários sacos de lixo que eles recolheram ele levou pra fora.

No fim de tudo, os dois de novo se sentaram exaustos no balcão do bar, cansados e com sono enquanto amanhecia.

— Nossa, tô toda dolorida. — Sakura murmurou enquanto eles contavam todo o dinheiro presente no cofre, de tudo o que arrecadaram naquela noite. 

— Quer que eu te faça massagem? — sugeriu Sasuke e Sakura fez uma careta de deboche na direção dele enquanto continuavam contando.

Quase dezoito mil dólares. Numa noite.

Sakura fez bolinhos de mil dólares cada e entregou nove para Sasuke.

— Bom, agora eu vou dormir o resto do fim de semana. — ela anunciou enquanto bocejava. — Até segunda-feira.

— Sakura. — ele chamou sério quando ela se pôs de pé e se adiantava para ir para dentro da casa da tia.

Sakura parou e voltou para ficar de frente pra ele.

Sasuke estava sério enquanto a olhava com firmeza — ou o máximo de firmeza que conseguia passar estando com olheiras e aparentando tanto cansaço quanto ela.

— Lembra quando eu disse pra você que te achava legal desde a época em que cheguei aqui, na quinta série, e você foi a primeira pessoa nesse país a ser legal comigo? — ele perguntou.

— Só porque te disse onde era a sala daquela aula? — ela riu um pouco. — É, eu lembro.

— Eu estava falando sério. — ele disse com seriedade. — E queria dizer que sou apaixonado por você desde aquela época.

Por estar com sono, Sakura demorou uns dois segundos a mais para entender o que ele quis dizer. 

— Quê? — ela arregalou os olhos.

— Desculpe por não ter dito antes. Achei que isso já tinha ficado claro até demais. — ele continuou no mesmo tom, olhando-a com resolução. — Eu gosto pra caralho de você há anos. Mas nunca me meti com você porque, claro, você nem sabia quem eu era, e nunca fizemos parte dos mesmos ciclos.

Sakura não estava conseguindo responder nada, já que seu cérebro cansado mal processava o que acontecia, mas ela prestava atenção a tudo o que ele dizia de forma arregalada.

— Sério, foi mal não ter dito nada quando você disse que também gostava de mim. — Sasuke disse ainda sentado enquanto estendia o braço e sua mão tocava na altura da cintura dela, puxando o tecido do vestido suavemente para ela chegar mais perto, numa distância onde ele podia facilmente envolver o braço ao redor de sua cintura. — Mas sério, eu te curto pra caralho.

— Você me curte? — ela riu enquanto passava os braços ao redor dos ombros dele. — Isso é o quê? Gíria de Spotify?

— Gíria de Deezer, na verdade. — ele murmurou divertido enquanto umedecia os lábios e continuava encarando-a sorridente, agora a uma curta distância. — Nossa, você tá com cheiro de cerveja.

— E você com cheiro de cigarro. — ela retrucou torcendo o nariz.

Sasuke a puxou para mais perto. Por estar sentado na cadeira do balcão, o rosto dele estava exatamente na altura do pescoço dela, onde ele enfiou o rosto e beijou delicadamente ali. Sakura fechou os olhos com o contato.

— Eu também gosto pra caralho de você, princesa. — ele repetiu, dessa vez no pé do ouvido dela, fazendo Sakura se arrepiar com seu hálito quente ali. — E se você quiser, eu posso repetir isso todos os dias a partir de hoje.

— Como eu sei que você não tá dizendo isso da boca pra fora? — Sakura replicou ainda meio desconfiada, embora continuasse engatada nele. 

— Como quer que eu te prove? — ele perguntou solícito. — Quer que eu faça mixs pra você todos os dias? Porque eu faria sem problemas. — ele garantiu com seriedade. 

Sakura se afastou só o suficiente pra olhar pra cara dele, querendo averiguar a veracidade de suas palavras no momento. Mas a forma como ele dizia e sua expressão comprovavam que estava falando a verdade. Pelo menos, aparentemente.

— Eu sei que às vezes parece que eu tenho uma vibe meio Regina George. — ela disse com um suspiro. — Por causa do histórico de garotinha popular e rica, o fato de já ter sido líder de torcida, e estar sempre toda embonecada por ser uma patricinha. Mas eu não sou uma vadia sem coração, Sasuke. Na verdade, eu sou muito molenga e idiota, embora não pareça. Então não quero ficar com você só por ficar.

— Eu sei. E eu também não quero ficar com você só por ficar. — ele concordou. — Na verdade, se eu pudesse, pedia você em namoro, ainda mais sabendo que é cedo demais. 

Ela arregalou os olhos, totalmente acordada ao ouvir isso.

— Como é? — conseguiu balbuciar de forma trêmula nos braços dele.

— Se você quiser namorar comigo… — ele disse baixinho, agora olhando direto nos olhos dela, ainda segurando sua cintura, porém com mais firmeza no momento, pra que ela nem ousasse fugir. — Seria uma honra, princesa.

Sakura ficou embasbacada em ver essas palavras saindo da boca dele. Era a última coisa que esperava ouvir dele no mundo. Ela passou quase um minuto só olhando pra ele de maneira boquiaberta.

— Sakura? — ele chamou seu nome. E sempre parecia um grande evento quando ele dizia seu nome. Como se a palavra na língua dele fosse arrebatadora e cheia de emoções a serem distribuídas. — Sakura.

— Eu tô ouvindo. — ela murmurou baixinho, ainda em choque. — Hã… Você não…

— Eu? — Sasuke aguardava de maneira quase nervosa.

— Eu gosto de você. — Sakura até teve um pouco de dificuldade de achar palavras, mas quando as encontrou, disse com muita seriedade e determinação. — Gosto mesmo, embora acho que seja a coisa mais idiota e louca que eu poderia fazer na minha vida, no momento. Mas tudo bem, aceito o sentimento. E vou te dar uma chance. Mas preciso que saiba: eu só dou uma chance para as pessoas. Nunca deixo ninguém vacilar duas vezes comigo.

— Ah, eu imagino. — Sasuke pensou em como ela poderia facilmente fazer o inferno na sua vida se fodesse com tudo. Sendo amiga de tanta gente e tendo poder sobre tantas pessoas naquele colégio… droga.

— Então, se quer mesmo ser meu namorado, saiba que você não vai vacilar. — ela dizia tudo com convicção. — Porque se você me fizer chorar, Sasuke, eu acabo com você. De verdade.

— Não vai acontecer. Eu prometo. — ele lhe assegurou, com bastante confiança em si mesmo. — Prometo ser seu cachorrinho até o dia em que você enjoar de mim.

Sakura riu um pouco, embora estivesse tentando passar sisudez com tudo o que dizia.

— Tudo bem.

Os dois continuaram se encarando ali por uns segundos antes de Sakura sorrir de vez e beijá-lo.

A boca dele estava com gosto de cigarro, pra variar. Mas ela não se importou.

O beijo deles foi mais calmo do que de costume, provavelmente por causa do cansaço que sentiam depois de trabalhar a noite toda. Sasuke se separou mais cedo do que ele próprio pretendia. 

— Olha, geralmente depois de toda essa gandaia e de uma conversa dessas, eu faria um belo sexo de comemoração com você. — ele murmurou com um sorriso de lado. — Mas também tô morto. Será que podemos ir tirar uma soneca?

— Com certeza. — Sakura concordou, tão ansiosa quanto ele com a ideia de entrar e se jogar numa cama e dormir o dia inteiro. — Vamos. — ela o ajudou a recolherem o dinheiro em cima do balcão e depois entraram na casa de Tsunade, para finalmente hibernarem pelas horas seguintes.