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História Girl Meets Evil - Briga.


Escrita por: Ghost_Fanfics

Notas do Autor


Heeeey!
Como vocês estão? A semana foi boa? Gente... Eu queria agradecer a todas vocês pelos comentários nos últimos capítulos e por se manterem comigo. Vocês são o único pedacinho de alegria plena na minha vida, minha esperança em dias melhores e minha força pra continuar viva. Muito obrigada. Obrigada a você também que lê aí escondidinha e fantasma ihoihohioh Saiba que você também é especial pra mim e está no meu coração.

Desculpa o sumiço do Twitter! Ainda estou tentando lidar com a falta de tempo, mas eu to fazendo o possível pra conversar com vocês por lá <3

To preparando uma surpresa legal e vou colocar no ar em breve. Vai ser no Youtube, então quem não me segue por lá ainda, se certifique de se inscrever no canal pra não perder! (Bem youtuberzinha oihohiohioh)

Música do capítulo: Old School Hollywood - System of a Down (Essa música aqui é mais pra vocês entenderem a vibe do Jungkook na última frase do capítulo. Pesado.)

Capítulo 52 - Briga.


Jeon Jungkook's P.O.V.

Fito a estrada pavimentada, a escadaria cinzenta que dá acesso ao casarão dos Kwon, a água que jorra entre as pedras da escultura da fonte, os campos gramados da propriedade, regados com a constância dos aspersores que formam arco-íris ilusórios nas gotas borrifadas contra a luz do sol. É com essa cara de enterro que desligo o motor do carro, deslizo as mãos pelo volante e as descanso nas pernas.

Estamos em Juggi.

— Que merda. Caralho, podemos voltar?

Ela ri. Diverte-se com meu aborrecimento.

— É... Seul foi legal. Era como se a gente não tivesse problemas. — Ouço o clique do botão de seu cinto de segurança e ela se espreguiça. Sua voz é tão nostálgica quanto o aperto em meu interior. — Mas, nós podemos voltar de vez em quando pra ver o Jackson... AH! Tive uma ideia. Você pode precisar ir à Seul uma vez a cada duas semanas pra resolver uns "trabalhos" da livraria do Jin, à pedido dele. Eu te acompanharia pra você não pegar a estrada sozinho...

— ...E você aproveitaria a carona pra visitar seu primo e seus amigos na cidade que você adora. — Completo seu raciocínio e a Monstrinha aponta para mim com um sorriso satisfeito em seu semblante sereno. Lanço um olhar esguelhado.

— Que foi?

— Há quanto tempo está tramando esse plano?

— Que plano?

— De se aproveitar do meu corpinho sexy.

— Aish! — Eu sou muito previsível quando o assunto é provocar a ira da Monstrinha, mas não mais que ela, por se irritar em um total de todas as vezes que eu a provoco. Rio com sua reação e minhas bochechas se contraem de forma a evidenciar as covinhas. Ela soca meu ombro. — Seu ridículo. Taradokook.

— Eu mesmo. Vou me apresentar. — Pigarreio de forma teatral e ela ri. — Sou Jeon Tarado Jungkook, nascido e criado em Juggi. Filho único de Jeon Mi-cha e de um Alfa filho da puta que eu não sei o nome. Alfa Lúpus de sangue A, híbrido de lobo e gostoso. Ex-objeto sexual da população feminina da cidade. Agora conhecido como saco de pancadas e objeto sexual exclusivo da Monstrinha.

__________ me analisa, incrédula, com os lábios entreabertos e a sobrancelha arqueada.

— Ex-objeto sexual da população feminina da cidade?

— É. Eu era de domínio público. Agora tenho uma dona. Você. Aí você colocou uma coleira em mim e eu me transformei em um bichinho de estimação. — Franzo os lábios e ela solta uma risada gostosa. — Pior que você é cruel e sabe que me tem na mão. É péssimo. — A Monstrinha gargalha e eu me contagio por seu humor.

— Agora você é meu objeto sexual exclusivo?

— Sou. — Comento com falso desânimo e ela continua a rir. — Mas, é isso. Estou acostumado a ser usado e jogado fora.

— Que mentira! As meninas se estapeiam pra ficar com você. — Ela fala de forma engraçada. — Ou você acha que eu esqueci da declaração do Jin no telefone, de que seu pinto só pode ser de ouro, pra tanta mulher querer transar com você? Ora, pinto de ouro. — Nós dois rimos e eu olho para baixo, para o zíper do jeans.

— Você conhece meu pau. Pode dizer se ele é bom ou não. — Suas bochechas se avermelham e eu sorrio ardiloso. — Ou se ele é tão maravilhoso que dá vontade de lamber. — Repito as palavras que ela segredou a Jackson em uma conversa que, segundo os dois, eu não escutaria. Todo o rosto dela se afogueia e eu quase consigo sentir sua pulsação rápida.

— Você... Do que está f...

— Ora, Monstrinha. Eu li seus lábios e o Jackson estava fazendo barulho enquanto sussurrava. Eu ouvi. Posso ouvir seu coração agora mesmo, batendo tão rápido que está te deixando toda vermelha.

Há um segundo de silêncio e ela bufa pelo nariz, soltando uma interjeição raivosa.

— E você ainda me pergunta por que eu te odeio.

— Eu nunca te perguntei isso. — Rio e cutuco sua cintura.

Ela me estapeia. Rio e solto meu cinto de segurança. Defendo-me de suas investidas em um ciclo. Ela me bate, eu me defendo, rio e ela rosna. Aí ela me bate de novo. Não seguro seus pulsos e a impeço porque me deleito com nossa rusga. É divertido vê-la irritada. Gargalho quando ela me acerta nas costelas, e ela entende o que precisa fazer para me tirar do sério. Cócegas. Trocamos um olhar rápido e ela investe contra mim novamente. Rio e me contorço, desarmado. Ela intensifica os movimentos e eu acabo com a brincadeira, empurrando-a.

Ela se senta em seu banco, ofegante e descabelada.

Rio e tusso para me recompor.

— Me fazer cócegas não vai apagar que você disse que meu pau era tão maravilhoso que você queria lamber. — Provoco. Ela revira os olhos e empurra meu ombro. — Ei, Monstrinha. Uma vez você me perguntou se eu entrava no cio como um animal, lembra? — A memória daquela conversa se remonta em minha mente e ela confirma com um aceno. — O jeito que a gente transou ontem nem se compara com o cio. Mas, estou falando da minha condição de Alfa Lúpus. Não sei como acontece com Ômegas. Estou curioso pra saber.

— E-está falando sério?

— Sim.

— Agora eu estou com um pouco de medo. — Ela sorri desconcertada e eu rio.

— Não precisa. Vou cuidar de você.

— Ah, vai mesmo. Você está parecendo uma criança quando ganha presente.

— Esse é o sentimento, Monstrinha.

O sorriso que compartilhamos se transforma em uma risada melodiosa, mas a alegria se esvai aos poucos. É que o peso de voltar para casa explode em nossas cabeças e absorve nossa energia. Os problemas rompem a barreira que criamos para nos blindar e nos bombardeiam silenciosamente, como lembranças cinzentas e frias que nos sopram que nada está bem. E não está. Enquanto ameaças desconhecidas nos rodearem tão perigosas e sorrateiras, nada estará bem.

Trocamos um olhar taciturno.

— Aigoo... Estou rindo pra não chorar. — Esfrego as palmas das mãos no rosto.

— Precisamos entrar, né?

— Me recuso a aceitar, __________. Aqui nós somos obrigados a fingir, brigar, enganar. Temos que nos preocupar com caçadores, fantasmas, pesadelos, traumas, assassinos. E em Juggi há uma boa comunidade de Alfas que pode te descobrir a qualquer segundo, porque seu cheiro é irresistível pra nós. Temo que algum Alfa mau intencionado te descubra, sequestre, abuse de você e te marque sem seu consentimento pra te manter como refém. Só de pensar... Eu caçaria e mataria qualquer um que tentasse fazer isso.

O silêncio torna-se pesado. Pela careta que __________ faz, ela nunca havia pensado nessa hipótese.

— Qualquer um... Pode me marcar? Sou tão vulnerável assim?

— É por isso que eu estou te ensinando luta, Monstrinha. Pra você se defender, se precisar. Não estou dizendo que isso vai acontecer, mas pode. Alguns Alfas pensam que mulheres Beta devem servi-los, imagine o que eles não devem pensar sobre Ômegas. Se um Alfa tentar te estuprar, ele pode te marcar, mesmo sem querer. Eu, que nunca faria isso porque te amo e te respeito, quase te marquei ontem enquanto a gente transava na sala, porque perdi o controle. Imagine alguém... Mau.

Ela demora a responder. Por sua postura, parece ponderar um pensamento. Ela toma o fôlego várias vezes, mas não fala nada. Até que me surpreende ao expor uma ideia -ou sonho- que já percorreu minha cabeça diversas e diversas vezes.

— Mas... E se você me marcasse? O que aconteceria?

— Seu cheiro enfraqueceria e se misturaria ao meu, deixaria de ser atraente para outros Alfas. Pra mim permaneceria tão bom quanto é agora. — Sorrio com o canto dos lábios e ela me observa, sem emoção. — E nenhum outro Alfa poderia usar a voz de comando com você. Só eu, e eu nunca farei isso. Nunca. Em hipótese alguma eu vou te obrigar a fazer algo que não seja de sua livre e espontânea vontade.

Ela franze o espaço entre as sobrancelhas.

— Quer dizer que se me marcar, o perigo de outro Alfa me sequestrar... Acaba? — Assinto. — E qual é o lado negativo? O que te impediria de fazer isso comigo... Agora? — Há uma urgência em suas palavras, uma anuência silenciosa de inteira confiança em mim. Meu peito se agita com isso e eu preciso me conter para não esboçar alegria.

Porque preciso dizer o lado negativo.

— Parte de nossa individualidade se perde. Estaríamos conectados pelo resto da vida. É como um casamento, só que sem direito a divórcio. Se você enjoasse de mim e fosse embora, a quebra da ligação poderia nos matar, ou poderia nos adoecer irreversivelmente. Se eu te marcasse e morresse depois, você provavelmente morreria também, porque o organismo do Ômega marcado quase depende do seu Alfa. Mas, eu me conheço. Sei que escolheria te entregar parte da minha alma na marca, aí eu morreria se você morresse.

— Não! Não tem como não me entregar parte da sua alma quando me marcar? Pra não correr esse risco?

— Com o que eu sinto por você? Duvido. Eu não ia conseguir.

Seus olhos se enchem e cintilam, fixos nos meus.

— Jungkook...

— Não adianta argumentar.

— Você sabe que eu posso morrer a qualquer momento. Tem muita gente atrás de mim e nós ainda nem sabemos como nos defender. Não posso deixar que você estrague sua vida por minha causa... Eu já sou uma sequelada, desajustada e solitária. Eu já quis morrer. Não posso levar ninguém comigo nisso. De jeito nenhum. Se eu morrer, você tem que ficar aqui e viver sua vida feliz. Você tem um futuro brilhante pela frente, Jungkook. Eu não...

Meu sorriso resignado a cala e eu fito a Monstrinha longamente.

— Eu não sobreviveria sem você, de qualquer forma.

O peso que o ar mantém entre nós torna-se etéreo.

Os vapores de nossas essências fracas no olfato se enlaçam como se pudéssemos nos abraçar sem ao menos encostar os corpos um no outro. É sempre assim, quando se trata dela. Transformo-me em sinestesia, retalho o corpo e a alma para me unir a ela. Dessa maneira, sinto-me mais próximo da completude. Essa é minha última confissão a ela. Não estou apenas pronto para segui-la em sua jornada, mas para me doar a ela. Meu corpo forte e minha alma cansada. Meu amor é meu bem mais valioso e eu a presenteio com fé.

Minha lealdade a ela é inabalável.

E eu a seguiria em todas as vidas que precisássemos viver até nos encontrar definitivamente. Iria aos confins da eternidade e pararia o tempo em uma singularidade se possível, para tê-la mais uma vez. Viajaria por séculos e séculos, até meus pés não suportarem, e meus pulmões secarem, para me entrelaçar a ela. Então a amaria novamente, floresceria em fogo vivo e atingiria a plenitude. E todo o ódio que nos corrompeu se neutralizaria em grãos de poeira na ventania. Assim viveríamos em paz.

— Eu te amo, seu idiota. — __________ diz à voz trêmula.

— Também te amo, Monstrinha. — Fungo e dou um peteleco em sua testa. — Vamos. Eu ainda preciso ir ver o Tae e o Jimin. Nós combinamos de ir ao lugar que eles encontraram no bairro antigo da cidade.

— E eu preciso entrar no quarto da Jisoo, pra ver se encontro esse tal caderno que o Jin falou que está lá. — Ambos deixamos o Porsche e eu me ocupo em pegar nossas bagagens, enquanto a Monstrinha pega uma das caixas com os artigos de decoração do Chá. — Jungkook, o que você falou sobre a gente morar junto em Seul ano que vem... É verdade?

Afirmo com um aceno e carrego as malas até a escadaria, que subimos juntos.

— É verdade sim. Por que?

— Vou falar com Appa que quero terminar o ensino médio lá, ano que vem. — Ela franze os lábios, fazendo força para levar a caixa. — Aí eu precisava saber se era real, pra não pedir e voltar atrás depois.

Rio com o que ela diz.

— Por mim, a gente já pode se mudar amanhã.

***

O sol começa a se pôr em Juggi.

A linha do horizonte é irregular e se encurva diante das construções provincianas da cidade pequena. Intervalos de luz poente e da sombra das árvores se alternam em minha visão desfocada na avenida, à caminho do barzinho que costumamos frequentar. Contemplo o fim do dia, encostado no banco de trás da caminhonete, próximo à janela. O percurso que fazemos do bairro antigo ao centro é silencioso. Minha cabeça se enche de vozes, suspeitas e problemas.

Sinto-me em um conflito que me agita e enfurece. Não consigo controlar meus impulsos agressivos, mesmo com o ruído acústico, melancólico e lento, da música que ressoa no interior do automóvel. E eu que pensei que nada pior poderia acontecer, depois do presságio horrível de Jin Hyung. Ledo engano. Aqui estou eu, remoendo mais uma tormenta.

Às vezes não sei até onde vou aguentar.

Porque o que Taehyung e Jimin encontraram revira minhas entranhas.

O lugar fica no bairro desativado da cidade, entre as ruínas de casas de antigos senhores e estábulos. Lá, o solo é mais escuro, mais fértil, mais vivo. Há magia impregnada em cada grão de areia, em cada fio de teia de aranha, em cada tijolo desgastado pelo tempo. Posso ouvir os gritos ecoarem em cada telha e caibro, em cada vestígio de sangue negro que se pinta nas paredes arruinadas. Posso sentir a dor em cada corrente, lança, machado e serrote enferrujado. Posso ver o desespero marcado nas inscrições que dizem:

Bruxas. Bruxas. Bruxas.

Morte. Morte. Morte.

Como as vozes que sussurraram para mim no dia em que a magia se libertou em __________.

O lugar que visitamos era uma casa de tortura que também serviu como cemitério para bruxas. E, se do lado de dentro das ruínas germina toda semente que cai, do lado de fora o bairro inteiro é um deserto cinzento, sem qualquer vestígio de vida. Quando Jackson contou a história sobre os caçadores, não imaginei que veria algo assim. O conto não se compara com a realidade impressa naquele lugar maldito. Pessoas foram torturadas e morreram ali. A maldade, que já não deveria me surpreender, me asfixia.

Mas, não. Esse não será o destino da Monstrinha. Não será. Vou protegê-la.

— Jungkookie... Chegamos. — Ouço uma voz distante e pestanejo. — Vamos beber um pouco, cara. — Jimin sorri para mim e seus olhos tornam-se riscos, quase fechados. — Hm? Relaxa. Aquele lugar está desativado há muitas décadas. Nós já nos informamos.

— Mesmo assim... Ainda é algo com que me preocupar. — Dou de ombros e me mexo no banco. Retiro o cinto de segurança e pulo da caminhonete estacionada próxima à calçada do barzinho. — Vocês lembraram de chamar o Yoongi?

— Yoongi? — Taehyung pergunta depois de travar o carro.

— Você dois são avoados. — Jimin aponta para o bar e avança pela calçada. — Yoongi Hyung já está nos esperando lá dentro. Aish, o que seria de vocês sem mim?

— Sem você, eu teria esquecido meu cartão e não poderia beber. — Taehyung retruca, olhando para um ponto acima de sua cabeça.

— Pois é!

Mantenho-me em silêncio enquanto avançamos um ao lado do outro pela calçada do barzinho.

Acompanho o movimento e me surpreendo. A noite ainda nem começou, mas posso ver pelas vitrines que o lugar já está cheio. Pessoas entram e caem com uma frequência absurda, e o burburinho de risadas e conversas altas, abafadas por uma música agitada, é ouvido do lado de fora. Duas moças saem pela porta principal antes de passarmos. Uma ampara a outra, que chora e fala que ainda quer esperar por um cara que não foi ao encontro marcado.

— Coitada dela. — Jimin comenta baixinho para Taehyung, que parece não entender de quem ele fala.

Quase rio da displicência única do meu amigo lobisomem.

E é ele que empurra a porta para abrir passagem para nós. Jimin passa uma mão pelo cabelo, jogando-o para trás, e entra vasculhando o bar com o olhar concentrado, claramente à procura de Yoongi. Eu enfio as mãos nos bolsos do jeans e ultrapasso a entrada do barzinho para inalar o ar profundamente e fazer um reconhecimento da área. Sinto a profusão dos aromas de perfumes femininos e masculinos, fritura, álcool, suor e produtos de limpeza industrial. O normal para um bar, exceto por dois odores.

São dois Alfas.

Um deles é cítrico, com notas densas e um fundo de flor de cerejeira. É uma essência poderosa, saudosa e sombria, quase ranzinza, mesmo no olfato, mesmo que seja apenas um cheiro. É Yoongi Hyung. O outro cheiro, porém, é uma mistura soberba de tabaco e couro. A essência me enerva e é enjoativa. Faço uma careta ao me lembrar de quem se trata. Kim Yugyeom.

Procuro-os com o olhar e vejo Yugyeom rodeado pelo grupo de amigos, jogando sinuca em um dos ambientes de jogos do bar. Na mesma área está um solitário, frio e letárgico Min Yoongi, bebendo uma dose de soju sozinho, sem olhar para nenhum ponto em específico. Nós três nos encaminhamos na direção do Hyung, mas eu não resisto a dar uma segunda olhada em Yugyeom, para encontrá-lo com os olhos fixos em mim. Estreito o olhar de resposta e franzo o nariz. Quase rosno, para que ele saiba que eu não estou para brincadeiras hoje.

Ele repete meu gesto, com a mão apoiada no taco de sinuca.

Já sei que a noite vai ser longa.

***

As horas se passam sem que eu perceba.

Desde que sentamos na mesa do bar, contei a Yoongi sobre a casa abandonada que visitamos e ele me disse para ter calma, porque aquilo não significava nada. Depois disso, a desconfiança, o medo e a ira que enfrentei mais cedo se transformam em uma alegria boba e ébria. Somos apenas eu e meus amigos, bebendo e brincando sem preocupações, rindo com os jogos que disputamos na mesa. Os castigos para quem perde são sempre os mesmos, beber uma dose inteira de uma vez.

E às vezes eu acho que Jimin perde rodadas de propósito para beber uma nova dose.

Bêbado incorrigível.

Então, no meio do jogo de cartas, fofocamos sobre as pessoas da escola e da cidade. Jimin conta diversas que aconteceram em uma festa na casa de uma das amigas de Tzuyu, na noite anterior. Falamos também sobre a tal mentira que a própria Tzuyu anda espalhando por aí de que estamos juntos e transamos no banheiro da escola na sexta-feira, depois da prova. O pior de toda essa história é que, aparentemente, toda a cidade já sabe dessa "foda" e três colegas me abordaram para perguntar sobre minha namorada, Tzuyu.

Descubro assim que Jeon Jungkook é o alvo mais visado das fofocas interioranas.

Rio com meu infortúnio e bebo mais uma dose, trincando os lábios. Passo minha vez nas cartas e Jimin faz sua jogada, atrapalhado por conta da bebida que já atrapalha seu discernimento e coordenação motora. Nós rimos com ele e Yoongi o ajuda a terminar a jogada, porque é seu parceiro. Fito Taehyung e lanço-lhe uma piscadela, que ele responde com um sinal positivo.

— Ei, Jungkookie! Eu te falei que vou testar o inibidor de mutação na próxima lua cheia? Jin Hyung disse que ele vai manter meu lado racional e vai impedir a mutação óssea... Mas, que talvez eu ainda ganhe alguma pelagem de lobo. — Tae fala, enquanto olha suas cartas.

— Sério? Ainda vai precisar que a gente ajude com as correntes? — Pergunto baixinho e ele dá de ombros.

— Sempre existe a possibilidade de dar errado, né? Jin Hyung já me disse que pode não servir pra nada e eu preciso estar acorrentado ao tomar o inibidor, então... É melhor você, Jimin e Yoongi estarem lá comigo.

— Ah, de boa. Mesmo assim é uma boa notícia, Tae. — Concordo com um aceno e fito Jimin, que me olha sorridente.

— Jungkoooookie... Fale a verdade... Você está pegando a Tzuyu? — Jimin soluça e ri, batendo a mão no peito. — Meu Deus, acho que vou morrer de curiosidade se não souber.

— Aish, Jimin. Eu já disse que...

— Ei, Jungkook! Cara, onde você se enfiou o fim de semana inteiro? — Olho para trás e vejo um colega de sala. Junto minhas cartas e me levanto para cumprimentá-lo. Dou batidinhas em seu braço e ele me responde com o mesmo gesto.

— E aí, cara?

— Ei, mano. Me disseram que você tá catando a Tzuyu de novo. Real? — Ele ri e eu suspiro cansado. Nós dois rimos. Levo a pergunta de maneira amistosa e me preparo para responder. — Ah, me dá o número da tua irmã? Ela parece ser legal e, minha nossa, é muito bonita. Eu estava pensando em chamá-la pra sair. Sabe se ela está com alguém? Ela gosta de cinema? Tem uns filmes novos no...

Meu coração se acelera e meus olhos se injetam.

Imediatamente.

Ele disse que ela é muito o quê? Ele está pensando em levar a Monstrinha pra onde?

Cinema? Cinema?! EU SEI O QUE CASAIS FAZEM EM CINEMAS.

— Como é? — Pergunto, com o semblante endurecido.

— Aish... Mano, você está passando mal?

— Minha irmã não é pro teu bico, imbecil. — Falo mais grave e ergo o queixo, enfrentando-o. Meu colega olha à nossa volta e ri.

— Calma, cara. Eu não sabia que era tão ciumento com a sua irmã. — Sua expressão é desconcertada e ele fita Jimin, que ri e lhe dá um tapinha no braço. — Eu não sabia mesmo. Eles nem são irmãos de verdade... Se conheceram um dia desses, não? O que eu soube é que eles nem se dão tão bem.

Jimin assente.

— É, isso é. Mas, aigoo, Dong, se você tem amor à vida... Para de falar e vaza, mano. — Meu amigo embriagado ri.

O imbecil volta a me olhar e eu cruzo os braços. 

— Ahm... Falou. Vazei. — Ele acena desconcertado e se vai.

Quase simpatizo com ele por constatar que não somos irmãos de verdade e que não há nenhum vínculo sanguíneo ou de afeto entre nós. Mas, a realidade é que eu ainda quero cortar o pau desse miserável fora por ele ter ousado imaginar que um dia sairia em um encontro com a Monstrinha e a levaria ao cinema.

— Mais essa. — Resmungo e volto a me sentar.

Yoongi, em seu canto da mesa, observa a cena e ri de maneira especial de uma piada que só ele consegue entender. Ele é o único a saber sobre quem é minha namorada de verdade.

— Se eu não tivesse passado pelo mesmo olhar antes, estaria com medo de você, Jungkook. Lembra do dia que eu perguntei se a irmã dele era bonita, Jimin? — Taehyung comenta e Jimin ri.

— Lembro! Eu também lembro do escândalo que ele deu só porque eu me apresentei pra __________-ah. Ah... Ela é tão fofa.

— Se apresentou uma ova. — Acuso. — Você aproveitou que ninguém estava por perto e foi falar com ela todo sem camisa e sorridente pro lado dela. Você pensa que me engana, Park Jimin?

— Aigoo! — Jimin quase grita, com as bochechas coradas. — Eu estava sem camisa porque não queria molhar a minha e tive que entrar na piscina pra buscar a bola. — Ele pigarreia, extremamente constrangido. É exatamente esse o jeito "fofinho" que ele usa como arma para conquistar todas as meninas da escola.

— É, e eu acredito nisso. — Falo com sarcasmo.

Jimin ri e pega outra garrafa de soju, cantarolando uma música à voz macia. Ele a bebe no gargalo e tenta esconder o rosto com as cartas, mas as vira de frente para nós e acaba revelando todas as que possui em sua mão. Yoongi, seu parceiro de jogo, bate na própria testa e joga suas cartas na mesa, desconcertado. Jimin esconde suas cartas de novo e passa a língua pelos lábios molhados pelo álcool. Ele ri com a raiva de Yoongi, que bate o punho fechado na mesa.

— Aigoo! Não acredito que o Jimin fez isso! A gente ia ganhar! O Jungkook inventou tudo isso aí pra distrair a gente. Aish! Chega, não quero mais jogar baralho. O que vamos fazer agora?

Taehyung pestaneja e forma um bico com os lábios.

— Que foi? O que o Jimin fez?

Yoongi desvia apenas os olhos para Taehyung, incrédulo. Ele mexe os lábios algumas vezes, sem conseguir produzir uma frase inteira para explicar a Taehyung o que acabou de acontecer. Então, parece desistir e me olha, inflando as narinas.

— Sinuca?

— Sinuca. — Respondo e largo as cartas na mesa. — Eu vou ganhar, hein? Não tem pra ninguém nesse jogo.

— Quero só ver. — Yoongi desafia e nós nos levantamos.

Atravessamos as mesas com grupos de pessoas e seguimos para a mesa de bilhar, de madeira mogno, coberta com camurça verde-esmeralda. Os tacos estão todos empilhados ao lado da mesa, em um móvel feito exclusivamente para esse propósito. As bolas coloridas, lisas e listradas, estão apoiadas em um canto, à espera de jogadores. Taehyung e Yoongi caminham na frente e eu rio com Jimin, que anda abraçado à sua garrafa de soju.

Todavia, a atmosfera amistosa que nos alegrou durante toda a noite é perturbada pelo maldito cheiro familiar de Alfa. A essência enjoativa e masculina infesta minhas narinas e se acumula em minha garganta, tóxica e repulsiva. A adrenalina corre fácil por minhas veias e eu me afasto dos meninos. Tomo a frente do grupo para encarar Kim Yugyeom, parado entre nós e a mesa de bilhar. Quando me vê de mais perto ele sorri dissimulado e cruza os braços.

— Aigoo... Jeon Jungkook. Pra onde está indo?

— Como se isso fosse do seu interesse, seu babaca. — Retruco com as narinas inflamadas.

— Não me diga que quer jogar sinuca. — Seu sorriso é enervante e seus olhos não titubeiam.

Estão fixos nos meus, quase rubros.

— Não quero. Nós vamos.

— Aish, que pena. — Ele franze o cenho, com falsa compaixão. — Nós estamos usando a mesa.

— Não, não estão. Nós acabamos de conferir e ela está vazia.

— Mas, estávamos antes e eu quero voltar agora.

O que ele faz tem um único objetivo. Provocar-me. Ele escolheu o pior dia para fazê-lo. Meu coração retumba no peito, alastra a adrenalina por todo o corpo e me faz inflar os pulmões. A ira que sinto é incontrolável, irremediável, incurável. Dou um passo a frente e ele faz o mesmo. Centímetros nos separam agora, e nos erguemos no alto das posturas com os dentes serrilhados e as íris afogueadas. Trocamos o ar, como dois lutadores no dia da pesagem. Fecho os punhos com ainda mais força e ranjo os dentes.

Nossos narizes quase se tocam.

Jungkook, para com isso. — Ouço atrás de mim.

Yugy! Deixa o cara jogar em paz. — Alguém fala do outro lado.

Meus olhos se estreitam e meu coração vibra na caixa torácica.

— Eu vou jogar agora. — Sussurro contra sua boca.

— Já eu acho melhor a gente fazer uma troca. — Yugyeom devolve, ardiloso, sem se distanciar ou se deixar abalar pela nossa proximidade. É como um desafio. — Você fica com a mesa de sinuca e me deixa em paz pra ficar com sua irmãzinha. O que você acha?

Meus poros se eriçam e todo o corpo estremece em uma onda de fúria que me cega.

Ele não deveria ter falado isso.

Agora meu punho atinge seu olho direito e todos dentro do bar gritam.

***


Notas Finais


Trailer da Fanfic: https://www.youtube.com/watch?v=alMhPs3sAvI
Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=iJUhHpu0NOQ (Jungkook doidão)
Meu Twitter: @Ghooost_fa

O que acharam da conversa da Monstrinha com o Jungkook? E esse lugar bizarro que eles encontraram? E essa treta aí com o Yugyeom? HOHOHIOHOHOHIIO adoro as teorias que vocês fazem! <3333
MUITO OBRIGADA POR TODO O CARINHO.

Agora sim... Tenho que me atualizar em milhões de fanfics que to lendo! Vejo vocês depois!

Ps.: PARABÉNS PRA QUEM FEZ NIVER ESSA SEMANA!!
Ps.2: To me preparando pra postar a GME no wattpad... Logo logo tem lá também *-* scrr

~~Ghokiss


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