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História Lobo em pele de cordeiro - Lado obscuro e perverso


Escrita por: dokken

Notas do Autor


Olá, como vão?

Como prometido, aqui estou com mais um capítulo!

Espero que gostem <3

Capítulo 2 - Lado obscuro e perverso


Olho fixamente para as gotas de água que se formaram em minha garrafa e suspiro. Já se passava das quinze horas e eu tentava focar meus olhos nas linhas de meus livros e cadernos, mas minha cabeça estava um turbilhão, me lembrando a todo momento de coisas que eu não queria lembrar e das provas que eu teria na semana seguinte, me deixando um pouco aflita. Era fim de semestre e eu sabia que estar na Universidade seria muito diferente da escola, mas vivenciar aquele novo mundo me causou um choque terrível. Suspiro fundo e tento ler o parágrafo sobre legislação na comunicação pela milésima vez, mas minha cabeça estava mais focada em me auto sabotar com as imagens de sábado retrasado. Um fato que estava me deixando muito dispersa nos últimos dias.

Eu estava remoendo aquilo há duas semanas, e apesar de gostar de sair com meus amigos, me arrependo amargamente de ter aceitado a proposta de Hoseok. O universo já tinha me alertado que aquele dia não seria bom logo nos primeiros momentos, mas eu não dei ouvidos e aceitei. Tudo corria maravilhosamente bem até o momento que eu resolvi dar uma de boa samaritana e abrir portas alheias em uma festa muito suspeita, com pessoas suspeitas e que faziam coisas suspeitas. 

As imagens me vêm à mente novamente e logo trato de fechar os olhos com força para tentar dissipá-las. No momento em que pisei naquele lugar questionei os pensamentos de meus melhores amigos por estarem me carregando para aquilo e achar que fosse uma boa ideia. Eu não era contra sair, pelo contrário, até gostava, apesar de preferir o conforto do meu quarto, mas aquela festa em si pareceu errada no momento em que dei meu primeiro passo para dentro da enorme casa. E depois do meu ato inconsequente e totalmente impulsivo, o que era errado pareceu se tornar algo quase proibido. Lembro de encarar as feições animadas de Namjoon, Allie e Hoseok e me sentir um pouco mal por estar agindo como uma careta, mas eu quase não podia evitar. 

Meu círculo de amizade não era extenso e, na verdade, nunca fiz questão que fosse. A ruiva e os dois asiáticos sempre fizeram parte de minha vida, desde que me lembro. Depois de tanto tempo estudando juntos, não foi difícil começarmos a construir uma linda amizade. Após nos formarmos, decidimos ir para a mesma universidade, mas a sorte nunca andou muito ao nosso favor, fazendo assim apenas três de nós conseguir adentrar ao mundo universitário na mesma cidade. A sorte de Namjoon foi mais longe, ele passara na universidade da cidade vizinha, o que não era de todo ruim, mas dificultaria nossos encontros. Não demorou muito para o posto de Namjoon ser preenchido, nos transformando de novo em um novo quarteto quase inseparável. Apesar de brincarmos que Namjoon tinha sido substituído, o asiatíco mesmo assim fazia questão de nos lembrar que era impossível esquecê-lo, deixando avisos irônicos e um pouco ameaçadores para Park Jimin, o novo integrante.  

Estudante de dança, simpático e prestativo, foi sendo introduzido no grupo aos poucos, em parte por culpa de Allie, pois os dois estudavam juntos, então não demorou muito para que o moreno estivesse andando conosco. Todo mundo o recebeu muito bem, pois apesar de ter uma expressão completamente inocente beirando ao frágil, seu humor e ironia eram idênticos ao de meus amigos, então foi um prato cheio para sermos encantados. 

Com seu jeito estonteante, que contagiava a todos, não foi muito reconfortante para mim ao perceber que eu fazia parte do clube que não conseguia ser imune à ele, e isso piorou quando, em uma noite de bebedeira, tivemos a conversa mais profunda de todas as nossas vidas. Foi um momento de fraqueza e carência, mas que encheu meu coração de tantos sentimentos bons que eu não conseguia nomear. Naquele momento eu senti uma conexão estranha, mas muito reconfortante. Apesar de nunca vê-lo triste e estar sempre sorrindo, me deixou muito surpresa quando de repente ele começara a contar de seu passado um tanto quanto duvidoso. Era difícil de acreditar que aquele homem à minha frente tinha passado tanto tempo na vida errada. Ele também tinha seus demônios como qualquer outra pessoa, mas ao contrário de mim, ele soube superá-lo e seguir em frente. Naquela noite, lembro de estar completamente envolvida e de querer  conhecê-lo mais, entender quem ele realmente era. Porém, quando os dias foram passando e aquele típico sentimento foi crescendo, acabei percebendo que a única coisa certa a ser feita era fugir, porque fingir que nada estava acontecendo dentro de meu peito não estava adiantando. Amar me dava medo, e eu não estava nenhum pouco preparada para isso.

Eu nunca tinha me interessado de fato por alguém, na verdade nunca me permiti, sempre tive apenas paqueras e um namoro tão curto que não deu nem tempo de conhecer a família. Eu tentei dar uma chance, permitir me envolver, porém quando eu ouvi o primeiro “eu te amo” vindo de Jacob, não demorou para eu logo desistir. Era até clichê, mas até eu colocar os olhos no moreno de sorriso fácil que o tornava o mais adorável possível, meu coração nunca havia batido forte por ninguém e meu estômago nunca tivera abrigado centenas de borboletas. Sempre tentei ignorar tais emoções, porque primeiro:  eu não estava no mesmo nível que ele, em outras palavras, “muita areia para o meu caminhãozinho”; segundo: que eu morria de medo de ser rejeitada, e dado ao primeiro fato, isso era muito provável de acontecer. 

Eu já sabia que as garotas sempre estavam encantadas por ele, o que não era muito difícil, afinal Jimin era uma pessoa incrível. Já tinha o visto sair com algumas delas, mas nunca chegamos a conversar sobre isso, na verdade, depois que eu resolvi adotar o modo covarde, nós não conversávamos tanto. Eu já tinha escutado algumas outras garotas do curso de Allie dizerem que Jimin não era fácil e que era muito diferente daquele garoto que a gente conhecia, que deveríamos tomar cuidado para não sermos enfeitiçadas com o charme proibido do moreno. De fato ele exalava um charme bem característico, mas ao meu ver era encantador. Mas depois de sábado, eu passei a entender que tipo de charme a colega de turma de minha melhor amiga estava querendo dizer. 

Tal pensamento me faz vivenciar o exato momento em que abri a porta e o sentimento de arrependimento misturado com surpresa tomando o meu corpo de forma arrebatadora. A cena volta à minha mente para me assombrar me lembrando do moreno com feições nada angelicais. O Jimin que eu vira naquela noite parecia outro, mais obscuro e perverso, nada parecido com aquele que eu via transitar pelo apartamento, sorrindo inocente e tirando sarro de Allie. 

Quem em sã consciência não tranca a porta quando se está fazendo coisas explícitas? É a regra número um, principalmente se você está na droga de uma festa. Se aquela maldita porta estivesse trancada, ou se eu não fosse burra o suficiente, eu estaria com meus pensamentos intactos e apenas focados nas provas que eu teria dali uma semana e não em Jimin, quero dizer, na outra versão do moreno de beleza estonteante fazendo coisas que eu nunca poderia imaginar, ou melhor, coisas que eu nunca poderia imaginar ele fazendo. Confesso que meus pensamentos sempre me faziam criar situações em que o moreno fazia coisas igualmente sujas, porém ver aquilo ao vivo e a cores não me deixou muito feliz, principalmente porque a protagonista que o acompanhava era muito mais interessante que eu. E tudo piorou quando um sorriso e olhar malicioso, sem remorso nenhum por ter sido pego naquela situação, foi disparado na minha direção, e a imagem de bom moço e inocente que eu tinha dele se partiu em milhões de pedaços.

Eu poderia rir da situação, porque seria engraçado, se fosse outra pessoa. Aquele tipo de coisa era normal em festa, ainda mais nas que tinham índole duvidosa. Eu estar incrédula e até irritada por ter pego alguém fazendo sexo, era uma reação completamente ridícula. Allie era mestre em fazer tal coisa e eu nunca fiquei aborrecida, pelo contrário, sempre tirei sarro do momento. Mas a coisa toda é diferente quando é o cara que você supostamente nutre algum tipo de sentimento. 

Desisto de continuar estudando, então fecho meus livros e cadernos e os coloco em minha mochila. Bebo o restante da água de minha garrafinha e a jogo dentro de minha mochila também. Olho em volta e percebo vários estudantes focados em seus estudos e logo me amaldiçoo internamente por não ter conseguido ler nem quarenta páginas direito. Assim que saio da biblioteca, sinto braços rodearem meus ombros, já percebendo de quem se tratava só pelo cheiro doce e enjoativo do perfume.

— Aí está ela! — Allie diz risonha. — Eu sabia que você estaria na biblioteca, é praticamente a sua segunda casa.

— Eu não passo tanto tempo assim. 

— Da última vez foram seis horas seguidas, nós contamos e apostamos. — Eu a encaro incrédula e ela ri.

— Vocês apostaram quanto tempo eu ficaria na biblioteca estudando? — Solto uma risada.

— Sim. Eu e Hoseok erramos por pouco, Namjoon acertou em cheio e Jimin não soube opinar.

Forço um falso sorriso afetado e desvio o olhar de seu rosto, pois eu podia sentir minhas bochechas corando só de ouvir o nome do moreno.

— É muito bom saber que vocês ficam falando mal de mim pelas minhas costas. 

— Não é falar mal de você e sim do seu estranho relacionamento amoroso com os estudos. 

— Por mais difícil que pareça, eu não amo estudar, como vocês ficam sempre falando, eu só gosto de manter minhas boas notas.

— Em outras palavras, “não aceito perder e ser ruim em nada”, já percebemos o seu perfeccionismo, aliás às vezes ele é bem aparente. — Empurro ela para o lado e continuo a andar. Posso escutar sua risada alta e não consigo evitar dar um sorriso.

Saímos do portão principal da biblioteca e seguimos sem rumo pelo campus. O dia estava estranhamente tranquilo e era muito esquisito não ver alunos andando para cima e para baixo rindo e zoando uns com os outros. Fim de semestre deixava a cabeça de todos um tanto atarefada e perturbada por causa das provas e trabalhos, fazendo a maioria virarem ratos de biblioteca, tentando dar conta de tudo. Volto minha atenção para a ruiva ao meu lado e uma dúvida me vem à mente e não hesito em perguntar:

— O que você está fazendo aqui numa quarta-feira às...— Confiro o horário em meu relógio de pulso. — 15h45 da tarde?

— Não é só você que estuda, lindinha — ela me cutuca levemente — Tenho um projeto um pouco complexo para apresentar depois das provas, então estava com meu grupo ajeitando os últimos detalhes. 

— E como está indo? 

— Um pouco cansativo, eu diria. Eu não levo muito jeito para danças exóticas, então fiquei um pouco perdida, mas graças a Deus que temos Jimin em nosso grupo, ele sempre nos salva com seu conhecimento.

Tento me manter neutra, então apenas assinto indiferente. Era óbvio que ele tinha que ser perfeito também no curso que cursava. Parecia que ele tinha nascido para dança, todo mundo via isso. A dedicação que ele colocava em cada movimento era assustador e ao mesmo tempo lindo. Por muitas vezes o peguei fazendo movimentos pelo apartamento e, por mais que ele tentasse ser discreto por não ter espaço suficiente para se expressar da forma que realmente queria, ainda sim era encantador. 

— Tenho uma proposta — Allie diz de repente e eu a olho com uma careta. Eu já até imaginava o que viria em seguida, dado o fato que o fim de semana se aproximava e, para meu desprazer, a ruiva não era o tipo que gostava de ficar em casa, nem se as provas estivessem chegando.

— Temos provas semana que vem, devo lembrá-la antes que você diga o que eu acho que você vai dizer —  Escuto a ruiva bufar e sorrio convencida por conhecê-la tão bem. 

— Você é muito sem graça. — Sorrio ainda mais com seus resmungos. — Eu estou com saudades, você mal conversou comigo nesses últimos dias.

— Alliena, só se passaram duas semanas, não comece com o drama, eu sou imune à ele há muito tempo.

— Eu não estou fazendo drama, estou apenas expondo meus sentimentos e para de me chamar desse jeito.

— É o seu nome, oras — ela revira os olhos e me olha irritada. — Você sabe que não recuso nenhum convite seu, apesar de eu preferir meu quarto e meus livros.

— Eu sei, mas já está na hora de criar novos laços, minha cara.

— Mas eu já criei “novos laços”. — Respondo olhando-a ofendida, fazendo aspas com os dedos. —  Eu tenho outros colegas. 

— Não vale o pessoal do seu curso, já que você não tem muita escolha.

— E por que não? De qualquer forma, também tem o pessoal do seu curso.

— Que você só conversa por minha causa.

— E daí? Até onde eu sei, eles são seres humanos. 

— Sim, mas o que eu quero dizer é que você precisa conhecer pessoas novas por conta própria, sabe? 

— Você sabe o que eu penso disso, Allie.

— Aria, já se passou tanto tempo…

Ela não termina a frase porque sabe que ainda é um assunto delicado para mim. Resolvo não dizer mais nada e posso sentir ela suspirar ao meu lado. Depois de alguns minutos andando em completo silêncio, sua voz doce preenche o ar novamente.

— Mas você não teria uma brechinha na sua agenda para irmos em uma comemoração? Vai ser no mesmo bar de sempre, nada muito sofisticado. É aniversário da Paige, a vizinha do Hoseok, se lembra dela?

Tento me manter neutra ao ouvir sua proposta, mas não sei se consigo dado a expressão estranha que ela me encara. Depois de toda a situação constrangedora, me dei conta de quem era a loira esbelta, de peitos fartos e de gemidos esganiçados fazendo uma ótima companhia para Jimin, pois era nada mais nada menos que Paige Bolton. 

Eu nunca a tinha visto até então ou até mesmo conversado com ela, mas vez ou outra Hoseok trazia seu nome para a roda, dizendo que deveríamos conhecê-la. Toda aquela empolgação só foi entendida quando eu a vi, não como eu esperava, claro. Dessa vez rio internamente com total amargura. Park Jimin sabia muito bem escolher suas vítimas. 

— Vai ser que horas? — Pergunto a primeira coisa que vem à mente para dissipar os pensamentos. 

— Às oito.

Seguimos em direção a parte de recreação, onde ficava algumas lanchonetes e cafeterias. Costumávamos sempre nos encontrar ali e para passar o tempo. Tal pensamento me faz olhar em volta para ter certeza que não os encontraria, porque se rejeitar Allie parecia uma tarefa impossível, juntá-la com Hoseok com sua alta capacidade de persuasão, seria o meu fim.

— Eu passo na casa da sua mãe para te pegar. Aliás...— Ela continua e depois me lança uma careta. — Quando que você vai voltar para o nosso apartamento? 

Depois do que aconteceu, eu dei uma desculpa que iria ficar alguns dias na casa da minha mãe para ajudá-la com algumas reformas. Se só de pensar em Jimin já quase fritava meus neurônios, vê-lo todos os dias me causaria uma síncope. 

Para minha sorte (ou azar, depende de como você olhava a situação) eu dividia apartamento com Allie e Jimin, pois aparentemente tínhamos o mesmo propósito: não queríamos morar em nenhuma fraternidade ou no campus da Universidade. Jimin estava procurando um lugar para ficar quando passou a andar conosco, então só foi o moreno dizer o que pretendia, que Allie, como boa samaritana que era, fez a proposta para ele, sem ao menos me consultar. 

Eu não achei a ideia ruim, apesar de repreender Allie por alguns minutos por ter feito uma proposta daquelas para uma pessoa que ela conhecia há pouco tempo. Depois de muito analisar o perfil do moreno, ele acabou se mudando umas semanas depois e passou a respirar os mesmos ares que eu e a ruiva. No começo foi um mar de rosas, mas depois que Jimin passou a aparecer em meus sonhos e em pensamentos um tanto constrangedores, eu vi que estava com um problemão. Allie me questionava o tempo todo, mas eu não sabia o porquê de não falar totalmente a verdade. Talvez, na minha cabeça, seria mais fácil eu conviver com isso apenas para mim, pois assim seria mais fácil superar, mas já havia passado meses e o sentimento ainda era muito vívido.

— Ainda não sei, pode ser que ela me enxote antes mesmo da reforma terminar, sabe como que é, família unida. — Respondo com um leve sorriso no rosto.

— Ela deve estar achando um saco que você voltou, mal pôde curtir e você já estava de volta. — Ela diz risonha e eu a acompanho. 

— Acredita que ela falou a mesma coisa? Me senti muito amada. — Rimos e seguimos até a cafeteria.

Entramos em nossa cafeteria preferida e eu fico aliviada por não ver nenhuma cabeleira morena de sorriso simpático. Eu não falo com Jimin desde a festa, estou o evitando ao máximo, pois não sei bem o que eu falaria, se é que eu conseguiria falar alguma coisa. Era imaturo, eu tinha total consciência disso, porém eu simplesmente não conseguiria lidar com isso agora. Eu sentia um misto de coisas quando pensava no assunto, principalmente ciúmes e raiva. O pensamento era odioso, mas não deveria ser Paige ali com ele. Mas quem poderia ser? Eu? Até parece! Comparada a Paige, eu não tinha nenhum atributo melhor para oferecer. Park Jimin não se interessava por pessoas como eu. 

— E a propósito, eu não disse que iria à festa. — Digo enquanto escolho qual bolo eu compraria e escuto uma risada fraca ao meu lado.

— Não precisa nem dizer, sei que vou acabar te convencendo. 

E eu não duvidava nem um pouco disso.

 


Notas Finais


O que acharam? Me digam nos comentários, pls! :)

Não se esqueçam de ser cuidar, ok? Beijos e até quarta que vem!


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