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História Love Shot - Humano


Escrita por: imakinox

Notas do Autor


ooioioi pessoal!
como vão? espero que todos bem!
trouxe mais um capítulo para vocês REPLETO DE COISAS ENTAO ATENÇÃO!
nos vemos nas notas finais.
— a música do capítulo é 'human' https://open.spotify.com/playlist/70KPyisJD7Bn61fp2zojKW | https://youtube.com/playlist?list=PLv8GR2J2FVhrYQNEvCUJIdqMkR163Exv3
boa leituraaaaa

Capítulo 7 - Humano


[ eu posso dançar e atuar,
eu posso ficar acordado por dias,
se é isso que você quer, eu serei o número um
se é isso o que você pede, vou te dar tudo o que eu sou ]

 

— Tio, por que suas mãos estão com sangue?

— Titio, por que a papai está caído nos seus braços?

— Tio, nosso pai está bem?

— Titio, esse sangue nas suas mãos é do papai?

Levi encarava quatro crianças com olhares assustados enquanto uma faca estava em sua mão e na outra um corpo debruçado, totalmente degolado. Seu rosto tinha respingos de sangue, nas suas mãos tinha o corpo de um homem e a sua frente quatro crianças que um dia havia amado muito.

“Sem testemunhas.” Foi o que Erwin havia dito. Aquilo era, no mínimo, cruel demais; porém, na sua frente estavam as quatro testemunhas trágicas de uma operação quase cem por cento concluída, exceto por aquilo.

“Mate qualquer testemunha, Levi.”

“Mas são crianças! São inocentes!” Levi pensava sempre que a voz do comandante ecoava pela sua cabeça com a última ordem.

— Titio, por que está chorando? O que está acontecendo? Por que está apontando uma arma para... — Uma das crianças foi interrompida.

Um disparo. Dois, três, quatro.

Silêncio.

Levi acordou em um pulo, suando frio e com o peito subindo e descendo rapidamente. Olhou para as mãos limpas, lembrando-se que aquelas pequenas mãos já foram palco para muitas mortes e eram vangloriadas por diversos ‘contratantes’.

Lembrou-se do rosto de cada uma das quatro crianças do sonho e suspirou fundo, colocando as mãos no rosto. Elas não estavam mais lá. Mais do que sangue de seu alvo nas mãos, Levi tinha o sangue de quatro pessoinhas que o admiraram muito um dia e que durante alguns meses se tornaram sua família.

Aquela missão foi concluída com o mais absoluto sucesso e Levi havia se tornado o agente número um da SurveyCorps por ter derrubado um alvo daquela magnitude. Vários agentes não conseguiram e sofreram as consequências pelo trabalho horrível que prestaram, isso quando não acabavam mortos na tentativa de fazê-lo.

A glória estava em suas mãos. Vários departamentos de polícia ligavam para contratar seus serviços de espionagem e infiltração e muitos se surpreendiam quando o viam chegar com a baixa estatura e o corpo menos musculoso do que o esperado, mas ficavam satisfeitos com o talento que ele tinha a cada operação bem sucedida.

Além da polícia, pessoas bilionárias e chefes de impérios contratavam seus serviços para espionar e várias vezes assassinar concorrentes ou pessoas influentes. Não era tarefa difícil, uma vez que tinha uma lábia boa e uma parceira excelente ao seu lado.

Ele não se importava desde que o dinheiro caísse na sua conta. Ele não se arrependia, seu lema era esse: sem arrependimentos. Fazia o que tinha que fazer, não importava os meios para isso; porém, a única vez que se arrependeu foi quando se envolveu demais na operação do seu alvo mais difícil e o que o levou ao pódio do sucesso: Willy Tybur. Um bilionário dono de diversos bancos populares no país, mas envolvido com um sistema gigantesco de narcóticos por debaixo dos panos. O comandante Erwin Smith descobriu a façanha através de uma ligação e o contratou para se infiltrar na família, averiguar, pegar provas incriminadoras e na primeira oportunidade apagá-lo.

 Como se infiltrou? Como uma espécie de jardineiro e auxiliar de serviços gerais.

Mas o que não esperava era que os quatro filhos do alvo fossem ficar tão encantados por si a ponto de brincarem juntos, fazerem piqueniques no enorme jardim da mansão dos Tybur, pedirem para Levi contar histórias de ninar e o apelidarem de ‘tio’.

Levi começou a nutrir um carinho enorme pelas crianças, dando a atenção que o pai não dava dentro de casa por ser sempre muito ocupado e isso era mais do que recíproco, a ponto de começar a ter acesso a cômodos da casa que eram praticamente inacessíveis para a maior parte dos funcionários.

O resultado? Conseguiu matar a sangue frio seu alvo e tornou-se o maior agente de espionagem e infiltração do país, com serviços caros, mas de extrema qualidade. Contratá-lo era ter a certeza de que o serviço que fosse passado seria feito com maestria e não haveria qualquer pista ou rastro para trás.

Ele era silencioso e fatal.

Mas a que custo?

Aquela sensação de culpa que dificilmente sentia acometeu o seu peito. Muitas vezes esquecia que ali dentro abrigava um coração trancado a sete chaves e que as únicas pessoas que conseguiram extrair sensações e sentimentos dali de dentro foram sua mãe e as quatro crianças que um dia amou como se fossem sua família.

Levi olhou para o lado, vendo as horas. Havia passado a noite em claro tentando ver alguma ligação ou especular algo em relação aos assassinatos e sobre a pequena pista que o cracker havia deixado, mas em vão, e então deitou-se para descansar e dormiu três horas durante dia – o que era extremamente incomum –, mas seu corpo estava no limite. Também era humano, por mais que muitas vezes ele próprio duvidasse disso.

Desbloqueou o aparelho, passando os olhos pela lista de contatos – extremamente restrita – que havia ali e parou os olhos em um. Pensou um pouco antes de ligar para aquela pessoa, mas logo o dedo pressionou a tela de led e o ícone de ligação iniciada se fez presente.

— Alô? Eu preciso ver você.

______

Na residência dos Jaeger, um jantar era feito com todos da família presentes. Era no mínimo de se estranhar, mas algumas vezes forçavam essa barra para parecerem uma família unida e feliz.

Grisha estava sentado na ponta com Zeke do seu lado direito e Dina do seu lado esquerdo. Mikasa estava ao lado da loira, enquanto Eren estava ao lado do meio-irmão.

— Mikasa, como está na faculdade? — Dina perguntou.

— Nada de novo. Eu tiro as maiores notas e é isso. — Ela deu de ombros, sendo seca enquanto mexia no seu prato sem muito interesse.

— Vou ir no clube por esses dias, deixe o meu escritório preparado para isso. — Grisha falou para Zeke, que apenas concordou com a cabeça.

— Como está a preparação para a inauguração da nova loja da joalheria? — Zeke perguntou.

— Estamos nos preparativos finais. Teremos um coquetel de inauguração, já fiz a lista. Vocês estão convocados, levem algum acompanhante à altura. — Grisha respondeu.

Eren revirou os olhos, entediado. Não que ligasse para aquilo, mas era no mínimo desgastante.

— Sem homens, Eren. — Dina falou, tom de voz repreensivo como sempre.

— Eu levo quem eu quiser, você não se mete na minha vida. — Eren retrucou, recebendo um olhar de reprovação de Grisha e Zeke. — SE quer passar a imagem de família perfeita nas capas de jornais e revistas, porque não convida eles para só um desses jantares de merda aqui?

— Respeite a mãe, Eren. — Zeke entrou na conversa.

— Grisha, esse menino não tem jeito. Por mim eu jogava na rua e descartava como um zé ninguém, é o que ele é. Um bastardo de merda.

— Isso aí — Eren apontou para Dina — não é a minha mãe. Você sabe bem quem é a minha mãe, pai, já que você fez o favor de engravidá-la quando pulou a cerca com sua preciosa esposa. — Foi sarcástico.

— Eren! — Zeke o repreendeu.

— Seu pai pegou você como uma forma de pagar por todos os pecados que cometeu. Jesus tenha piedade de nossas vidas. — Dina falou, olhos azuis transmitindo desprezo. — Não quero você e sua depravação sujando o evento da nossa família.

— Vai apelar para a religião? Faça-me o favor. O que será que o seu bondoso Jesus falaria de você tratando um filho seu assim? — Eren retrucou sem papas na língua. — Ele paga pelos pecados dele tendo uma mulher como você como esposa nesse casamento de merda. Vamos, todos aqui sabemos que você pula a cerca e leva chifre. Qual é o lema de vocês mesmo? Chumbo trocado não dói, não é?

Mikasa deu um riso abafado vendo a ira do irmão, enquanto tinha uma mão no seu colar de crucifixo. Gostava de como Eren extravasava e falava coisas que ela não tinha coragem de falar. Sentia nojo de pertencer àquela família, sentia nojo de ter aquele sobrenome e Eren era como a esperança no fim do túnel. Ele não compactuava com aquilo e o admirava por isso.

Ela extravasava sua raiva de outras formas.

— Está rindo por que, Mikasa? — Dina virou-se para ela. — Compactua com essas merdas que seu querido irmão fala?

— Na verdade, sim. — Mikasa falou, dando de ombros. — Vocês nunca se importaram conosco mesmo, nós cinco aqui não somos crianças, sabemos que essa família não existe.

— Outra ingrata que nem a própria mãe quis. Seu pai pegou você por dó e pena, sabe onde acharam você? Na frente de uma das nossas fazendas. Era para você estar morta de fome e frio e ao invés de agradecer a bondade do seu pai, fica apoiando esse bastardo. — Dina cuspiu as palavras. — Você é igual ele, um pedaço de merda. Me dá nojo.

— Chega, Dina! — Grisha gritou com a mulher. Mikasa era praticamente intocável para ele, sendo a caçula e seu eterno bebê, ele nunca cansaria de mimá-la e dar o que ela quisesse.

Talvez a culpa e o arrependimento o esmagassem cada vez que olhava para os olhos negros penetrantes, rosto pálido e cabelos negros sedosos e incrivelmente lisos.

A loira aquietou-se no lugar, sem dizer mais uma palavra. Mikasa e Eren não se importavam com o que Dina falava, já era comum saberem que não eram e não seriam bem-vindos por parte dela na família. Sempre foram tratados de forma diferente de como Zeke era tratado – filho legítimo do casal – e isso era escancarado para todos verem e bem evidente. Para Dina, eles eram bastardos e que ninguém queria.

Cada um carregando suas próprias cicatrizes e marcas internas por conviverem como se fossem fardos em um local que não eram bem vindos.

Tinham dinheiro, cresceram nos melhores bairros, estudaram nas escolas mais caras, tinham as roupas das melhores marcas, andavam nos carros do ano, iam nos melhores restaurantes. Nunca souberam como era ir a um bairro da periferia ou como era se envolver com pessoas de classe social menor ou inferior que a deles. Podiam ter tudo o que quisessem, mas algo que o dinheiro não comprava e faltava ali causou um enorme precipício entre aquelas cinco pessoas sentadas em volta daquela mesa e ponte nenhuma conseguiria uni-los. O nome disso? Amor.

Não havia amor, união ou coisas de família. Sempre foi interesse, obrigação e atuação.

A família Jaeger era respeitada, mas era falsa.

— Levem quem quiserem, desde que seja uma pessoa apresentável o suficiente e que não cause alvoroço da mídia. — Grisha finalizou, colocando um fim naquela conversa.

Amava os filhos. Sabia que havia errado como pai em diversos aspectos, principalmente em não ser presente e por sempre repreendê-los na frente de todos – isso acontecia mais com Eren –, mas o sentimento existia ali dentro em algum lugar.

— Bom, estou de saída. — Mikasa se levantou da mesa.

— Para onde vai? — Zeke questionou.

— Não te interessa. Eu, hein. — Ela falou. — Hoje terá show no clube?

— Sim, terá. — Eren falou. — Irei para lá mais tarde.

— Preciso resolver algumas coisas primeiro, depois eu dou um pulo lá, então. — Mikasa falou, saindo pela porta da cozinha sem olhar para trás.

Eren se levantou também, enquanto mexia no celular e nem disse nada, somente deixou o local. Olhou no grupo dos seus amigos, vendo que estavam combinando de se encontrarem em um pequeno bar – de gente do nível deles – antes de irem para o show no Vanilla Club em uma espécie de ‘start’ para um fim de semana prolongado graças à um feriado que teria. Confirmou a presença, pegando o número do local e foi para seu quarto arrumar-se para comparecer ao local.

Entrou, olhando para o pequeno escritório que havia ali e abriu a primeira gaveta da mesa, vendo uma foto dele com sua mãe e logo abaixo o orçamento do tratamento que ela estava fazendo, juntamente com recibos de médicos, exames, sessões de fisioterapia e consultas mensais. Era caro, uma vez que pediu para Frieda – uma ex-funcionária da sua casa – levá-la nos melhores médicos e hospitais. Queria dar o melhor para Carla e não se importaria como o faria, já que Grisha havia proibido qualquer gasto que fosse nos cartões que ele havia dado à Eren que se referisse àquele tratamento e à Carla, ameaçando contatar todos os médicos da região e proibi-los de atendê-la.

Não era algo impossível para ele, no fim.

Por isso Eren tentava manter uma pequena casa junto com dinheiro o suficiente para fazer sua mãe recuperar-se do acidente que sofreu. Se culpava muito por aquilo ter acontecido com ela e sempre pensou que era para ter sido ele quem devesse sofrer o acidente.

Nunca desejou nascer e se não fosse por ele Carla não estaria em cima de uma cama praticamente em estado vegetativo.

— Você vai ficar boa, mãe. — Ele sussurrou para a foto. — E eu passarei em cima de quem quer que seja por você. Inclusive por cima do merda do meu pai.

______

Já no bar, Eren estava com seus amigos enquanto viravam copos e mais copos de cervejas e bebidas caras. Com ele estava Historia, Armin, Jean, Bertholdt, Hitch e Annie

— Isso aqui ‘tá muito bom! — Historia falou, enchendo o copo de Eren e o dela com uma bebida azul. — Prova, Eren.

Eren virou o copo, sentindo a garganta queimar com aquilo e sorriu logo após.

— Isso é realmente muito bom.

— Vocês dois são pinguços demais, meu Deus. — Bertholdt comentou.

— Aliás, Historia. — Jean começou. — Tem algo que eu quero te perguntar. — Ele falou olhando para um canto do bar e depois para a loira.

— Diga.

— Onde conheceu Rivaille? — Aquela pergunta fez todos da mesa pararem para ouvir a resposta.

— Em um intercâmbio que eu fiz para a França, já contei para vocês. — Ela disse. — O conheci lá há anos atrás. Ele é o francês mais quente que já tive o prazer de conhecer. Um metro e sessenta de pura gostosura, marra e poder. Tê-lo é quase como ganhar na loteria, ele é exigente e não é qualquer um que pega naquela bunda empinada e grandinha, não. — Ela falou maliciosa, olhando Eren pelo canto dos olhos.

— Qual o sobrenome dele? — Armin quem perguntou. — A família dele deve ser muito rica, ele esbanja dinheiro. Apostou cinco milhões com Jean como se não fosse nada.

— Se ele não falou, não sou eu quem falará. — Ela deu de ombros.

— Ele tem nossa idade? — Bertholdt quem perguntou.

— Sim. Vinte e três. — Historia respondeu.

— Uau. Com apenas vinte e três passa aquela aura toda, imagine com trinta. Demos o título de deus grego do sexo para ele agora. — Annie disse, arrancando uma gargalhada de Historia.

— Bom, se querem mesmo saber... Posso falar algumas coisas que sei sobre ele. — Historia piscou vendo a curiosidade no rosto de Eren. — É sobre sexo.

— Diga nesse instante. — Todos disseram juntos, fazendo a loira gargalhar em seguida.

— Ele gosta de uma pegada forte, dinâmica, que tire aquele corpo gostoso do chão com força, apertando com gosto aquela bunda maravilhosa. Ele sabe como usar aquela boca e sabe marcar alguém quando quer, principalmente quando quer ‘marcar território’. — Historia falava empolgada. — Sei que a sentada dele é fenomenal e não há um que tenha provado a rebolada que aquele traseiro dá que tenha se esquecido. Ele é quente, muito quente. Gosta de uma putaria xingada no pé do ouvido junto com tapas e puxões de cabelo.

— Uau. — Hitch falou. — Se for tudo isso é inesquecível.

— Realmente um deus grego do sexo. — Annie comentou. — Aquele corpo pequeno deve fazer um regaço. Imagina aquela aura poderosa em cima de você, com aqueles olhos felinos te encarando com desejo e intensidade enquanto sente aquela bunda sentando e rebolando em você?

— Imagina ele fazendo um lapdance, o que não deve ser aquilo. — Hitch se abanou.

— Vão ficar molhadas aí. — Jean comentou, fazendo as duas rirem.

— Já estamos.

— Por que a curiosidade de repente? — Historia perguntou.

— Bom, não é sempre que alguém dá um fora no nosso encantador Eren. — Armin quem disse. — Mais de uma vez, ainda. Além disso, ele ganhou do Jean.

Eren permaneceu quieto o tempo todo, somente imaginando tudo o que Historia havia dito e assimilando com o que já havia feito até o momento com o baixinho. Quando chegassem no sexo mesmo iria enlouquecer.

Por um momento imaginou aquele corpo pequeno sem roupas sobre o seu, suas mãos naquela bunda farta apertando diretamente a carne, sua boca marcando cada pedacinho daquela pele que mais parecia um sinônimo de pecado de tão macia e perfumada que era.

Gostava dessa tensão sexual que os dois tinham. Gostava da sensação de perigo de não serem descobertos. Gostava de provocá-lo e ser provocado. Gostava daquele jogo de sedução.

Estava louco por Rivaille.

Sem que percebesse, algo o incomodou no meio das pernas.

“Parabéns, Eren. Está duro só de pensar naquele homem.” Pensou consigo mesmo, ajeitando-se na cadeira.

— Não é ele ali? — Jean fez um sinal com a cabeça para o local que estava olhando há algum tempo, chamando a atenção de todos na mesa que olharam para o mesmo lugar. — E ele disse que não gostava de loiros, mas está com um. Quanta hipocrisia, hein.

Eren encarou a mesa no mesmo instante, vendo Levi sentado na frente de um loiro com roupas totalmente diferentes do que normalmente ia para o Vanilla Club: calça preta rasgada, coturno preto, uma camiseta com escrito no peito e uma jaqueta de couro, ambas pretas também. O loiro segurava a mão de Levi que sorria com o gesto.

Eram quase como um casal de namorados ali.

Eren somente lembrou-se da última vez em que deram amassos onde Levi disse que aquilo que tinham era apenas uma brincadeira e nada sério. Lembrou-se também onde ele disse que não era para dizer para ninguém que estavam juntos. O papo de ‘quem come quieto almoça e janta’ era apenas uma fachada. Aquele papo de ‘não gosto de repartir as coisas que estou usufruindo’ era furado.

Ele era amante do baixinho?

Ficou surpreso de repente, sentindo um certo incomodo que não soube bem explicar o porquê de sentir aquilo e da onde vinha, mas era estranho.

— ‘Tá explicado o porquê de ele recusar nosso Eren. — Armin disse venenoso. — Ele já tem alguém.

Viram o loiro sair, bebendo um último gole e deixar um  papel em cima da mesma junto com algumas notas de dinheiro, indicando que estava saindo e sua parte estava paga. Levi pegou o papel e guardou, permanecendo ali mexendo no celular e bebendo uma cerveja em uma garrafinha long-neck.

Não demorou pouco mais de cinco minutos e um homem se sentou ali, trocaram algumas palavras e viram o mesmo sair bufando e um sorriso convencido brotar no rosto do baixinho. Provavelmente ele havia dado um fora no homem.

— Ele pode ficar com quem quiser sem muito esforço. — Annie comentou observando outro homem sentar e logo sair.

— Eu não tenho dúvidas disso. — Historia quem disse, encarando Eren.

_______

Levi havia ido para aquele pequeno bar se encontrar com um amigo de trabalho e infância: Farlan Church. Sempre que tinha episódios como aquele de horas atrás o contatava. Era o único que confiava cegamente, com exceção de Hange.

— Quanto tempo, Levi. — O loiro comentou, enquanto se sentava na mesa do bar ao chegar. — É raro você me ligar, só me liga quando acontece uma coisa.

Levi deu de ombros sem muita animação, recebendo sua bebida no minuto seguinte e logo Farlan fez o seu pedido também.

— Tomar umas com você me lembra os velhos tempos. — Farlan comentou enquanto pegava sua bebida.

— Tempos que prefiro não lembrar. — Levi disse ríspido. — Não sinto nenhuma falta da 'câmara preta'.

— Nem eu, mas lá conheci você e Isabel e hoje vocês são meus melhores amigos.

— Sem melação aqui, obrigado.

— Teve mais uma crise?

— Sim.

— O gatilho foi as crianças ou a sua mãe?

— As crianças. — Levi sussurrou. — Faz um tempo que não sonho com a minha mãe.

— Você nunca me falou muito bem dela, só sei que os gatilhos são ativados muitas vezes somente de você pensar nela...

Levi suspirou fundo. Não tinha contado aquilo para ninguém, na verdade nem Hange sabia.

— Eu e minha mãe éramos sozinhos e nossa condição nunca foi muito boa. Passei fome muitas vezes e ainda me lembro da imagem dela colocando água no meu leite para que durasse mais a quantidade que ela havia comprado. — Levi comentou amargurado. — Mas eu sentia o amor e o carinho que ela me dava mesmo no pouco que tínhamos. Certo dia, ela me deixou com o meu tio dizendo que tinha arrumado um ótimo emprego e que seria muito bom, pois nossa vida mudaria. Bem, isso já faz vinte anos. — Ele deu de ombros. — Nenhum bilhete, nenhum sinal de vida, nada. No fim, ela me deixou e fugiu para viver uma vida nova sem um filho para cuidar. Meu tio me criou até a idade certa para que ele me indicasse e eu conseguisse entrar na ‘câmara preta’.

— Seu tio fazia parte da Survey Corps? — O loiro parecia surpreso.

— Sim, ele também era um agente, assim como nós dois.

— Era? Se aposentou?

— Não, ele morreu. — Levi deu de ombros. — Nos trombamos em uma mesma missão que era para assassinar Rod Reiss, dono de uma empresa grande de fármacos. Bom, meu tio morreu em um tiroteio com os capangas de dele e no fim quem matou Rod foi a Adaga de Prata.

— Sei da história... — Farlan comentou. — A ‘câmara preta’ tira todas as nossas emoções, nos deixam como se fôssemos um robô pronto para matar. Me surpreende você ainda lembrar de tudo isso, já que não foi descartado.

— Eles criam agentes perfeitos, não é? — Levi soltou um riso, totalmente melancólico. — Você não se lembra de nada antes de entrar para a Survey Corps?

— Não, nadinha. Mesmo que eu ou Isabel não tenhamos passado nos testes finais, ficando como agentes normais, a lavagem cerebral foi feita com sucesso.

Levi deu um riso soprado enquanto bebia um gole de cerveja.

Farlan levou a mão até a de Levi, fazendo ali um carinho sutil e sorriu para o amigo.

— Fica bem, Levi. Você está em uma nova operação, precisa se concentrar para dar o seu melhor... Como sempre. Vou estar sempre aqui caso precisar de mim, você sabe. — Levi deu um risinho e concordou com a cabeça. — Você tentou procurar sua mãe?

— Sim. — Levi assentiu com a cabeça. — Não há movimentação nos documentos dela há anos, ela simplesmente desapareceu.

Farlan pareceu pensar por um momento e suspirou fundo. Conhecia Levi muito bem, não a ponto de saber todos os seus segredos, mas a ponto de identificar todas as suas nuances. Aquele Levi que estava na sua frene estava visivelmente cansado, sobrecarregado e estressado. Ele não havia dito sobre o que era essa operação que estava se envolvendo, mas Farlan tinha a certeza que estava sendo desgastante o suficiente para ele. Outro fator era que Levi estava trabalhando para o comandante Erwin Smith e Farlan sabia bem o tipo de pessoa que o loiro era: nojento e insistente.

— Mudando de assunto, está sabendo dos assassinatos que estão surgindo? Dois na mesma situação? — O loiro questionou.

— Olhos cortados?

— Sim. Fiquei sabendo de uma coisa.

— O quê?! Eu estou ajudando na investigação. — Levi pareceu curioso por um momento.

— Está em operação e envolvido com investigação policial? — Farlan arqueou as sobrancelhas. — Você deve estar recebendo uma fortuna!

— Isso não é nada. — Levi pareceu indiferente. — Me conte o que descobriu.

— Bem, eu conheço uma mulher que trabalhou com Rico, a última que foi assassinada. — Farlan sussurrou e bebeu um gole da bebida, enquanto Levi pareceu muito interessado.

— Você o quê? — Levi estava surpreso. — Mas como?

— Contatos, meu amigo. Já disse que sua antipatia e presunção são fatores que você tem que melhorar, caro Levi.

— Vai tomar no seu cu e termina de falar essa merda logo.

— Delicado como sempre. — Farlan deu de ombros. — Enfim, ela se chama Anka. Anka Rheinberger. Tinha a mesma idade que Rico e conheceu Hannes também e, ao que tudo indica, também trabalhou para Grisha. Eu já a conhecia, ela é uma das auxiliares de limpeza da academia que eu vou. Eu sempre gostei de conversar, você sabe...

— Se você não me contasse, eu nunca iria desconfiar... — Levi revirou os olhos, vendo Farlan pegar um guardanapo e uma caneta que estava no bolso da camisa social azul que usava e anotar algo.

— Enfim — o loiro revirou os olhos —, ela me disse que sabia que isso uma hora ou outra viria à tona e que na primeira oportunidade caiu fora quando pôde, mas ainda sim viu muita coisa.

— Como assim? Ela não disse o que era? — Levi arqueou as sobrancelhas.

— Não. Ela disse que há coisas que é melhor não falar em voz alta, pois traz mau-agouro. — Farlan terminou de anotar e puxou a carteira, colocando algumas notas de dinheiro em cima da mesa junto com o papel e se levantou. — Aqui está o endereço da academia, caso queira dar uma passada lá e tentar a sorte de falar com ela. Tenho um compromisso, estou em uma operação também e tirei alguns minutos para ver se você estava mesmo bem. Não é sempre que você liga, então é quase uma prioridade quando isso acontece.

— Obrigado, mande lembranças para Isabel.

— Fica bem, Levi e se cuida. Só de olhar para você consigo ver o quão exausto você está. Pode ser o agente número um, mas é um humano também.

Falando isso Farlan saiu do bar, deixando um Levi afundado em pensamentos enquanto guardava o guardanapo no bolso da jaqueta.

Farlan era seu amigo há anos e mais do que Hange, o conhecia bem. Compartilharam a adolescência juntos em uma espécie de academia chamada ‘câmara preta’ que a Survey Corps tinha secretamente, que basicamente se resumia em: transformar adolescentes e crianças em agentes especiais prontos para fazerem qualquer operação que fosse. Claro, cada um desenvolvia mais uma habilidade e isso posteriormente era usado ao seu favor; porém, havia alguns que não passavam nos “testes finais” e acabavam se tornando agentes comuns – que era o caso de Farlan e Isabel –, mas até chegarem nesse ponto passavam por uma lavagem cerebral onde esqueciam a maior parte das lembranças antes de entrarem para aquela agência.

Não era para menos, quem entrava naquele local não tinha família ou pessoas que se importassem de verdade, sendo criado como máquinas para matar.

Hange era diferente. Apesar de trabalhar para a Survey Corps, não participou da ‘câmera preta’ e os seus horrores. Ela foi comprada de outra empresa de espionagem por um valor consideravelmente alto e foi designada a ajudar Levi em sua primeira missão e a parceria e feeling que tiveram foi tão bom que se tornaram uma dupla inseparável desde então.

Levi virou a garrafa, bebendo a cerveja que tinha ali e seus pensamentos foram interrompidos por uma pessoa que sentou-se ali. Nem se deu o trabalho de conversar.

— Oi, gatinho.

— Se manca, eu não quero nada com você. Sai fora. — Foi o que ele disse, sem sequer olhar para a pessoa.

— Me deixe pagar uma bebida para você.

— Já estou bebendo, obrigado. Agora se me der licença, eu estou sentado na mesa.

O homem levantou-se, visivelmente nervoso e saiu. Levi deu um riso convencido e permaneceu ali, sendo incomodado uma segunda vez por outra pessoa o cantando, mas só revirou os olhos e tratou de sair dali o mais rápido possível.

Precisava ir até a academia de Farlan e tentar ao menos conversar com Anka, ou então falaria para Nanaba ir e interrogá-la. Era uma pista e tanto, não poderia deixá-la escapar entre seus dedos assim.

Perdido em pensamentos enquanto caminhava pela calçada apressadamente procurando um táxi, e sua cabeça explodindo de dor, sentiu seu braço ser puxado com força.

— Mas que porra você pensa que está fazendo? — Levi virou-se, somente para dar de cara com Eren o segurando. O mediu de cima em baixo, com uma sobrancelha arqueada. — ‘Tá me seguindo, caralho? Me solta.

— Que porra você pensa que está fazendo! — Eren bradou, soltando o braço do Ackerman. — Primeiro você me marca e fica com um ciúme fodido pra depois eu descobrir que você namora? O meu papel não é de amante. Eu fodo quem eu quiser, desde que essa pessoa seja solteira.

Levi inclinou a cabeça tentando processar aquela pequena explosão do moreno a sua frente sem entender bem. Amante? Mas ele não namorava.

— Fumou, foi? Usou droga, inferno? Que merda é essa que você ‘tá falando?

— Eu te vi no bar minutos atrás com um loiro segurando na sua mão e você sorrindo para ele, em público. Daí vem me dizer que ninguém pode saber que ficamos, por quê? Por que você namora e mete o louco no teu namorado?

Levi massageou as têmporas, ainda sem acreditar naquilo que estava ouvindo. Sua cabeça explodindo de dor e tendo que agüentar algo do tipo ainda. Não, não podia ser.

Não podia ser.

Impossível.

Ele jogou os cabelos negros para trás, gargalhando em seguida. Uma gargalhada de nervoso, pois Eren estava dando um verdadeiro chilique ali na sua frente querendo satisfação sendo que não devia absolutamente nada para ele.

— ‘Tá com ciúme? — Levi colocou a mão na cintura e estendeu o outro braço, encarando as costas da sua outra mão. — Engraçado, não ‘tô vendo anel nenhum de compromisso aqui no meu dedo para dar satisfações à você. Eu não achei ruim quando você estava desentupindo a boca daquele ruivo sem sal bem do meu lado. Que gosto péssimo, sou mais eu.

 — Não achou ruim e está falando dele por que, então?

— Eren, faz um favor e vai se foder. — Levi revirou os olhos, sem paciência. Já não bastava estar desgastado com tudo o que estava acontecendo, agora tinha mais uma coisa para preocupar. — Eu não devo nada para você. Aquele não era meu namorado, Deus me livre ter um. Era um amigo de infância, eu o chamei porque eu estava passando por... — Ele mordeu a própria língua, se repreendendo em pensamento.

De repente estava falando demais, se explicando demais e isso não era do seu feitio. Eren não era nada seu.

— Passando por um o quê? — Os olhos verdes analíticos percorreram o baixinho à sua frente. — Desembucha.

— Ah, pronto. — Levi deu de ombros. — Eu não devo satisfação nenhuma para você. Só ficamos sem compromisso e é isso.

— Então por que me marcou aquele dia?

— Ainda está nisso, Eren? Sinceramente...

— Eu sei que teve alguma coisa! — Eren o interrompeu. — Eu sei que ‘tá acontecendo alguma coisa, os seus olhos estão mais caídos que o normal e suas olheiras estão maiores que o habitual.

“Mas que porra?” Levi pareceu surpreso por um segundo com a observação de Eren, mas no momento seguinte já estava vestindo a expressão arrogante de sempre.

— É, teve sim. Não é sempre que alguém toca nesse corpinho aqui, se sinta no mínimo privilegiado por eu ter marcado o seu belo pescoço. — Levi falou egocêntrico. — Agora deixa de paranóia e vai cuidar da sua vida.

— Até quando vai ficar com essa pose arrogante? Eu estou realmente querendo ajudar!

— Ajudar? — Levi revirou os olhos. — Você quer satisfação da minha vida e está supondo coisas absurdas que... — Foi interrompido.

De repente, Eren estava beijando-o. Seu corpo foi puxado pela cintura enquanto a outra mão foi até a nuca, pegando ali com certa força. A vontade que Levi teve foi de gritar, socar aquele peitoral definido, xingá-lo e mandá-lo a merda, mas diferente de tudo o que queria fazer, amoleceu nos braços de Eren e retribuiu o beijo.

Ele com certeza estaria se repreendendo, se xingando e pensando onde enfiou a porra do juízo em se deixar levar por Eren, mas faria isso em outro momento, não naquele.

As mãos pequenas apertaram com força os braços musculosos enquanto sentiu os fios negros serem bagunçados e a cintura marcada e tateada com força por dedos longos. Sua boca foi invadida sem cerimônia alguma pela língua alheia – não que precisasse de algo do tipo, já que os beijos de Eren eram simplesmente sublimes – e logo o beijo ficou mais forte, mais intenso, mais quente.

Nem se lembrou que estava na calçada e em local público naquele momento. Na verdade não raciocinava direito com aquelas mãos grandes e pesadas apalpando cada pedaço do seu corpo.

“Isso é um problema.” Ele pensou, arfando logo em seguida quando sentiu ser levantado alguns centímetros do chão quando Eren pegou com mais força em sua bunda. “Por que não consigo dizer a porra de um ‘não’, caralho?”

Quando o beijo foi finalizado, com uma mordida no lábio inferior de Levi, os olhos felinos predatórios azuis cinzentos chocaram-se com os verdes vivos nas duas mais belas esmeraldas que ele já poderia ter visto.

É, não tinha uma coisa em Eren que não era incrivelmente bonita ou atraente. Ele era gostoso por completo.

Até se esqueceu por um momento da sua dor de cabeça.

— ‘Tá mais calmo? — Eren perguntou. — Pensei que assim você calaria sua boca um pouquinho e me ouvisse. Eu não quero satisfação da sua vida. Bom, talvez um pouquinho. Você realmente não estava sério com aquele homem?

— Não, Eren. Eu não fico sério com ninguém. Que porra, ele era meu amigo!

— Então fica sério comigo.

Levi piscou algumas vezes, trocando o peso de uma perna para a outra e respirou fundo. Que porra era aquela?

— Só nos seus sonhos.

— Então acho que estou sonhando acordado.

— Garoto? Que coisa cafona foi essa? — Levi tateou os bolsos procurando a caixa de cigarros. Precisava do tabaco para tentar digerir aquilo de alguma forma e assim que achou a caixinha, pegou um e o acendeu. — Para um comedor profissional de cu e buceta, eu pensei que você fosse melhor de cantadas. — Ele deu um trago e assoprou para o lado logo após.

— Eu tenho um acervo único de cantadas. Em você eu usaria uma muito boa.

— Que seria?

— Sua calça é da NASA? Porque sua bunda é de outro mundo.

Levi balançou a cabeça negativamente, batendo no cigarro com o dedo, derrubando a cinza no chão  para logo após voltar a tragar.

— Isso me é estranhamente familiar. — Ele tentou se lembrar na onde havia ouvido aquilo. — Continua cafona, péssimo gosto. O único tiro certo seu foi ficar comigo, aí sim é um gosto muito bom, refinado.

— Até que não foi difícil conversar um pouco com você sem toda sua marra e arrogância. — Eren sorriu grande e Levi piscou algumas vezes vendo aquele sorriso, tragando o máximo que podia do cigarro e virando o rosto para assoprar a fumaça.

— ‘Tá viajando já, abaixa essa bola tua.

— Você não me respondeu.

— Respondi o que, inferno?

— Estamos sérios?

— Eu não fico sério com ninguém, já falei. Que caralho.

— Bom, ainda bem que o meu nome é Eren.

Levi revirou os olhos. Quando que as coisas foram evoluir daquela forma com Eren Jaeger? Não podia perder o foco. Ele era apenas parte da operação, operação que derrubaria o império de seu pai e que desmascaria o que quer que seja que Grisha estivesse envolvido e cairia quem quer que estivesse compactuando com ele.

Essa era a sua operação, foi para isso que foi contratado; porém, de repente e sem perceber, acabou se envolvendo mais do que deveria. Talvez por desejo carnal? Talvez, mas aquilo seria um problema.

Um grande problema, pois agora não conseguia mais resistir à tentação bem à sua frente chamada Eren Jaeger. Amolecia de uma forma muito fácil naqueles braços sem muita explicação, os toques eram fortes e a química intensa.

Era o mais doce e tentador pecado.

Não poderia misturar as coisas. Não poderia se envolver como se envolveu com as crianças de Tybur. Não poderia deixar aquilo evoluir de forma significativa.

“Mas que inferno é esse que estou pensando? Ele é a porra de um ficante, por que acho que isso vai evoluir? Estou doido?” Levi pensou consigo mesmo enquanto jogava o cigarro no chão e o apagava com o pé, mas então uma luz veio até sua cabeça se acendendo em uma idéia. “Eu posso tirar uma vantagem disso.”

Se ficasse com Eren, poderia saber mais coisas envolvendo a família Jaeger. Se ficasse sério com ele, poderia ter acesso até mesmo a casa onde ele morava sem muita dificuldade.

Mataria dois coelhos em uma cajadada só: espionaria Grisha e Zeke mais de perto e ainda tiraria um proveito do corpo gostoso de Eren.

“Negócio fechado” Ele pensou consigo mesmo, rindo malicioso e poderoso. Seria a tacada de mestre e se tivesse que matar alguém, mataria. “Sem arrependimentos, não é?”

Esse era o seu lema. Sem se envolver, ser sangue frio e matar quem quer que fosse a mando de quem o contratou.

— E então? — Eren questionou mais uma vez.

— Para onde você está indo agora? — Levi perguntou, tirando um pirulito do bolso, desembrulhando e colocando na boca.

— Para o clube, por quê?

— Vamos juntos, então.

Não foi preciso dizer mais uma palavra. Para um bom entendedor, um pingo era letra e Eren entendeu o que aquilo significava: ele e Levi agora eram ficantes fixos e isso já era um enorme passo, já que havia conseguido passar pela barreira de arrogância e prepotência do baixinho.

Levi era uma figura interessante. Aos poucos estava conseguindo rondar aquela presa deliciosa e quando ele menos esperasse daria o bote como o predador que era. Iria amar ver aqueles olhos azuis nublados em prazer virando as órbitas, ver aquele rosto impassível uma bagunça total e aquele corpo pequeno à sua mercê para fazer o que quisesse e quando quisesse.

Os dois estavam entrando em um jogo perigoso. Se antes era apenas sedução, agora havia evoluído de uma forma significativa. Cada um com seus próprios objetivos andando em uma corda bamba.

Poderia ser um jogo perigoso, mas não deixava de ser delicioso e tudo bem se divertir até chegar no objetivo final, não é?

______

Levi chegou até o Vanilla Club no carro luxuoso de Eren, sendo observado por várias pessoas ao ver que ele havia saído de dentro do veículo de um dos donos. Se antes já era marrento, agora ficou mais ainda.

Gostava de ser o centro das atenções. Na verdade, amava. Mesmo com a cabeça voltando a doer muito, não deixou de achar tudo aquilo maravilhoso e agradável.

Se sentia poderoso. De fato, era.

Os dois entraram e procuraram a mesa onde o grupinho do mezanino estava, recebendo olhares curiosos quando viram que os dois chegaram juntos. Levi permaneceu com a cara impassível e indiferente de sempre quando sentou-se ao lado de Eren e ao lado de Mikasa, recebendo um olhar torto da garota.

— O que ‘tá fazendo aparecendo com meu irmão? Eu te avisei, não avisei? — Ela sussurrou incrédula.

— Não sou criança, garota. Cuide da sua vida e me deixe em paz. — Ele deu de ombros, observando a roupa que Mikasa usava, junto com suas tatuagens e piercings. Diferente de Eren que não tinha nada daquilo, a garota esbanjava pinturas pelo corpo e ferros perfurando a pele branca. — Eu gostei dessa tatuagem, cunhadinha. — Levi provocou, apontando para uma no punho de Mikasa, sendo uma espada com rosas contornando-a e ao olhar mais atentamente viu um corte recente ali, inclusive estava sangrando.

Mikasa rapidamente colocou o punho no meio das pernas e pegou um copo que estava ali em cima da mesa, virando-o de uma vez. Levi abriu a boca para falar mais uma coisa, mas foi interrompido.

— Onde está Historia? — Eren perguntou para os demais sentados ali, sentindo a falta da loira.

— Ela disse que tinha um compromisso e por isso não conseguiria vir ver o show. — Armin respondeu.

— A banda chegou. O show vai começar. — Jean observou, ajeitando o namorado no colo enquanto apontava para o palco.

Levi observou o local, vendo várias meninas que trabalhavam ali com os uniformes mais curtos que antes – se isso era mesmo possível – e saltos altos, enquanto serviam bandejas de bebidas. Correu os olhos pelo enorme salão, luzes roxas e azuis iluminando o ambiente normalmente mais escuro e então viu duas figuras loiras juntas, reconhecendo-as no mesmo instante: Zeke e Reiner.

Os olhos felinos atentos acompanharam as duas figuras entrarem em um elevador que havia bem ao fundo do salão, sendo guardado por dois guardas.

Para onde estavam indo?

“Preciso falar para Hange puxar a planta desse local.” Ele pensou e antes que pudesse dizer mais alguma coisa, o seu celular tocou. Não era um toque qualquer, era o toque de alguém da delegacia.

Olhou, vendo que era uma ligação de Hange e atendeu no mesmo momento, sendo observado por olhares curiosos.

— O que foi que...

“Levi, acharam mais um corpo. É uma mulher.”

— O quê?! — Levi levantou-se em um pulo sendo encarado por todos. — Estou indo aí imediatamente.

Desligou o celular e pegou o copo de whisky que estava bebendo, virando-o completamente.

— Aonde vai? — Eren perguntou. — O show ainda não começou.

— Estamos ficando sério, mas ainda não devo satisfações à você, Eren. — Ele falou, surpreendendo a todos pela pequena revelação.

Se fosse para Eren acreditar naquele jogo barato que havia bolado, tinha que conquistar sua confiança, e deixar os ‘amigos’ dele cientes do envolvimento que estavam tendo.

Um degrau de cada vez e depois iria apenas empurrá-lo lá de cima.

Eren viu Levi sair, desaparecendo no meio das dezenas de pessoas que havia lá dentro e suspirou fundo.

— Ele não estava com aquele loiro do bar? Agora vocês estão juntos? Quê?! Não entendi nada. — Hitch falou, tentando ligar os pontos.

— Até parece que esse chupa cu aí desiste fácil de alguém. — Jean falou, arrancando gargalhadas de todos ali, exceto de Eren e Mikasa.

— Bando de falsos do caralho. — Mikasa murmurou na altura suficiente para Eren ouvir propositalmente.

— Onde você foi, Mika? — Eren perguntou.

— Me encontrei com Sasha para convidá-la para o evento ridículo da joalheria. — Ela deu de ombros.

— Vocês duas estão namorando? — Ele arqueou as sobrancelhas.

— É, quase isso. — Ela virou-se para ele, encarando-o. — Você vai chamar aquele encosto que estava aqui?

— Talvez eu chame...

— Eu não gosto dele.

— Novidade. É mais fácil perguntar de quem você gosta.

Ela deu de ombros e Eren riu, logo ouviram o barulho de palmas e viram a banda entrar no palco.

_____

Na delegacia, Levi estava andando pelos corredores e entrou na sala de Nanaba e Mike, encontrando além da dupla, Hange também.

— Onde esteve? — A morena questionou. — Te mandei mensagens, mas não me respondeu! Tive que ligar.

— Estava trabalhando e tenho trabalho para você. Arranje a planta do Vanilla Club, quero tudo o que conseguir. Todos os andares, porão, sótão, qualquer buraco de rato que aquele lugar tiver eu quero saber.

— Sim, senhor. Deixa comigo. — Ela anotou o pedido em um bloco de notas ali perto e apontou para a cadeira à sua frente. — Tenho duas coisas para você. — O cracker não está atacando mais às terça-feiras e agora deixou outra mensagem. — Ela virou o computador, mostrando um e-mail criptografado e uma única frase escrita.

“O mundo é injusto, não acha? Onde o justo paga pelo pecador, quem sempre ajuda acaba se dando mal, as pessoas são egoístas e falsas, muitos ligam apenas para bens materiais e a empatia é apenas uma palavra de um mundo utópico. Em breve, todos cairão.”

— Por que fala tanto sobre justiça? No que esses policiais estavam envolvidos? — Levi passou a mão no rosto, visivelmente cansado.

— Ei, você ‘tá bem? — Zoe perguntou, tocando a bochecha magra de Levi com a mão. — ‘Tá mais pálido que o normal, essas olheiras estão um horror. Trocou a noite pelo dia?

— Nunca estive melhor. — Ele foi sarcástico. — Qual a segunda coisa?

— Nanaba, sua vez. — A morena chamou a loira com a mão.

— Bem, o corpo foi identificado no local mesmo. Os documentos estavam com a vítima e encontrado nas mesmas circunstâncias dos outros corpos, mas algo não bate. — Nanaba falou, pegando duas fotos e colocando no painel.

— O que não bate? — Levi se levantou da cadeira e andou até lá, vendo a foto com um rosto novo – provavelmente a nova vítima – e ao lado a foto que estava Rico e Hannes e mais três pessoas.

— Ela não está nessa foto, mas está nas fichas que você nos deu há dias atrás. — Ela respondeu, dando uma ficha para Mike.

Levi observou o rosto da mulher com a mão no queixo.

— Qual o nome dela?

— Anka. Anka Rheinberger. Pelos documentos tem quarenta e sete anos e trabalhava em uma academia.

— Puta que pariu! — Levi gritou.

Não, aquilo não estava acontecendo. Iria no dia seguinte na academia ou mandaria Nanaba ir para interrogá-la. Era uma boa pista, na verdade era uma excelente pista e agora estava morta.

— O que aconteceu para estar... — Hange começou, mas foi interrompida pelo toque de telefone.

Mike foi até sua mesa e atendeu a ligação.

— Departamento de homicídios, investidor Mike falando. — Ele atendeu e os olhos arregalaram no mesmo momento.

Ele virou-se para os três e colocou o telefone no viva-voz.

A voz distorcida se fez presente junto com um chiado ao fundo, mas era possível ouvir e entender o que era dito.

“Olá, investigadores. Já faz um tempo, não é? Vocês gostam de enigmas? Então vamos lá. A próxima vítima pode ser achada em uma constelação. A coruja já está se movendo para matá-la e assim o fará até chegar no topo. Vocês tem uma semana. Boa sorte.”

Os quatro se encararam, ouvindo o barulho da linha logo após, indicando que a ligação havia sido desfeita.

Levi massageava as têmporas, sentindo a cabeça doer fortemente.

— Tentem rastrear essa ligação... — A voz de Levi saiu falha.

— Ei, Levi. Você está bem?

— Sim, eu só preciso de... — E Levi não conseguiu terminar, pois o corpo foi caindo lentamente enquanto sua mente se desligava sozinha.

Foi o tempo de Hange ser rápida e pegá-lo antes que desabasse no chão.

— Levi! Acorda, Levi. — Ela colocou a mão sobre a testa, vendo-o suar muito e a pele pegava fogo. — Ele está muito febril. Me ajudem à levá-lo até a minha van.

— Ele precisa de um hospital! — Mike falou, pegando o corpo pequeno no colo.

— Acredite. Ele não vai querer ir em um hospital, ele nos mataria antes mesmo de sair de lá. Irei levá-lo para o apartamento dele e cuidarei dele lá.

Os três caminharam até o estacionamento e Hange tinha o semblante preocupado. Fazia tempo que Levi não ficava naquele estado e sabia bem que ele estava se sobrecarregando demais com tantas coisas na cabeça, mas havia mais alguma coisa.

Crises.

Levi já havia tido algumas estando em missão com ela e mesmo que Hange não soubesse o que ocasionava o gatilho, sabia que o Ackerman ficava muito mal com seja lá o que for.

“O que aconteceu contigo, Levi?” Ela pensou preocupada ao ver Mike colocá-lo no banco de passageiro.

— Por favor, não contem ao Erwin sobre isso. — Ela pediu aos dois loiros. — Tentem decifrar o enigma, é importante para a próxima vítima. Podemos quebrar o ciclo. Me passem tudo o que puderem, vou cuidar dele enquanto isso.

Os loiros apenas assentiram com a cabeça, vendo Hange inclinar o banco onde Levi estava.

— Não comentem isso com ninguém. Conto com vocês.

Falando isso, Hange entrou no veículo, dando partida e saindo, deixando a dupla loira para trás um tanto surpresa e chocada.

Levi sempre se mostrou alguém poderoso, incrível e invencível, além de extremamente inteligente, frio e calculista; porém, ali estava tão vulnerável e ansiando por cuidados que somente naquele momento viram ele com outros olhos.

Viram ele como um ser humano pela primeira vez.


Notas Finais


gente, eu to boba com tanta coisa. 👁👄👁
foi enigma, foi informante, foi familia do eren, foi conversa do levi com farlan, FOI TRETA DO LEVI E DO EREN, foi assassinato, foi sonho do levi
pane no sistema alguem me desconfigurou AIUSAISHUAIUSAHISHAI
ai gente muita coisa importante para o desenrolar disso tudo! as pistas estão começando a aparecer e embora eu nao consiga fazer a vibe misteriosa, creio que alguns ja pegaram o que ta rolando IAHSASHIA
ME CONTEM AS TEORIAS DE VOCES 👁👄👁 amo ler todas elas, tem gente passando raspandoooo, mas ainda ngm acertou!
capitulo um pouquinho maior para compensar ontem que nao postei nada! enfim, espero que tenham gostado!
eu amo cada um de voces e até amanhã!


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