Dio não odiava, exatamente, quando Jonathan roubava beijos seus.
Era mais a reação de um sobressalto que se tornava raiva por ter tomado um susto por algo tão besta. Era uma reação complexa, assim como o seu amor inexplicável por aquele rapaz de cabelos azuis, com o coração mais macio que algodão doce, no qual Dio Brando o adorava em segredo por saber que era seu e de mais ninguém.
– Por que fez isso, Jojo? – O loiro perguntou, franzido o cenho. Agora estavam, ambos, sentados no pé de uma macieira. Dio brincava com a grama, enquanto Jonathan sorria abobado.
– Sua boca estava bonita demais para ser passada despercebida. – Confessou o Joestar mais velho, recebendo um olhar quase mortífero de Dio Brando.
– Você é um ridículo inútil, sabia?
– É, eu também te amo. – Jonathan deu uma risada doce e ingênua, abrindo um sorriso imenso e ansioso, mas magnífico.
Foi então naquele momento que o loiro percebeu, em seus raros momentos, o quanto era sortudo por ter alguém como Jonathan em sua vida. Não só um rapaz integralmente bonito por fora, mas com uma alma tão pura que quase dava para ver através dele. Jonathan Joestar não era perfeito, disso Dio sabia muito bem. Era impulsivo, às vezes conseguia ser chato demais, insuportável, dramático ao extremo e excessivamente pegajoso.
E, mesmo com tantos defeitos que Dio praticamente abisma nas pessoas – afinal, ele se considera alguém emocionalmente independente, refutando todo esse apego –, até isso ele conseguia amar (tolerar, segundo seu orgulho) em Jonathan. Então, acabou-se lembrando da conversa de alguns dias, no dormitório, com os garotos. Talvez a doçura que emanava de Jonathan Joestar houvesse, de alguma forma, abrandado o coração de alguém que o tinha praticamente intocado.
– Talvez foi você quem me conquistou, mesmo... – Dio sibilou baixinho, olhando diretamente nos olhos azulados do Joestar. Um sorriso simples foi majestosamente desenhado nos lábios convidativos e finos do loiro, o que fez o Joestar franzir o cenho.
– Você está falando sozinho? – O garoto de cabelos azuis indagou, curioso. Dio revirou os olhos.
– Cale a boca, Jonathan.
Então, enfiou sua mão na gola da camiseta social de Jonathan Joestar, a puxando em sua direção para mais um beijo roubado – desta vez, levemente mais ousado! Não fazia muito o feitio de Jonathan entender essas coisas, mas era excitante demais ver aquela aura eternamente inocente dele quebrantar-se sob seus pés, à vista de um Jonathan ainda desconhecido por Dio e até pelo próprio Joestar.
– Você está quente. – Jonathan observou, ofegante. Os lábios grossos mais vermelhos que o normal.
– Parabéns, Jonathan. Eu estou vivo. – O loiro revirou os olhos, sorrindo. Joestar riu soprado da obviedade das palavras, e voltou a beijar seus lábios amorosamente. Um grandalhão romântico, Dio pensou. Então, por alguma razão, lembrou-se de Kakyoin.
E, por alguma razão não muito esclarecida, em sua mente passou o lembrete que, num cineteatro da cidade, estrelaria duas peças consecutivas shakespearianas. Havia ouvido sobre ele durante uma das aulas. Uma seria “Sonhos de uma noite de verão” e a segunda seria “A Megera Domada”. Não parecia má ideia organizar tudo para chamar Jonathan e ir assistir com ele. Poderia não ser muito, mas, ainda assim, ele queria que fosse especial do jeito dele. Achar o jeito “brando” da coisa toda.
– Eu quero fazer alguma coisa no dia 14. – Jonathan franziu o cenho ao ouvir a proposta de Dio. – Com você. Não quero que planeje nada, nem compre nada. Eu me responsabilizo por tudo. E nada de me perguntar onde vamos ou o que faremos. É tudo uma surpresa.
Jonathan estava estático.
– Vai querer sair comigo no Dia dos Namorados? Você é mesmo o meu namorado, Dio Brando?
– Sair é uma palavra muito forte, eu prefiro “me exibir à luz do sol para fins recreativos e comemorativos”. – Jonathan revirou os olhos. Uma reação rara vinda dele, diga-se de passagem. – Mas, sim, Johnny, eu vou querer sair com você.
O Joestar mais velho recuperou o fôlego cerca de quatro vezes seguidas, não querendo acreditar em seus próprios ouvidos. Não creu em como a voz de Dio Brando soava horrorosamente mais sexy quando mencionava seu nome daquela forma.
– Você é o diabo, Brando. – Jonathan suspirou, se recusando a levantar da grama. Nem iria, se Dio não saísse.
– Eu digo o mesmo, Joestar. – E, mais uma vez, os lábios dos dois voltaram a se encontrar, com a mesma euforia destoante e romântica que apenas aqueles dois poderiam ter.
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