Caesar estava levemente impaciente. Nem mesmo a biblioteca da faculdade parecia propensa para estudos naquele horário. Talvez o equivocado seja ele, de qualquer forma.
Não conseguia se concentrar devidamente em seus estudos, enquanto Kakyoin também não estava em um ritmo muito diferente. A tela de seu notebook ainda estava em um total branco, afinal, não tinha sentido algum terminar seus trabalhos já que ele iria sair da faculdade no final de março.
– Quando é o White Day? – Caesar indagou, apenas para tentar passar o tempo. Kakyoin retirou os fones lentamente.
– Dia 14 de março. – Kakyoin balbuciou a resposta, fechando o aplicativo de música. – Me pergunto se eles estão planejando alguma coisa. – Por fim, desligou o notebook, tendo em vista que não iria conseguir produzir mais nada significativamente relevante.
– Não é que eu tenha algum interesse superior a isso, mas acho que sim. – Apesar de não ter sido uma pergunta, Caesar se sentiu na obrigação de responder a suposição. Olhou as horas pelo visor do celular. Já era quase onze horas da noite. Alunos que usufruíam dos dormitórios tinham direito a algumas horas a mais na biblioteca. – Já é tarde. Você sabe aonde Dio está?
– Possivelmente com a irmã. – Kakyoin deu de ombros. Ambos não estavam com o menor clima para conversa, seja porque estavam irritados, ou porque estavam realmente cansados do dia inteiro.
Portanto, Caesar e Noriaki se recolheram da biblioteca. Talvez ainda houvessem cerca de quatro alunos estudando assiduamente nos fundos do lugar. Entregaram suas credenciais, já que estavam levando alguns exemplares, e voltaram para o dormitório. Quase meia hora depois, Caesar e Noriaki já estavam banhados e vestiam pijamas quentinhos, enquanto assistiam algum episódio perdido de uma série qualquer.
Caesar estava com a cabeça no colo de Kakyoin, enquanto este tentava se esforçar para não dormir ali mesmo. Ouviu o celular soar uma notificação, então casualmente o tomou nas mãos. Uma mensagem de sua mãe. Com um sorriso, Noriaki desbloqueou o dispositivo e respondeu sua mãe com rapidez. Mas antes de larga-lo novamente, lembrou-se da mensagem não endereçada de mais cedo. Ele havia se esquecido dela, que ainda estava com o ícone presente na barra de status.
– Algum problema? – Ouviu a voz de Caesar, mas Noriaki murmurou que não.
Abriu o SMS, deparando-se com dois anexos. Um deles era uma lista com muitos nomes, que apenas poderiam ser lidos com um tremendo zoom, e a segunda era uma imagem de uma mulher muito familiar, em um bar, sorrindo. Possivelmente, a foto fora tirada sem seu consentimento, muito espontânea. Tinha os cabelos platinados, pele morena, quase dourada, olhos cinza claros e tinha um belo corpo dentro de um cropped cinzento e saia.
Não havia texto algum legendando nenhuma das imagens, ficando ambas para a interpretação de Kakyoin.
Por não entender o contexto da segunda, resolveu voltar para a primeira. Fez o devido download da imagem e deu zoom em tudo o que tinha direito. Em cima da folha pautada, estava escrito “Correções”, em caneta azul, e embaixo uma listagem de nomes em caneta vermelha. Curiosamente, o nome de Kakyoin estava destacado entre elas.
– Caesar, dá uma olhada nisso. – Noriaki cutucou a cabeleira de seu amigo, que estava praticamente dormindo em seu colo. Caesar abriu um olho, quase o fechando novamente tamanha claridade do celular.
– O que é isso? – Zeppeli se levantou, estranhando aquela imagem.
– Não sei, por isso quero sua opinião.
– Parece uma lista.
– Oh, não diga. – Kakyoin revirou os olhos.
– O que mais quer que eu diga?
– Sei lá, o que isso parece ser para você? – Kakyoin resmungou. Caesar franziu o cenho.
– A porra de uma lista.
– Mas que cacete, hein? – Caesar fingiu surpresa ao ouvir o palavrão escapulir da boca de Noriaki.
– Me dá isso aqui. – Caesar tomou o celular em mãos, dando zoom pelos cantos para conseguir analisar o melhor que conseguia das listagens. – Cara, eu não faço ideia do que podem significar essas correções. – O italiano contorceu os lábios, estreitando os olhos. – Quer ligar para esse número? – Sugeriu, como se fosse sua única opção.
Kakyoin fez que sim, levemente desacorçoado. Quanto mais pensava naquilo, mais soava como uma brincadeira de mau gosto. Caesar lhe entregou seu próprio telefone, no qual discou o número e esperou para ser atendido. Assim que começou a chamar, passou o celular para o amigo.
Depois de três toques, uma voz feminina atendeu.
– Alô? – Ela riu do outro lado. Ao fundo, alguma música dos anos 90 tocava baixinho.
– Boa noite, me perdoe pela ligação inoportuna, mas é que eu recebi a imagem de uma lista intitulada “correções” para o meu celular, vinda deste número. – Kakyoin mordeu os lábios. Caesar aguardava pacientemente.
– Lista? – Ela reiterou, parecendo confusa. – Meu anjo, poderia me dizer quem é?
– Noriaki Kakyoin, do terceiro período de Literatura. – Ele coçou a nuca, se sentindo levemente nervoso.
– Ah, você é o namorado do Jojo, certo? – Kakyoin hirtou as sobrancelhas com a referência.
– Sim, eu sou. – Soou mais como uma mentira aos ouvidos de Kakyoin, sua língua estalava no céu da boca inquieta. – Quem está-
– Aquele patife pegou meu celular...! – Ela rangeu os dentes. A curiosidade de Kakyoin ascendia exponencialmente. – Por favor, lembre-se de bater em seu namorado por mim. Essa lista é um assunto confidencial, mas como você está envolvido nessa confusão toda, acho justo dizer. Por favor, não espalhe para ninguém. Houve um erro na listagem dos alunos que saíram. Na verdade, os nomes saíram todos opostos; foi um erro da Reitoria, que seria corrigido na próxima listagem. A lista com correção que você recebeu foram os nomes que foram colocados fora de ordem; portanto, são os que seriam parabenizados pelos resultados.
A boca de Noriaki abriu-se em pura surpresa e espanto. Então ele não precisaria sair...? E o que Jotaro tinha a ver com isso? Ele estagnou, confuso.
O celular desligou. Noriaki virou-se para o amigo, entregando o celular maquinalmente.
– O que foi que disseram? – O italiano indagou, preocupado. – Noriaki, aconteceu alguma coisa?
– Eu preciso de um desfibrilador. – O ruivo respondeu, estarrecido. – E muita, mas muita tequila.
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