Realmente seria viável namorar Dio?
Caesar remexeu-se na cama inquieto, com um sorriso cansado e aliviado no rosto. Na sua mente, a cena da sala de estar se repetia com certa constância, e sempre que se lembrava das feições risonhas de Brando, como ria baixinho, divertido.
Em sua cabeça, seu término com Joseph era praticamente certo, portanto, para o loiro, não era tão errado assim se imaginar em desventuras amorosas com outras pessoas. Mas algo nele doía assim que Caesar experimentava montar memórias fantasiosas com as pessoas que ele já quis um romance.
Era como se o amor fosse um sapato muito bonito e a lembrança de Joseph fosse um calo tenebroso e grande, que incomodava demais.
Tudo bem ter chorado no ombro de Dio, aquilo havia lhe conferido um alívio descomunal, mas a dor ainda permanecia tangível em seu peito. Era algo recente, mas ele queria esquecer logo. O mais rápido possível.
– Quem eu quero enganar...? – Caesar murmurou, abraçando-se ao travesseiro. Ele sabia melhor que ninguém que não esqueceria Joseph tão cedo. Um namoro tão longo, cujo iria fazer seis anos no próximo bimestre, agora se quebrantava como cacos de cristais pelo chão.
Eles foram o primeiro casal a oficializar a relação, sendo seguidos por Jonathan e Dio e bons meses mais tarde, Jotaro e Noriaki.
E, agora, certamente o primeiro a se partir. Caesar adormeceu abraçado aos lençóis, com o rosto enterrado no travesseiro.
Por algum motivo, seja ele bom ou ruim, um deles tinha o cheiro dos cabelos de Dio.
* * *
Poucos dias depois, O White Day chegou, estreando seu brilho como um vilão de mangá shounen – misterioso, levemente sensual e que traz péssimas lembranças aos ditos protagonistas bonzinhos.
O mistério provinha das nuvens negras que agasalhavam o céu do Japão modorrento; talvez nenhuma alma viva estivesse ali presenciando aquela cena senão Caesar, que acordou alguns minutos mais tarde do que o costume. Revirou-se inquieto, ponderando sua solidão atual.
No entanto, do outro lado da cidade, Joseph acabara de abrir os olhos, despertando lentamente e com um ofego naquela enorme cama de casal. Não dormiu no dormitório com os irmãos, mas não duvidava absolutamente nada que nenhum deles também não dormira por lá. Quando se sentiu com certa noção de espaço, Joseph sacou seu celular debaixo de um dos travesseiros, enquanto se sentava na cama. No horário, um pouco mais de oito horas, bem em cima da data e algumas mensagens de texto de Tomoko.
Enfim, havia chegado o fatídico 14 de março.
O simples lembrete do dia o fez despertar mais alguns volts, como se ele realmente precisasse de algum solavanco para despertar – suspeito de tombar na cama novamente e simplesmente ignorar as horas e dormir até mais tarde. Enquanto Joseph se preparava para tomar um banho e iniciar sua rotina, da maneira mais silente possível, ele se lembrava de como havia se comportado no período em quem Caesar praticamente o largou no cineteatro.
Joseph chorou por quase seis dias, e em um deles, bebeu tanto que passou três horas sucessivas mandando mensagens e efetuando ligações para Caesar – as quais todas foram devidamente ignoradas e bloqueadas pela parte de seu namorado. Nesse tempo, também, ele havia adquirido uma distância significativa de seus irmãos, especialmente de Jotaro.
E era recíproco. Ambos apenas se limitavam ao estritamente necessário, sempre evitando ao máximo o contato visual, e aquilo era um choque para todos, porque quem mais tagarelava e interagia naquela casa, desde pequeno, era Joseph Joestar. Nem mesmo com Jonathan ele manteve a energia de sempre.
Também incontáveis foram as vezes em que Joseph ficara horas sentado em algum banco na frente do dormitório masculino, sem coragem alguma de subir, mas esperando que Caesar aparecesse, correndo, enquanto resmungava o quanto estava atrasado e pedia desculpas por fazê-lo esperar tanto. Ou talvez, o receber com um sorriso e sugeria algum lugar bonito para passarem seus encontros.
Porém, naquelas vezes, Joseph sempre era recepcionado pelo mais absoluto nada. Ele nunca mais apareceu. O Joestar quis acreditar que Caesar talvez estivesse ocupado, com os estudos, assistindo algum filme, ouvindo suas músicas favoritas, ensaiando com Suzie, terminando alguma atividade, mas não com alguém. Imaginar outra pessoa sequer encostando os lábios na boca de seu italiano era simplesmente aterrador para Joseph, então ele simplesmente descartava essa possibilidade, apesar de ela ser gritante.
Porra, Caesar era lindo em todos os âmbitos da palavra. Não demoraria muito para que ele se encantasse por alguém tão brevemente e essa pessoa também o aceitasse e correspondesse seus sentimentos. Joseph foi burro por omitir sua situação com Tomoko Higashikata.
Se ele fosse mais esperto...
Enquanto Joseph ainda estava perdido em seus pensamentos sob o chuveiro morno, Caesar já retornava da caminhada, cabisbaixo e com as mãos no moletom velho. Não havia pensado tanto quanto gostaria – na verdade, nem chegou a pensar em algo concreto. Apenas ficou admirando como os bordôs japoneses ficaram chamativos e já sentindo o leve calor diferenciado do início da primavera. Ao se aproximar da porta do dormitório, ele teve uma surpresa.
Havia uma mulher ali, parada no lugar e olhando para a entrada do dormitório, que ele não conseguiu reconhecer de imediato. Tinha cabelos curtos pretos, puxados para trás por uma tiara listrada. Usava roupas levemente formais cinzas e pretas, com um blazer vermelho belíssimo e aparentemente caro. Mas o que realmente chamava sua atenção era a barriga da mulher – certamente gestante, talvez com quase oito meses.
Ao perceber Caesar, seu cenho se franziu, mas logo sua expressão suavizou.
– Você é Caesar Zeppeli? – Ela indagou, com a voz muito firme. Caesar assentiu, levemente hesitante. – Acredito que já ouviu falar de mim. – Foi a vez de Caesar franzir o cenho.
– Deveria?
– Pelo visto, aquele boçal não ainda esclareceu as coisas para você. – Ela cruzou os braços sobre o barrigão. Foi aí que Caesar percebeu, totalmente embasbacado, quem ela poderia ser. – Eu sou Higashikata. Tomoko Higashikata.
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