Dizem que a pior coisa do mundo é você estar com alguém desconhecido em um lugar suspeito, mas certamente o pior, para outras, é você estar sozinho num carro caro com alguém aparentemente muito rico lhe julgando com os olhos o tempo inteiro.
Caesar discordava totalmente – para ele, pior mesmo era estar tão mau vestido perante uma presença tão elegante feito aquela. Se aquela Tomoko fosse a mesma Tomoko que lhe assombrava com certa periodicidade, ele tinha que concordar que ela tinha um ótimo gosto de vestimentas.
Zeppeli tinha certeza plena de que, se dissesse à mulher a sua frente que trabalhava como modelo, ela riria alto – e ainda daria razão a ela. Tão maltrapilho estava o italiano que ele queria apenas se enfiar num buraco e voltar apenas quando estivesse a caráter.
– Joseph me disse que você não costuma ser tão calado assim. – Ela comentou, sua voz soando ácida no meio daquele silêncio que embalava os dois. – Talvez ele tenha superestimado você? – Ela riu sem humor algum, quase com amargura. – Ou eu estou assustando você?
– Bom, não é todo dia que uma mulher do seu naipe aparece na porta do meu dormitório me mandando entrar num sedã preto luxuoso que praticamente custou um rim. – Caesar hirtou as sobrancelhas, o que fez Tomoko suavizar a expressão.
– Tem razão. – Ela passou a mão orgulhosamente sobre o veludo de seu blazer. – Uma mulher do meu naipe realmente não tem tempo para fazer uma coisa dessas com frequência.
A conversa morreu ali. Caesar também não quis perguntar para onde eles estavam indo, mas ponderou bastante durante o trajeto. Se ela conhecia Joseph, então sabia que eles estavam quase rompidos. E, se sabia do quase-rompimento, muito possivelmente Joseph apenas iria esclarecer, para ele, o que estava acontecendo. Não que Caesar já não tivesse entendido, afinal de contas, a barrigona da mulher ao seu lado era bastante autoexplicativa, mas ele acreditava merecer explicações e desculpas formais.
Pensar naquilo fez seu estômago revirar.
– Estamos quase chegando. – Tomoko anunciou, enquanto tamborilava os dedos na tela de seu celular.
– Aonde? – Caesar eriçou as mangas de seu moletom.
– No lugar onde Joseph irá pôr um fim nisso. – Tomoko bloqueou seu celular, olhando para Caesar com certa firmeza. – Quando ele terminar de falar, entregue-o isso. O resto é por sua conta e risco.
Ela lhe estendeu um envelope muito bonito, com papel preto rígido, e um diamante reluzente e translúcido impresso na parte de trás. Aquilo deveria ser algum logotipo de alguma marca, mas ele não conseguiu assimilar no momento. O sedã de Tomoko estacionou próximo ao cais da cidade, onde muitos barcos pesqueiros e até mesmo lanchas eram constantemente atracadas.
– É aqui. – Tomoko suspirou. Caesar rapidamente se retirou do carro, sentindo o cheiro da maresia esbofetear todo o seu rosto. Antes que ele andasse por aí, Tomoko abaixou o vidro, entregando mais um papel a Caesar, só que desta vez era um simples cartão de número de celular. – Me ligue se aceitar.
Aceitar? Aceitar o quê?
– O que eu-
A mulher simplesmente ignorou. Pediu para que o motorista voltasse a dirigir, deixando Caesar sozinho naquele cais. Claro que o italiano ficou com um vinco enorme na testa, em virtude de toda a confusão que ele não entendeu; no entanto, simplesmente resolveu aguardar.
E, enquanto caminhava lentamente até o cais, ele viu uma figura bastante familiar. Sentado de costas na beirada do cais, balançando as pernas com rudeza como uma criança pirracenta, estava o famigerado filho do meio da família Joestar, Joseph.
Metido em seus suspensórios brancos, com uma calça social escura com riscos de giz e uma blusa social vermelha. Caesar percebeu que Joseph havia deixado um pequeno cavanhaque tomar forma em seu queixo, deixando as suíças um pouco acrescidas.
Aquilo era o mesmo que o inferno. Até mesmo ele estava formidavelmente apresentável. Caesar pigarreou mais alto que o habitual, apenas para fazer Joseph notá-lo. O rapaz reagiu tal qual se ele fosse algum tipo de visita imprevista, de tão afoito que se levantou.
– Caesar... – O nome dele soava como uma palavra proibida, a qual era, para Joseph, altamente prazerosa de ser pronunciada. – Você realmente veio, isso é ótimo. Eu fiz alguns preparativos para nós dois, então, se ainda não tomou café da manhã, eu trouxe-
– Joseph! – Caesar o interrompeu, fazendo-o erguer os olhos. – Eu apenas vim... Porque eu acredito que mereço algumas explicações. – Ele deu um longo suspiro, relaxando os ombros logo após. Somente estar ali já se mostrou absurdamente exaustivo e inquietante.
Joseph o deixava impaciente.
– Eu explicarei tudo o que você quiser ouvir, sem mentiras, sem conversas paralelas, sem ficar de olho no celular, só eu e você. – Dito isso, Joseph Joestar simplesmente sacou seu celular, removeu a bateria e atirou ambos na água. – Mas só se você vier comigo. – Caesar o encarou como se ele fosse um louco desvairado. Riu alto e com bastante gosto, depois cobrindo a boca com os dedos.
De fato, Joseph era louco. Mas por ele.
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