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História The Prophecy - A Sala em Chamas


Escrita por: Bane

Capítulo 27 - A Sala em Chamas


 

 Lucy não esperava ser tão abafado. Aquela masmorra submersa realmente não fora projetada para deixar o ar entrar. Ou a luz, ou qualquer outra coisa que não fosse imundice e escuridão.

 - Você sabe que sua prima Leah despertou o espírito - Alexander dizia, continuando pelo caminho aparentemente infinito pelo qual cambaleavam. - Naquela biblioteca pavorosa.

 - Você está chamando a biblioteca de pavorosa? Por que não dá uma olhadinha ao seu redor?

 Um tapa foi a resposta que recebera.

 Esse cara não estava para brincadeiras, Lucy pensava ao cuspir e afastar o sangue dos lábios com as costas das mão. Não podia se deixar enganar por sua voz baixa e passos tranquilos.

 - O que Happy e Natsu tem a ver com isso? - ela arriscou perguntar. O corredor passava a impressão de estar se estreitando mais e mais, e a escuridão tomava conta de sugar  todo o resto da luminosidade.

 Alexander soltou o ar sonoramente é lhe lançou um olhar peculiar como se estivesse se divertindo. Lucy sentiu vontade de se encolher.

 - É aí que você entra, loirinha.

 E empurrou o que Lucy achara ser a parede de um beco sem saída. A luz avermelhada repentina os banhou  como em um pesadelo.

 A passagem se abria para uma câmara em chamas.

 Lucy deu um passo tropego para a frente. Não, não em chamas. Mas fora projetada para passar a impressão e a sensação de que estava.

 Grandes archotes se erguiam pelas paredes com chamas altas que se perdiam na atmosfera acima. 

 Era um lugar deixado com suas paredes de granito praticamente intocadas. Velas de todos os tamanhos se erguiam das extremidades rochosas, encontrando o invisível da escuridão em formato de cone. Estavam em um pico.

 A porta rugiu estrondosamente ao ser arrastada de volta para seu lugar original. Se Lucy não tivesse acabado de passar pela abertura, poderia dizer que ela nunca existiu. As fendas se mesclavam perfeitamente na rocha virgem.

 Então a maga ergueu a cabeça e o que viu a fez estancar.

 - Olhe para isso! - Alexander exclamava.

 Pequenas trilhas de fogo rasgavam o chão, traçando seu caminho pelos contornos da sala e se ramificavam para o centro. E Natsu.

 Natsu em todas as paredes. E Lucy não se referia às chamas.

 Pinturas rosadas adornavam as paredes, mostrando o garoto retratado como uma espécie de demônio se erguendo em fúria de uma explosão de chamas.

 A imagem se repetia em todos os cantos da câmara macabra. Vezes em esculturas e desenhos lapidados na pedra. Outras na representação do Dragão de Fogo.

 Era tudo tão vermelho, tão violento. Lucy não conseguia assimilar aquela cena com o garoto que a tivera nos braços tão pouco tempo atrás.

 Mas nas representações Natsu despedaçava pessoas e queimava cidades inteiras com suas chamas vindas diretamente do inferno. Ela quis vomitar.

 - O que...

 Alexander se adiantou, dirigindo-se para o centro da sala. Havia um altar rodeado se candelabros bruxuleantes.

 - Ele ainda vai despertar - declarou para as paredes. Sua silhueta vacilante agigantou-se pelas rochas que subiam e subiam. - É isso o que ele é.

 - Não - Lucy só podia murmurar em horror. - Não é.

 - Bem, - o homem deu de ombros sentando-se no altar. A pedra estava manchada de sangue, agora ela percebia. - não é o que a profecia diz.

 Lucy queria gritar, correr e correr. Para longe, para fora dali, para Natsu.

 - E o que essa porcaria diz? - ela cuspiu trêmula.

 - Por que não dá uma olhadinha ao seu redor? - ele repetiu sua frase sarcasticamente com um sorriso perigoso cortando seus lábios. - Sabe, preciso desses sacrifícios pra acumular poder.

 - Que sacrifícios?

 Ele ignorou sua pergunta.

 - Estava tudo bem, sabe? - Alexander continuou. - Ele havia nascido das chamas e tinha sido entrege para o Dragão.

 - Igneel - Lucy sussurrou.

 - Estava pronto para ser criado como um verdadeiro Deus do Cáos, com o arder daquelas chamas correndo por suas veias. - Alexander puxou uma adaga oculta de algum lugar sob o altar e a girou nos dedos. - Ninguém sabe de fato o que aconteceu. Igneel fraquejou? Desistiu? Só sabemos que desapareceu da face da terra. E é aí que sua prima entra.

 Lucy soltou o ar pesadamente, exasperada. O suor fazia os fios loiros de seus cabelos grudarem na nuca e em sua têmpora. A sensação térmica mudara tão drasticamente que seu corpo não parecia funcionar bem.

 Alexander não demonstrava se importar. Nenhuma gota de suor, e antes, nenhum craquelar do frio. Só aqueles olhos amarelados a encarando com uma fome predatória.

 - E como diabos Leah poderia ter entrado no meio disso tudo?

 Mas a resposta a atingiu antes mesmo de terminar a frase. Mordeu o lábio com força e sentindo o gosto metálico do sangue preencher sua boca, seus sentidos.

 - O ritual - Alexander se pôs de pé rapidamente. - Ela libertou a entidade maligna que veio para ajustar as coisas.

 Por isso as sombras de Leah não a atingiam quando estava na presença de Natsu. Leah o protegia, mas de que?

 - De você.

 - De mim?

 Alexander se aproximou e fez menção de agarrar seu braço novamente. Apesar do movimento abrupto e inesperado Lucy conseguiu desviar dando um paço longo para o lado, pulando o caminho de chamas. Com a força de seus braços empurrou um dos bustos de Natsu - lapidados com uma terrível cólera contorcendo as feições do amigo.

 A estátua se despedaçou em poeira branca e pedaços cortante. Alexander xingou, mas conseguiu a alcançar ainda assim. Com uma velocidade e força assustadoras a arrastou sobre os escombros. Os pés de Lucy ardiam com os mais novos cortes e o chão que descobriu ser fumegante quando seus sapatos rasgaram, queimavam sua pele. Ela gruniu.

 Aonde ele poderia a estar levando agora? O que de mais horripilante havia ali? Ela não queria saber. Não queria mesmo. Se debatia como se estivesse prestes a ser abatida como gado, mas seus protestos só lhe traziam novos machucados.

 Em meio aos tropeços Lucy viu uma passagem que se abria no chão exatamente atrás do altar que ela antes achara estar muito mais limpo do que realmente estava. O negro do sangue seco de inúmeras pessoas pessoas o cobria.

 O buraco no chão mais parecia uma boca dentada pronta para engoli-la. As escadas se mostravam com uma proeminência inclinada, pontiaguda  e perigosa. 

 E Alexander a jogou de lá mesmo assim.

 Sem nenhuma cerimônia Lucy rolou dolorosamente até atingir o chão com uma pancada violenta.

 Agora voltara a ser frio.

 Levantou o mais rápido que pôde, estava cansada de ser jogada de um lado para o outro. Precisava das suas chaves.

 Mas recebeu o silêncio.

 Alexander não havia descido, a observava lá de cima. Bem, azar o dele, porque ela iria cavar um túnel com as próprias mãos se fosse necessário para sair dali.

 Começou a andar no escuro, mas logo parou. A determinação se esvaindo com o suor que deixava sua pele. Realmente não estava mais quente.

 Lá de cima, bem , bem do alto descia um feixe de luz azulado. Deveria ser o efeito de reflexão da luz em toda aquela neve. A arquitetura daquele lugar a deixava confusa, não fazia muito sentido as discrepâncias tão extremas de um cômodo para o outro. Mas claro, eram montanhas, não casas. E eles simplesmente usaram magia para cavar buracos.

 Para baixo.

 E para cima.

 A luz descia até o corpo de Leah, sua prima.

 Não a versão distorcida, mas a verdadeira.

 Estava deitada em uma espécie de cama feita de pedras.

 

 Lucy não conseguiu se aproximar do cadáver.

 

 

 O caminho de volta foi confuso. Cheio de lágrimas e pavor. Lucy se deixara ser arrastada. Os pés queimados e sangrando, os hematomas, nada daquilo importava perante a visão da prima morta. Imagens de sua infância rodavam em sua cabeça rápidas e dolorosamente. Ecos de risadas e felicidade que não seriam repetidos. 

 Mais uma vez foi jogada para dentro de sua cela escura e úmida. Happy deveria estar em algum lugar ali por perto, mas ela não conseguia pensar, se localizar. Havia desistido de lutar naqueles breves instantes. Decidiu se encolher e tremer de frio, não tinha mais nada em sua mente, nenhum plano, nenhuma fúria. Se encontrava vazia, mas ainda assim, preenchida de dor.

 Antes de fechar a cela Alexander jogou uma espécie de pano sobre seu corpo encolhido.

 - Tome - ele disse. - estava agarrada a esse pedaço de trapo quando chegou.

 Seus olhos se abriram, ela sentou e agarrou o que lhe fora jogado. Finalmente percebeu Happy em sua cela, choramingando baixinho. 

 O estrondo das grades se fechando foi brutal, mas não tão brutal quanto o som do próprio coração se despedaçando. Ela abaixou a cabeça e inspirou, trêmula, os vestígios do aroma que já deixava as escamas.

Lucy não se importou quando suas lágrimas molharam o cachecol do Dragon Slayer e o choro alto irrompeu por sua garganta. 

 


Notas Finais


ai meu coração


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