Chamelyon

Tikki tinha contas a acertar com o universo, em especial por causa do excesso de açúcar em seu sangue mas falta dele em outras partes de sua vida. O universo não se intimidou ou se apressou — levou um inteiro dia cósmico útil — antes de, por fim, enviar uma compensação em forma de garoto.

Se fosse honesto, Adrien Agreste admitiria para qualquer um que estava afundando; as cicatrizes em seu âmago sangravam, mais profundas do que nunca. Mas ele não podia se dar ao luxo da honestidade, não quando ele ainda era Chat Noir — essa máscara era uma parte de si que Nino odiava, essa máscara era o que o havia feito partir um coração além do próprio, e, ainda assim, essa máscara não parecia significar nada para Ladybug, em quem tanto confiava.

Segredos da vida dupla, problemas com o pai, dúvidas sobre si mesmo, expectativas inalcançáveis… Ele não podia dividir esses fardos com ninguém. Adrien estava fadado a viver uma mentira.

Pelo menos era o que achava antes que o destino tecesse seus fios.

Música sempre foi tudo para Adrien Agreste e, com a chegada de uma certa intercambista, agora ele tem um novo som favorito: a voz doce de Marinette Dupain-Cheng. De maneira tão suave quanto uma melodia, seus destinos foram entrelaçados assim que seus olhos se encontraram: os dele, verdes, e os dela, da cor do mar.

Sentimentos preciosos nasceram desse encontro ao acaso, cresceram aos poucos, mudaram e transbordaram para preencher uma partitura antes vazia. No compasso das estações, criou-se uma bela composição, talvez a mais verdadeira entre todas: dois corações batendo em sincronia.