winween

Sicheng encarava o fruto, transbordando curiosidade em desvendar o sabor venenoso; já Jaehyun olhava Sicheng, cheio de intenções, sabendo muito bem que gosto aquele homem tinha. Onde a morte é uma mera passagem e a dualidade do bem e do mal são instantes necessários da vida, a baga de zimbro desfalcada logo percebe: Sicheng é bom, Jaehyun nem tanto. O que tem em comum? A cabeça fora do lugar e, é claro, o amor um pelo outro.

Jeno estava passando pelo término de um relacionamento estável. A traição não foi física, mas teria doído menos se tivesse sido. O fato era que Jisung tinha outros planos para o próprio coração e queria transbordar de um sentimento que ele não podia oferecer. Preso em um limbo que deturpava seus propósitos na vida, Jeno seguiu a tipicidade do interior, tendo que lidar com os impactos de uma solidão desconfortável.
Dias e noites recheadas de monotonia nutrida pelos braços vazios, ele não contava com uma curva na rotina, aquela atualização de amizade no facebook: Na Jaemin. Um rosto bonito que cativou borboletas e sorrisos doces no ensino médio. Aquele seu amigo enigmático até certa instância, que tinha a voz impregnada em todos os trajetos da sua memória, que no sossego de cada canto ritmado, navegava para ir além do que era para ser.

E me lembro que eu te disse um dia, que me ia me apaixonar por você, porque chorar ao te ver sorrir parecia natural. Seu andar era maré batendo nas pedras, suas palavras um azul marinado e seu olhar mais petrificante do que um rochedo de corais.

Uma aparição que só se via pelo espelho. Ele estava lá, o homem de terno, cabelo rosa e rosto sério. Tinha uma borboleta cor-de-rosa na pontinha do seu bolso da frente. Sentado naquele sofá caro, encarando. Me encarando. Parado. O confidente das minhas noites solitárias; a pessoa com quem eu tentava dar as mãos à meia-noite. Motivo dos meus sonhos e dos meus pesadelos, o homem do espelho. Conheci a felicidade quando ele sorriu e a tristeza quando foi embora, o alívio veio junto com a melancolia. “Charmolipi”, ele disse. “É quando estamos tristes e felizes ao mesmo tempo”.

Biscoitos, bolos, chantilly e erva doce. Uma realidade onde a sina do sonho é incontestável. Às duas da tarde, a hora do chá acontece. Sentam-se a mesa a inocente lebre e a tendenciosa víbora. Há conforto naquela áurea invisível; ingenuidade nos sorrisos de Shotaro, e vontade nos olhares descabidos de Sungchan. As rosas gritam horrorizadas a cada frase dita pela boca esculpida da cobra suntuosa. A Grande Daphne, ao fundo, ri amena com a visão adorável daqueles dois, afinal se escorria bondade de um para o outro, então não existiam grandes males naquela relação sem pé nem cabeça.

Lee Minhyung é a incógnita dos meus pensamentos há um certo tempo. Existe uma implicância recém-nascida no nosso jardim de bons agouros. Minha voz, risadas, até mesmo o jeito de encarar, o irritam profundamente. Absolutamente nada está bom. O que ele provavelmente não sabe, é que desde que minha jornada cheia de obstáculos me renda beijos travessos no final, eu não mudo nem morto.

Todas as quartas-feiras, uma flor e uma carta. A curiosidade de Taeyong só crescia. Receber cartinhas bonitas quando se é universitário é, no mínimo, curioso. Cercado de pessoas que não são nem um pouco discretas, fica difícil para qualquer um sustentar por muito tempo essa brincadeira de admirador secreto. Taeyong é especialista em chegar ao fundo do problema e Jaehyun é uma joia dificílima de desviar o olhar. Dilemas, poemas, declarações e amor à moda antiga, foi o que bastou.