Poxa, que história bacana! Estou honestamente surpresa, pois gostei muito dela. Achei sua escrita muito legal!
Essa é daquelas leituras de quando você não sabe se é tarde ou se já é noite, do tipo de crônica curta que você encontra em livros de língua portuguesa (ao fundo da página, teriam várias imagens de xícaras e outras coisas de cafeteria, pintadas de modo que é possível discernir os traços. eu gosto de ler as crônicas no meu livro de português. abaixo teriam várias questões de interpretação de texto, as quais eu não saberia responder, provavelmente, de um a quatro ou quem sabe cinco), ou do tipo que se encontra em livrinhos de bolso, pequenos, capinha branca e título azul em letras garrafais, edição de 1972, cheiro de papel antigo, uma coletânea dos melhores contos e crônicas do autor, que você lê e sai transbordado, e sente vontade de escrever, falar bonito, viver de poesia. Ou é o que eu sinto quando leio essa história — é a segunda vez, pois estou relendo para comentar, pois gostei muito dela. Mas eu ainda estou na biblioteca, num fim de tarde, lendo uma edição antiga de coletânea de histórias, e pensando como responder as questões imaginárias de interpretação. E invade as palavras um calor de café.
É bom de ler, de imaginar também e parece que tem gostinho de café (no meu caso, com um pouquinho de açúcar mesmo, acho sem ele amargo demais). Não sei se foi intencional ou se meu cérebro e meus sentidos entenderam assim porque o título tem a palavra café (e a história é numa cafeteria), mas pra mim café e essa história são iguais agora, são sinônimas, são irmãs.
E na sua voz de cliente ela disse: boa noite me vê um ‘com açúcar sem afeto’. É a sensação do calor do café depois que a gente bebe, essa história me lembra ela. 😼
A leitura é tão boa e surpreendente!! A escrita é tão charmosa! Bonita a forma que você escreve, fazendo arte, e tudo acontece de maneira tão deliciosa. E eu amo a narrativa, o ponto estranho de um dia normal, alguém que se apresenta de forma diferente do que fora há anos. Ele e ela (como são chamados). Ele e ela, ela e ele, muito açúcar pelo meio e quase nenhum adoçante, que coisa daora. Uma mulher de exatas e o estudante mais normal e saudável de humanas. Poderia ter dado certo, mas não deu. Não se pode pensar em reatar com quem coloca açúcar no café de uma diabética!! E essa coisa de professor-palestra é muito real!!! O negócio é que são exclusivos, só funcionam dentro de casa, numa escola ou faculdade não se encaixam, não cabem, as paredes de casa tem mais ouvidos e as pessoas, também.
O último parágrafo talvez seja meu favorito — de repente toda a paixão que ressurgia se esvai, porque ela era diabética, e ele não era doce demais, só quase colocou açúcar na xícara dela. Estiveram juntos por dois anos — ela ainda se lembra do sorriso torto dele e das conversas sobre filosofia que ela não entendia, mas ele não lembra que ela não come açúcar, mas no fim das contas, conversas de filosofia me parecem mais memoráveis do que o que realmente deveria ser lembrado (o açúcar e a diabete). E ela se irrita profundamente, e isso sendo narrado por uma sequência de orações, de vírgulas, de ações, até que ela entre no banho. O café era bonito e agora é aguado e ele é um idiota, mesmo que há pouco tempo ela o quisesse de volta. Gosto da sensação passada no modo como você escreveu isso — o que exatamente? Isso não saberei dizer, mas o fato é esse. Muito bom!! 💗
Que história boa, viu. Não esperar encontrá-la a torna muito melhor, mas agora sei que ela está aqui para ser relida no fim de tarde, num pôr do sol que ninguém sabe muito bem a cor, quando eu me recordar dela com saudade e quiser lê-la ou só quiser mesmo sentir o calor do café. Dá pra sentir o seu amor pela escrita (e pela arte) quando se lê — se me permite dizer, o amor que nós colocamos em tudo o que fazemos é mais doce que açúcar e é o tempero ideal. Ler textos feitos com amor é bom enquanto leitora, mas quando também se escreve, se aprecia ainda mais!